Por Ana Paula Educadora

 

A busca pela inovação em diferentes segmentos traz a criatividade como uma habilidade necessária para compor o cenário atual e suas transformações. Falar sobre a criatividade é despertar o fazer inovador, o qual é urgente, mas por onde começar

A criatividade é inata ou uma habilidade a ser desenvolvida?

Esta pergunta divide opiniões entre os estudiosos, alguns acreditam que pode ser desenvolvida, enquanto outros consideram um talento nato.

No livro de Sir Ken Robinson, Ph.D. “Somos Todos Criativos”, o autor defende que todos podem ser criativos, e que esta habilidade está presente nas crianças, mas adormecida nos adultos, a ponto de desaparecer. Ele explora então, o seu valor no mundo dos negócios, como abordagem inovadora a recuperar seu potencial criativo.

O cenário criativo na primeira infância

Feche os olhos e lembre da sua infância e das brincadeiras que muitas das vezes, era criada, onde a imaginação corria solta. O fazer criativo na infância é notável, porque tudo pode para quem tem em sua experiência de vida, o exercício de dramatizar o mundo a sua volta.

A criatividade está presente nos desenhos e nos seus detalhes, quando a criança conta sobre a sua produção. Nesta fase tudo ganha cores, formas e expressões, e assim o papel da escola é significativo para desenvolver esta habilidade.

Por que a ruptura do fazer criativo acontece na escola?

Pode parecer estranho, mas ao mesmo tempo em que o espaço escolar promove a criatividade, em determinado momento nele, deixa de se fazer presente. O conteudismo ainda é significativo porque para cursar o ensino superior o aluno precisa passar pelo vestibular.

O tempo em que os alunos ficavam livres na educação infantil onde a ludicidade, o contar histórias e as atividades com tinta, despertavam os quatro sentidos e a criatividade, agora dão lugar à sala de aula presencial ou EAD.

Professores apresentam as aulas e seus conceitos e os alunos assistem, participam e respondem oralmente ou por escrito às questões, e nesta dinâmica, observa-se que o fazer criativo não acontece.

O vestibular exige que os estudantes dominem cálculos, apliquem o raciocínio e interpretem com maestria, afinal não tem questões sobre criatividade, e assim esta habilidade destacada na primeira infância se perde, e em algum momento na fase adulta, em uma dinâmica, por exemplo, somos solicitados a colocar em prática.

A criatividade e o futuro do trabalho

A criatividade faz da parte da cultura das empresas?

Segundo relatório da LinkedIn Learning a criatividade é a habilidade mais importante para o futuro do trabalho.

A capacidade de pensar fora caixa e encontrar soluções inovadoras é cada vez mais valorizada

(Google, 19 de agosto de 2024).

O que é pensar fora da caixa?

É abandonar padrões e criar novas ideias para resolução de novos ou velhos problemas, os quais podem ser de ordem pessoal ou profissional. E o que esse contexto tem haver com as organizações

As organizações podem ser de diferentes segmentos, mas os desafios estão presentes, e o líder tem um papel fundamental na cultura das empresas, por isso, que Sir Ken Robinson, destaca o papel estratégico do líder criativo e os princípios que orientam a sua atuação em três áreas: pessoal, de grupo e cultural.

O líder no papel pessoal

Sua missão é pensar em estratégias que alcancem os colaboradores quanto ao desenvolvimento das suas habilidades criativas, segundo os pressupostos:

  1. Todos têm um potencial criativo
  2. Quando imaginamos a inovação acontece
  3. Ser criativo é um aprendizado

O desempenho do líder frente ao grupo

O próximo passo é formar e treinar equipes criativas com a mão na massa:

  1. Estar atento à diversidade como campo fértil para a criatividade
  2. O trabalho colaborativo e sua relação com a criatividade
  3. Gestão de tempo e o fazer criativo

O líder e a criatividade na questão da cultura organizacional

O desafio é criar culturas criativas e flexíveis, em busca de inovação:

  1. A inovação é processo do erro e acerto, onde o recomeçar leva à investigação dos riscos calculados ou não
  2. O ambiente físico reflete a cultura organizacional e o fazer criativo faz parte deste aspecto

O papel do líder é importante para a cultura e o engajamento dos colaboradores.

Sob o olhar diferenciado da história e perfil de vida de cada liderança, elas podem promover essa habilidade, que pode ser treinada, afinal somos todos criativos, mas às vezes, nos distanciamos da nossa criança interior e das memórias afetivas.

Mas a criatividade espontânea cede na vida adulta a um lugar de mindset fixo, e sem perceber, nos tornamos apegados às formulas para solucionarmos problemas, as quais muitas vezes não se resolvem.

Como consequência líderes e colaboradores entram em ciclos de autosabotagem, o qual reflete na saúde física e mental.

Educação, futuro do trabalho e criatividade

Segundo Sir Ken Robinson, a educação apresenta três aspectos relevantes:

  1. Desenvolver os talentos e as sensibilidades individuais dos estudantes
  2. Aprofundar seu entendimento no mundo em que vivem
  3. Capacitar o aluno a ganhar a vida e ser economicamente produtivo

O autor acredita que para cultivar a criatividade nos alunos, um professor precisa saber incentivar, identificar e desenvolver esta habilidade.

Se soubermos valorizar o fazer criativo na escola, os jovens estarão seguros em exercitar a criatividade no mundo corporativo, e assim teremos profissionais qualificados em apresentar ideias inovadoras, as quais irão fazer a diferença na forma de prestar serviços.

Não dá para separar a criatividade da educação e do futuro do trabalho, porque as pessoas são potenciais em pensar fora caixa, mas o que precisa ser feito pra que isso aconteça?

Voltar a criar e ter líderes com brilho nos olhos, que não deixem esta habilidade adormecer.

Se você se considera criativo, vá em frente.

Se não sabe muito claramente se o é, busque caminhos para desenvolver esta poderosa soft skill.

Mas se percebe que a criatividade esta apenas adormecida dentro de você, veja como despertar esse potencial rapidamente, pois o mundo precisa de pessoas com ideias, que tragam o seu lado criativo para fazer da inovação. Pois isso, é mesmo um prazer constante seja para quem busca empreender ou seu lugar no mercado de trabalho. E que esses perfis possam assim, adultos, contribuir em uma sociedade em constante transformação com foco em inovação.

 

Ana Paula Educadora (Colunista)

Ana Paula Educadora é pedagoga, psicopedagoga, tem extensão em Neuropsicologia (PUC-SP) e MBA em Gestão Educacional. É Top Critical Thinking Voice LinkedIn. Fundou e é diretora da Transformar Educação & Inovação, consultoria especializada em educação básica com foco em treinamentos, palestras e cursos livres. São temas de estudos e pesquisa permanentes, Ensino Híbrido e Metodologia Ágil Scrum, Pedagogia com foco em Gestão de Pessoas, Psicopedagogia Inclusiva e Andragogia Educação para Adultos. Colunista EA “Educação & Pessoas”.

http://linkedin.com/in/anapaulaeducadora

 

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