Por Toni Carlos Dias

 

A curiosidade sempre foi a força motriz por trás das grandes invenções da humanidade.

Minha coluna ‘Fronteiras da Curiosidade’, que estreio na EA Magazine, visa explorar como a curiosidade nos leva a outros patamares, nos empurra para além dos limites do que conhecemos e, em última análise, nos faz evoluir enquanto sociedade.

Foi a curiosidade que criou a roda, a lâmpada, a máquina de escrever, o motor de combustão, a energia nuclear, a inteligência artificial, o lápis e inúmeras outras invenções que transformaram nossa forma de interagir com o mundo.

A curiosidade é nossa chama interior, a capacidade de enxergar além do presente e imaginar o que ainda não existe ou significar o que já existe. No entanto, no universo corporativo, muitas vezes encontramos forças que silenciam a curiosidade.

Espaços que deveriam ser criativos e colaborativos acabam sendo sufocados por normas rígidas e pela resistência ao novo.

Nossa sociedade frequentemente não privilegia o curioso, que, por vezes, é ignorado. Isso acontece porque o novo, aquilo que desafia a zona de conforto, sempre traz um sentimento de risco.

Como já disse Belchior: “Você não sente, não vê, mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo, que uma nova mudança em breve vai acontecer. O que há algum tempo era novo, jovem, hoje é antigo, e precisamos todos rejuvenescer”.

Portanto, o que é novo geralmente é mal visto até que seja validado e aceito.

Muitos dos que ousam pensar diferente enfrentam barreiras, são vistos como disruptivos demais, sem foco ou até mesmo como uma ameaça à ordem. Mas é exatamente essa curiosidade que precisamos cultivar. Devemos exercitá-la, como um músculo que, ao ser estimulado, cresce e se fortalece.

Imagine um colaborador extremamente curioso em uma startup, sempre fazendo perguntas, buscando entender mais profundamente os processos, conectando pontos que ninguém mais percebe. Mas, em vez de ser valorizado, suas ideias são frequentemente rejeitadas.

As forças internas o tratam como alguém inferior, como se sua curiosidade fosse uma fraqueza.

Entretanto, um dia, ele percebe um gargalo significativo no processo de atendimento ao cliente e propõe uma solução utilizando automação e inteligência artificial.

Sua ideia é inicialmente rejeitada, mas ele persiste, criando um protótipo por conta própria.

Ao apresentar os resultados, que mostram um aumento expressivo na eficiência e na satisfação dos clientes, a direção reconhece finalmente o valor da proposta.

A partir dessa implementação, a startup não só melhora sua operação, como também ganha destaque no mercado por sua inovação.

O curioso, antes ignorado, se torna o catalisador da transformação e inspira uma nova cultura interna de valorização da inovação.

Essa breve estória de um curioso na startup demonstra claramente o valor imensurável da curiosidade.  É fundamental lembrar que é por meio da curiosidade que conseguimos inovar, pensar em soluções novas e relevantes para os desafios que enfrentamos.

Precisamos criar espaços que não só aceitem o curioso, mas que o incentivem, permitindo que ele experimente, questione e explore sem medo de falhar.

Programas de Inovação Interna

Empresas podem, por exemplo, implementar programas de inovação interna, como hackathons e laboratórios de ideias, onde os colaboradores são encorajados a propor soluções para problemas reais e desafiadores.

Além disso, treinamentos focados em habilidades criativas e ambientes que promovam o brainstorming e a colaboração são essenciais para a curiosidade florescer.

Quando cultivamos a curiosidade, abrimos caminho para a inovação e o progresso. Ela não é apenas um diferencial competitivo; é uma força essencial para a evolução da humanidade e a construção de um futuro melhor.

Precisamos reimaginar o ambiente de trabalho e criar uma cultura onde a curiosidade seja celebrada e não silenciada. Somente assim conseguiremos desbloquear o verdadeiro potencial de nossa sociedade e alcançar novos horizontes.

 

toni carlos - Fronteiras da curiosidade

Toni Carlos Dias é um Ser Humano formado em Administração de Empresas, MBA em Gestão de Pessoas e Ciências Políticas, defende uma nova lógica corporativa baseada na colaboração. Cineasta independente, produziu seis curtas-metragens exibidos em festivais brasileiros. Atualmente, é professor de pós-graduação na FIA, onde ministra Qualidade de Vida no Trabalho Virtual, além de ser Bolsista no Programa de Agente Local de Inovação (Sebrae-RJ). Atuou em grandes empresas como Eletronuclear, Siemens e Ambev. É colunista EA “Fronteiras Curiosas”.

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