A memória da dama inglesa

ED#7 ENSAIO | Anita Roddick

BIO

Anita Roddick viveu somente 64 anos, mas marcou o mundo empresarial. Empresária britânica, fundou a The Body Shop em 1976. Pessoa fora do comum, é uma mulher lendária pelo seu jeito de empreender. Uniu de forma pioneira, princípios de sustentabilidade e ética empresarial com ativismo dos direitos humanos e ambiental.

“Apaixone-se pelas suas ideias.” Anita Roddick

Anita Roddick (1942-2007)

Nasceu em Littlehampton, Inglaterra. Como empresária, recebeu inúmeros prêmios de relevância.
Ex-professora e funcionária da ONU, em Genebra, na Suíça, Roddick ganhou respeito e admiração no mundo por saber combinar ética e negócios, à frente da Body Shop.

Body Shop, 1976

A pequena primeira loja foi aberta em Brighton, no ramo de cosmética. A convicção de Anita era que um negócio poderia ser uma força para fazer o bem. Queria fornecer cosmética em recipientes recarregáveis, já com visão de sustentabilidade. Produtos com ingredientes naturais, feitos de forma artesanal em embalagens recicláveis, respeitando a cadeia produtiva e mão de obra cooperada. Seis meses depois, abriu a segunda loja, e aí seu marido se juntou ao negócio. Um êxito empreendedor familiar. Foram centenas de lojas abertas sob seu comando.

“Empreender? Primeiro, você tem que se divertir. Em segundo lugar, você tem que colocar amor onde está seu trabalho. Terceiro, você tem que ir na direção oposta a todos os outros.”

Renda adicional

Abriu seu negócio pra reforçar a renda familiar dela e suas duas filhas, enquanto seu marido trabalhava, na América do Sul. Produtos Body Shop tinham um cheiro ótimo, o nome da marca levava a cuidados com o corpo. Algo bem disruptivo para a época: a visão de fornecimento em cadeia de cooperativas, consumo em loja de bairro e cuidados com a beleza de forma natural.

Socialmente justo

O modelo de negócio da The Body Shop gerou, quase 50 anos depois, o que é hoje valor de marca. Ética e propósito. A empresa foi uma das primeiras a proibir o uso de ingredientes testados em animais em seus produtos e uma das primeiras a promover o comércio justo com países em desenvolvimento, como o Brasil. O modelo influenciou a origem da Natura.

“O que mais gostaria de ser capaz de fazer é criar o modelo perfeito de comércio honesto com uma comunidade frágil.”

“Tornar esse modelo um marco no que diz respeito a como deveríamos conduzir as relações empresariais no futuro.”

Marca autêntica

A The Body Shop, em seus primeiros anos, se posicionou com um marketing social inexistente para a época. Entre as bandeiras levantadas por Anita, o ativismo ambiental, a autoestima feminina, a luta contra abusos dos direitos humanos e o trabalho infantil, a inclusão de minorias e políticas comerciais internacionais predatórias.

Ponta de lança do Greenpeace

É icônico o fato de ter sido a The Body Shop, a primeira empresa a patrocinar uma campanha do Greenpeace. Organização não-governamental, que nasceu em 1971, representada por um bando de jovens ativistas. Anita patrocinou em 1985, com o lucro do IPO da empresa, os primeiros cartazes marqueteiros do Greenpeace, em uma ação ativista em prol do meio ambiente, feita em um barquinho em alto mar.

Anita, pioneira na construção de negócio sustentável

Liderança feminina

Anita tinha admiração profunda e respeito pelo poder das mulheres. Dizia que vinha de uma mãe corajosa que a ensinou a enfrentar toda a sorte de medos e desafios. Essa visão de liderança feminina se tornou marca do seu legado empreendedor e do consumo com propósito.

“Valorizo muito a companhia das mulheres. Amo os seus sorrisos. Fico admirada à sua capacidade de unirem-se pelo mundo em voz.”

Escala global

Em 2004, a The Body Shop já era marca global. Com quase 2.000 lojas, atendendo a mais de 77 milhões de clientes. Foi eleita a segunda marca mais confiável do Reino Unido e a 28ª marca mais importante do mundo. Após a morte de Anita, em 17 de março de 2006, a L’Oréal comprou a empresa por £ 652 milhões.