Por Ana Paula Educadora

 

A educação e o mercado de trabalho precisam ser revisitados em sua totalidade, pois reescrever uma metodologia de ensino inovadora, a qual contribuirá para o futuro do trabalho requer quebra de paradigmas. 

Com a inserção do uso das tecnologias em todos os segmentos, fica claro que a escola e o mercado de trabalho, estão a caminho de mudanças urgentes e necessárias.

Mas por onde começar?

Algumas iniciativas isoladas com uso de tecnologias têm alcançado sucesso, mas nem todos conseguem “dar o pontapé” inicial. Atualmente, a desigualdade tecnológica é significativa em nosso país, nem todos têm acesso às ferramentas para estudar ou trabalhar.

Não basta usar ferramentas de caráter inovador, é importante que o acesso chegue a todos, assim os alunos têm condições de estudar e, as empresas, oferecerem mais agilidade em serviços aos consumidores.

Como desenhar uma gestão no ensino acadêmica e corporativa que atenda à realidade neste cenário? Eis alguns insights:

  • Capacitar e instrumentalizar as escolas e empresas em relação ao uso das tecnologias.
  • Pesquisar ações para melhorar a implementação do ensino e trabalho na modalidade híbrida.
  • Colocar em prática a alfabetização digital como conteúdo essencial para a compreensão de novas tecnologias, para capacitar estudantes e colaboradores.
  • Criar espaços de aprendizagem nas escolas e empresas onde a cultura maker esteja presente, pois o lúdico é uma estratégia que atende crianças e adultos na compreensão de conceitos.
  • Disponibilizar 50% de e-books e 50% de livros físicos nas bibliotecas.
  • Implantação de bibliotecas no formato de laboratórios, com o objetivo de promover aulas com professores pesquisadores para alunos interessados em pesquisar temas livres, com o objetivo de se gerar novos campos de conhecimentos.
  • O ingresso do aluno no ensino superior deveria contemplar a apresentação de uma pequena biografia do seu processo de aprendizagem aliado a um projeto interdisciplinar na busca da solução de um problema.

São reflexões que provocam inquietação

Se pensarmos em ações significativas para que a educação possa evoluir culturalmente. Não há mais volta para metodologias engessadas no modelo sala de aula, aluno-professor.

O professor pode até realizar inovações, mas serão recortes isolados, ficarão fragmentados diante do processo de ensino o qual envolve aprendizagem baseada em resolução de problemas, modelo que permite que o aluno exerça o seu protagonismo. Este ensino contemporâneo precisa estar no projeto político-pedagógico central da escola.

A educação não pode ser mais tratada como “colcha de retalhos”, onde algumas áreas avançam mais, enquanto outras permanecem em “stand-by”.

Como a “colcha de retalhos” influencia no mercado de trabalho?

A qualificação profissional em algumas áreas está cada vez mais escassa, poucos colaboradores preparados para assumirem as responsabilidades.

Outra questão que merece reflexão é a forma como as pessoas ingressam no mercado de trabalho. Suas habilidades deveriam ter sido já exercitadas e aprendidas na escola, com base no famoso CHA: conhecimento, habilidade e atitude.

A educação corporativa colabora para ampliar habilidades dos colaboradores, mas desde que tenham pré-requisitos para aperfeiçoarem seus conhecimentos. O número de analfabetos funcionais é sinal de que a educação precisa de uma virada de chave.

Será que a escola está desenvolvendo uma aprendizagem rumo à autonomia?

Pensar também faz parte do contexto escolar. A resolução de problemas e o desenvolvimento de projetos são fundamentais para os jovens, pois exercitar o cognitivo e refletir sobre novas ideias e soluções é ter uma aprendizagem ativa.

As discussões a respeito das competências ou habilidades do século XXI vão além da formação técnica. Segundo o Fórum Econômico Mundial, elas contemplam 15 habilidades, as quais estarão em alta no mercado de trabalho até 2025:

  1. Pensamento analítico e inovação
  2. Aprendizagem ativa e estratégias de ensino
  3. Resolução de problemas
  4. Pensamento crítico
  5. Criatividade
  6. Liderança
  7. Uso, monitoramento e controle de tecnologias
  8. Programação
  9. Resiliência, tolerância ao estresse e flexibilidade
  10. Raciocínio lógico
  11. Inteligência emocional
  12. Experiência do usuário
  13. Ser orientado a servir o cliente (foco no cliente)
  14. Análise e avaliação de sistemas
  15. Persuasão e negociação

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) contempla 10 competências na educação básica:

  1. Conhecimento
  2. Pensamento científico, crítico e criativo
  3. Repertório cultural
  4. Comunicação
  5. Cultura digital
  6. Trabalho e projeto de vida
  7. Argumentação
  8. Autoconhecimento e autocuidado
  9. Empatia e cooperação
  10. Responsabilidade e cidadania

A implementação da BNCC nas escolas fará a diferença para que os jovens ao concluírem o ensino médio, consigam desenvolver com autonomia, autoconhecimento e criatividade suas escolhas profissionais futuras.

Os desafios só estão começando

Ainda há muito a fazer, mas precisamos aos poucos, eliminar a inércia com que as mudanças acontecem, tanto na educação como no mercado de trabalho. Os avanços não podem ter características isoladas, onde somente uma pequena parcela consegue colocar em prática estratégias inovadoras, e outras continuam a fazer o mesmo com um século de atraso. Cenário que gera reflexos negativos no desenvolvimento da educação e de um mercado de trabalho competitivo.

Parece que todos sabem, muitos dizem que é óbvio, mas onde estão as ações?

Que as nossas ações sejam para criar uma nova realidade, onde a educação e mercado de trabalho possam se conectar com mais consistência. Para assim, ampliar horizontes em que todos possam contribuir positivamente com as mudanças atuais e as que estão por vir.

Acredito que transformar conhecimento em sonhos e inovação é investir no potencial de alunos e colaboradores, sempre!

 

ana paula educadora bio - Educação e mercado de trabalho em stand-by?

Ana Paula Educadora é pedagoga, psicopedagoga, tem extensão em Neuropsicologia (PUC-SP) e MBA em Gestão Educacional. É Top Critical Thinking Voice LinkedIn. Fundou e é diretora da Transformar Educação & Inovação, consultoria especializada em educação básica com foco em treinamentos, palestras e cursos livres. São temas de estudos e pesquisa permanentes, Ensino Híbrido e Metodologia Ágil Scrum, Pedagogia com foco em Gestão de Pessoas, Psicopedagogia Inclusiva e Andragogia Educação para Adultos. Colunista EA “Educação & Pessoas”.

http://linkedin.com/in/anapaulaeducadora

 

Fale com o editor:

eamagazine@eamagazine.com.br