A coragem de não agradar | Patricia Coutinho 

 

Já parou para pensar quanto tempo investe tentando fazer as pessoas gostarem de você? E se descobrisse que este é o caminho para a infelicidade? Esta é a temática central desta obra, “A coragem em não agradar”, um diálogo entre um jovem insatisfeito com sua vida e um filósofo defensor da linha adleriana, escola de pensamento da psicologia de Alfred Adler, também criador da definição de “síndrome de inferioridade”. 

Segundo o autor, todos os problemas têm base nos relacionamentos pessoais, a começar pelo relacionamento que temos nós mesmos, pois não queremos aceitar quem somos e nossas limitações. Para isso a autoaceitação é o primeiro passo fundamental. Se você conseguir ter a coragem de ser normal, seu modo de ver o mundo mudará de forma drástica. 

Outra fonte de insatisfação segundo a psicologia adleriana é a competição no mundo moderno. De acordo com a obra, o motivo pelo qual tantas pessoas não se sentem felizes mesmo quando alcançam o sucesso é que estão vivendo em competição. Para elas, o mundo é um lugar perigoso, repleto de inimigos. Para começar a corrigir nossos erros e mudar, é preciso parar de pensar que tudo é competição, uma questão vencer ou perder. 

Quando você consegue sentir de verdade que as pessoas são suas companheiras, sua maneira de ver o mundo muda por completo. Você deixa de achá-lo um lugar perigoso e para de sofrer com dúvidas desnecessárias.  

Seguindo a linha de provocação do filósofo, você não deve ter medo de ser detestado, pois isso o torna escravo dos desejos alheios. Ser detestado prova que você está exercendo sua liberdade, é sinal de que está vivendo de acordo com sua essência e próprias escolhas. A não ser que pare de se preocupar com os julgamentos das outras pessoas, você não conseguirá seguir sua própria forma de viver.  

Talvez este ensinamento seja mais fácil na teoria que na prática, mas no final das contas o que importa é o saldo final dos benefícios ou prejuízos que cada situação traz a sua vida. Você não conseguirá agradar a todos, então talvez o melhor caminho seja começar agradando a si mesmo. Tudo bem se algumas pessoas “não forem com a nossa cara”, isso já acontece hoje e nem percebemos, continuamos na escravidão de “ser gostado”. 

Entre vários temas, o filósofo também trata da importância de relacionamentos horizontais.  

Segundo a obra, deve-se rejeitar todas as formas de relacionamentos verticais, ou seja, onde há uma hierarquia de poder. Se alguém consegue desenvolver relacionamentos horizontais que sejam “iguais, mas não idênticos” para todos, não há lugar para complexo de inferioridade.  

São muitos os conceitos abordados pelo autor e infelizmente não terei tempo de passar por todos. Mas confesso que uma explosão de sentimentos me acometeu durante a leitura desta obra. Em alguns momentos concordei totalmente com o autor e até tive uma certa empatia, em outros um sentimento de discordância e revolta, mas o saldo final foi incrível.  

Como trata-se de um diálogo, pode parecer uma narrativa um tanto simplista, mas passa por temáticas interessantes sobre relacionamentos, competição e responsabilidades. Se está buscando um livro que provoque sua maneira de pensar, este livro é para você. Talvez não concorde com tudo, mas a sua forma de se relacionar com os outros nunca mais será a mesma. 

LEITURA RECOMENDADA

capa a coragem de nao agradar - A coragem de não agradar
A coragem em não agradar, de Ichiro Kishimi e Fumitake Koga  

 

colunista bestseller - A coragem de não agradar

Patricia Coutinho é formada em Engenharia, mas se encontrou no papel de liderança e gestão de pessoas. Apaixonada por comportamento humano, psicologia positiva e bem-estar no mundo corporativo e na vida real. Sua trajetória foi construída por anos no mercado financeiro e, agora mais recentemente, no mundo de startup de e-commerce, no Mercado Livre. Ela compartilha suas dicas de leitura voltadas à liderança, autoconhecimento e well being em seu instagram patybookreview. Colunista EA “Best-seller”.  

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