PROCESSO SELETIVO | Alda Araújo
Não é novidade o crescimento da demanda por competências técnicas e soft skills capazes de dar conta desta nova era econômica, que muitos estudiosos estão chamando de “o novo normal”.
Também é notório o número cada vez maior de empresas que desenvolvem testes psicológicos, testes comportamentais e de inteligência emocional que prometem o “match” perfeito entre a necessidade da organização e o candidato. Mas, o fato é que, ao longo dos meus 15 anos de experiência liderando projetos de busca e seleção de executivos para diversos setores no mercado, tenho percebido, cada vez mais, a necessidade de se ter um processo pautado no entendimento da biografia individual, nos valores que movem aquele individuo, como também na história e valores da organização em si.
Ciclos
Enquanto indivíduos, passamos por fases que são comuns a todos e, ao mesmo tempo, existem fases muito específicas para cada pessoa. De modo geral, vivenciamos as fases de crises de maneira distinta. E estas não ocorrem simplesmente para nos trazer sofrimento mas, sim, para nos trazer a possibilidade de uma transformação interna. Assim como a vida se desenvolve em ciclos, o homem escreve sua trajetória profissional no tempo através de seus pensamentos, sentimentos e ações; o que pode potencializar ou não seu desenvolvimento.
Quando se faz um resgate biográfico, o indivíduo pode perceber e pode se apropriar dos comportamentos que o impulsionam e, até mesmo, notar aquilo que o restringe. Ou seja, possibilita que o individuo se conscientize do seu potencial máximo e também dos valores que o movem para ações e atitudes positivas. E isso se reflete nas suas escolhas.
Quando nos ocupamos em entender a nossa biografia, ou mesmo ouvimos a biografia de outros, aprendemos a ampliar o olhar, principalmente ao observar as escolhas que são feitas diante dos obstáculos encontrados.
A história de vida torna-se matéria prima para os próprios aprendizados e para a compreensão dos outros.
Ao trabalharmos fortemente na capacitação de um olhar seletivo baseado na biografia e ao explorarmos genuinamente o olhar para a vida do individuo a partir dos acontecimentos do presente e indo para o passado e olhando o futuro, alçamos um processo que estimula o executivo a formular perguntas relativas à condução de sua vida e a buscar respostas, levando-o a reencontrar ou descobrir seu papel nas escolhas profissionais.
Esse processo se mostra efetivo e valioso na seleção.
Não somente para a empresa contratante, que conseguirá pinçar um executivo em meio a um grupo, mas também para o candidato, que fará sua escolha baseando-se em seus valores pessoais que apontam sinais de que melhor performará diante das necessidades de curto, médio e longo prazos daquela empresa, gerando valor para todos os envolvidos.
O ponto crucial é que o diferencial não está na metodologia, mas sim no olhar sobre o método. Ao valorizarmos a experiência de cada um (quando eu me aproprio da história de uma pessoa e da cultura organizacional), estamos também valorizando sua trajetória. Não é uma questão de fazer alguém se encaixar, mas, sim, de promover que uma experiência se some a outra.
Alda Araújo é psicóloga, pós-graduada em Gestão de Projetos. Fundou a Humanyza e há 16 anos é consultora de Busca e Seleção de Executivos.
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