Por Sonia Crisóstomo
Já aconteceu com você de procurar por “pizza” na sua ferramenta de busca e a partir daí você começa a receber dezenas de sugestões de restaurantes, pizzarias, delivery de comida? Ou até mesmo quando você fala que gostaria de “viajar” para algum lugar ou tirar férias e imediatamente começa a receber e-mails de propaganda de agências e viagens?
E o que talvez passe despercebido até pela questão de que existe um desejo intrínseco é que se por acaso você clica em um ou mais anúncios, suas redes sociais passam a te mostrar somente assuntos de seu interesse como se somente existisse esses assuntos, temas para se ver.
Bem. Você pesquisou pizza, clicou em anúncio de pizza, você até comprou uma pizza. Logo, o algoritmo da rede social entende seu desejo e passa a te mostrar mais do mesmo.
Experiência pessoal: sou avó recente e, claro, busquei algo sobre bebês, sobre maternidade, sobre saúde do nenê, sobre cólicas. E adivinhem o que minha rede social me mostra com pelo menos 50% de vezes vejo alguns vídeos? Bebê, bebê, bebê.
Até agora eu não te disse nada de novo.
Mas o que talvez você desconheça é que um algoritmo ainda mais poderoso do que os das redes sociais, portanto, mais perfeito em sua codificação, visto que foi codificado pelo Supremo Criador, existe instalado dentro de você. Ele perceba, aprende com cada comando, desejo ou busca que você faça no browser de sua mente.
Este algoritmo pela perfeição que tem, busca dentro de você em suas próprias experiências passadas, em sua biblioteca do sistema mental, informações que sejam correlatas à sua busca.
E entendendo do que você gosta ou busca, passa a te apresentar cada vez mais e mais e mais, experiências que atendam às suas opções.
Dessa forma, se você gosta de emoções fortes de teor negativo, que disparem seu cortisol, que façam seu coração acelerar, que disparem em você o sentimento de medo e desesperança. Então, neste contexto, o seu algoritmo vai buscar de forma mais assertiva (porque você é uma learning machine) às emoções que regulem esse (des)equilíbrio hormonal que você oferece ao seu organismo de forma diária, até que você passe a ser viciado nesse estado de (des)regulação.
Para além da busca por informações que levam você a experienciar o mesmo estado de alto cortisol durante todo o dia, você também passa a buscar inconscientemente, grupos ou pessoas que coadunam com sua programação e valores. Dessa forma, sem perceber, você passa a se relacionar com pessoas que adoram uma fofoca, adoram contar sobre a guerra, adoram falar (mesmo com aparente tristeza) dos crimes ocorridos em uma cidade maravilhosa, sobre política ou mesmo pessoas que dizem que “com esse dólar alto, nunca mais conseguirei tirar as férias que tanto sonhei.”
Nosso código é tão perfeito que um dos componentes da programação, um pequeno código de autoaprendizagem, se chama “neurônio espelho”.
Mas o que é o Neurônio Espelho?
São células cerebrais que se ativam tanto quando uma pessoa realiza uma ação quanto quando ela observa outra pessoa realizando a mesma ação. Descobertos na década de 1990, esses neurônios estão localizados no córtex pré-motor e no lobo parietal do cérebro. Eles desempenham um papel fundamental no aprendizado por observação, permitindo que o cérebro simule internamente as ações alheias.
São neurônios que facilitam a compreensão de intenções e emoções, sendo essenciais para a empatia e a comunicação social.
Por exemplo, ao observar alguém chorando ou sorrindo, os neurônios espelho podem disparar, ajudando você a entender o gesto e até a replicá-lo. Esse processo de “imitação” é uma base neurológica para aprender comportamentos, habilidades motoras e até normas sociais sem necessidade de experiência direta.
Depois dessa descomplicada explicação do seu algoritmo, eu convido a você para intencionalmente mudar sua busca, seu processo de autoaprendizagem, seu grupo de convívio.
Mude para algo que possa ao invés de despertar medo, sensação de desespero, fuga e ódio disfarçado de convicção para um grupo que desperte em você as endorfinas, a ocitocina, a dopamina e até mesmo a adrenalina, buscando experiências novas e positivas.
Ensine a você mesmo sobre amor, generosidade, compreensão, empatia e esperança.
Uma vez me perguntaram: “como faço para parar de ter tantos pensamentos negativos?”
A resposta é simples: não paramos de pensar.
Somos organismos vivos, hiperestimulados, hiperativos. Então a resposta é substituição.
Quando você perceber que seu pensamento começa a circular negativamente repetindo padrões porque é isso que ele sabe até agora, substitua intencionalmente os pensamentos. Planeje férias, um churrasco em família, se tiver filhos, visualize seus filhos na praia com você, uma brincadeira no parque, um passeio de bike numa trilha ensolarada. Sinta o cheiro da relva molhada e da chuva que caiu na terra seca.
Reescreva seu algoritmo.
Tome pra você a responsabilidade de pensar seus próprios pensamentos e escolha estar entre aqueles que te trazem felicidades e completude.
Não permita e nem se coloque em lugares onde seus neurônios espelho passem a refletir uma imagem negativa sobre o mundo ou sobre você.
Porque sim, há esperança. Comece hoje.
Boa programação. Reescreva seu código para que você tenha orgulho de ser a imagem do Criador.
Com amor.
Sonia Crisóstomo é casada, mãe de duas filhas, empreendedora e escritora. Formada e pós-graduada em Ciências da Computação, MBA em Executive Marketing. Sócia do Wholebeing Institute e ETI Europe. Mais de 30 anos em empresas de Telecomunicações e de Tecnologia da Informação. Formada em Psicologia Positiva, Inteligência Emocional, Programação Neurolinguística, Hipnoterapeuta com especialização em Hipnose Clínica. Diplomata Civil Humanitária, G100 Global Advisor Council Member, Embaixadora Master do Clube Mulheres de Negócios de Portugal e Membro do Conselho Administrativo do Instituto Raiz Nova. Colunista da Revista Mulher Africana. Prêmio Gênios da Atualidade de 2023 na categoria Escritora do Ano em Portugal. Grand´Ambassadeur da Divine Académie des Arts Lettres et Culture da França. É Colunista EA “Felicidade”.
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