Pode isso, Arnaldo? Trabalhar na Semana dos 4 Dias | Paulo Almeida

63% das empresas acharam mais fácil atrair e reter talentos com uma semana de 4 dias, segundo um White Paper da ONG 4 Day Week Global, uma plataforma para pessoas que estão interessadas em apoiar a ideia da Semana de 4 Dias como parte do futuro do trabalho. Esse é um primeiro sinal.

Em junho de 2022, mais de 3.300 funcionários em 70 empresas do Reino Unido começaram a trabalhar quatro dias por semana sem redução de salário. O projeto piloto terá duração de seis meses e é baseado no modelo 100-80-100: 100% pagam 80% do tempo em troca de um compromisso de manter 100% de produtividade. Neste estudo, também supervisionado pela ONG 4 Day Week Global, 34% das 72 empresas afirmam que a sua produtividade aumentou muito, e 86% falaram que é extremamente provável ou provável, que eles mantenham a Semana de 4 Dias. Esse é um segundo sinal.

Segundo os dados mais recentes do Fórum Econômico Mundial, iniciativas se multiplicam, em países como a Bélgica, onde os funcionários ganharam recentemente o direito de trabalhar uma semana inteira em quatro dias sem perda de salário, sendo que as pessoas poderão decidir se vão trabalhar quatro ou cinco dias por semana.

E na Islândia, país que também realizou um teste de Semana de 4 Dias de trabalho entre 2015 e 2019, descobriu que o bem-estar de 2.500 trabalhadores que participaram, aumentou em termos de saúde e equilíbrio entre vida profissional e pessoal. E ainda na Nova Zelândia, onde todos os 81 funcionários do escritório da Unilever estão participando de um teste de um ano de uma semana de trabalho de quatro dias com pagamento integral. Se o experimento for um sucesso, a empresa considerará estendê-lo para outros países.

Claro que será necessário um novo axioma para lidar com um potencial final da semana de trabalho das nove às cinco e cinco dias.

Num Mundo Acelerado nesse Novo Normal, BANI e VUCA, em que um dia de trabalho por vezes se parece com uma semana inteira de esforço laboral, uma semana de trabalho mais curta pode levar a menos desgaste, tornando a equipe mais feliz e mais focada em suas funções.

Além disso, e ainda segundo o Fórum Econômico Mundial em seus mais recentes Relatórios, a Semana de 4 Dias tem outras vantagens, como oferecer aos funcionários potenciais e existentes, um padrão de trabalho flexível, que ajudará a atrair e reter profissionais talentosos.

Também existem algumas desvantagens potenciais, considerando que esse modelo não é adequado para todos os setores: alguns setores exigem uma presença sete dias por semana, o que pode tornar impraticável uma semana de trabalho curta. Os exemplos incluem serviços de emergência, redes de transporte público e logística. A Semana de 4 Dias pode ainda aumentar os custos: alguns setores, como o de saúde, exigem que os funcionários trabalhem em turnos longos, pelo que as empresas nessas áreas podem ter que pagar mais horas extras.

Mas a Semana de 4 Dias se soma a uma tempestade perfeita: o momento em que observamos as tendências positivas de atenção para a Saúde Mental, para a necessidade de as empresas terem um propósito, e do trabalho ter que ter um significado e um impacto mais global no mundo.

E serão, justamente, as empresas que adotarem essas práticas mais sustentáveis, modernas, e de humanização do trabalho e dos trabalhadores, as que terão um futuro.

Pode isso, Arnaldo?

Ao que esses sinais indicam: sim, pode!

Paulo Almeida ColunistaEA scaled

Paulo Almeida é professor da FDC Business School (Fundação Dom Cabral) com foco em Liderança e Pessoas. Trabalhou em Bancos Centrais, Mercado Financeiro, Varejo, Digital e foi VP e CEO de Startups. De sua autoria, entre livros e artigos, tem mais de 200 publicações.

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