Por Claudio Moreira

 

_ “Olá, senhor Claudio, sou Flávia (nome fictício) trabalho no departamento de Compras, recebi
um pedido para um projeto a ser realizado na área de RH da nossa empresa. Gostaria de saber
se podemos reduzir o valor em 1/3, mudar o tipo do papel usado nos certificados para
reduzirmos os custos e incluir as despesas de Uber no fee proposto. Informo também que nossa
política de pagamento é 120 dias após a medição do contrato (que leva 30 dias)”.

E é assim, (com algum exagero caricato na fala acima) que damos continuidade a projetos que
inicialmente encantam clientes e, que literalmente viram abóbora, após serem avaliados de
forma fria e imparcial por profissionais que são orientados a pôr no mesmo patamar um copo
de plástico descartável e um projeto de mudança de cultura organizacional.

Meu intuito com esse artigo não é choramingar projetos avaliados com indiferença nem bradar
uma revolução nas relações (fornecedores do mundo, uni-vos!) mas sim, refletir sobre um
processo que começa necessariamente com uma forte conexão e, que por vezes, termina na
mais profunda desconexão, prejudicando o envolvimento, a motivação, o tesão de fazer a coisa
acontecer.

Um projeto que vise capacitar, mudar, transformar uma área normalmente apresenta uma
considerável complexidade envolvendo análises sólida, mergulhos profundos na Cultura e na
realidade da empresa cliente. Esse processo envolve a compreensão dos valores, crenças,
normas e comportamentos que permeiam a organização. Um diagnóstico eficaz permite
identificar as lacunas existentes entre a Cultura desejada e a Cultura real da empresa,
fornecendo insights valiosos sobre as áreas que precisam de desenvolvimento.

É uma anamnese valiosa, tal qual um médico faria durante uma consulta.

Ao compreender a Cultura Organizacional, eu posso alinhar estrategicamente os programas de
treinamento às necessidades específicas de meus clientes, já que uma Cultura forte e alinhada
contribui para uma maior eficácia na implementação de novas habilidades e comportamentos,
promovendo a aceitação e a adoção das mudanças propostas.

Além disso, ao considerar a Cultura durante o planejamento do treinamento, posso criar
programas mais personalizados e relevantes, aumentando a probabilidade de sucesso e impacto
positivo nos resultados do negócio.

É um tango, com idas e vindas, um balé complexo e encantador, recheado com visitas de campo, reuniões, observações, vivência prática no cotidiano da empresa. Me sinto sempre parte
integrante do time e isso me dá estofo para quando estiver frente às turmas, poder usar seus
termos, entender as piadas internas, conectar-me profundamente com cada pessoa que está
ali, esperando receber conhecimento relevante para a prometida mudança.

Toda essa conexão, por questões de processos e procedimentos é depositada nas mãos de
profissionais que não participaram desta construção, não compreendem sua beleza, não se
envolvem em seus meandros e reduzem às cifras todo esforço depositado nas propostas
construídas com afinco.

Cifras e conexão…

Mundo VUCA, Mundo BANI, Mundo XPTO. Acrônimos que surgem para nos dizer que em um
mundo cada vez mais complexo e ambíguo, a profunda conexão entre profissionais e empresas
tornou-se fundamental para o sucesso mútuo. As empresas dependem da experiência,
habilidades e comprometimento de seus colaboradores para navegar por desafios constantes
e evoluir em um cenário de mudanças rápidas. Da mesma forma, os profissionais buscam
empresas que valorizem não apenas suas competências técnicas, mas também sua identidade,
propósito e crescimento pessoal e profissional.

Parceria profícua?

A conexão entre profissionais e empresas vai além de uma simples relação contratual; trata-se
de construir uma parceria sustentável e colaborativa. Empresas que cultivam ambientes de
trabalho inclusivos, promovem a transparência e investem no desenvolvimento individual de
seus colaboradores colhem benefícios tangíveis, como maior engajamento, retenção de talentos
e inovação.

Colaboradore(a)s não são números de matrículas, são pessoas unidas por um senso comum.
Fornecedore(a)s não são cifras, são profissionais que se envolveram na cultura da empresa
Do que fornecedores precisam? Deixo por sua conta o final do artigo…

 

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Claudio Moreira é consultor de Educação Corporativa e trainer de equipes de alta performance, tem mais de 50.000 profissionais capacitados em sua trajetória profissional. É especialista em treinamentos de times de Serviços, Food Service e Varejo. É professor de cursos In Company na Conquer, é professor em cursos MBA no IPOG e na Escola Conquer. É mestre em Tecnologia Educacional, tem MBA Service Management (IBMEC) e MBA em Marketing (Fundação Getúlio Vargas). Colunista EA “Trilhos de Aprendizagem”.

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