Por Sonia Crisóstomo
Há muito tempo, numa vasta savana africana, crescia uma árvore majestosa e incomum: o Baobá. Seu tronco era imenso, com galhos que pareciam braços esticados em direção ao céu. Dizem que o Baobá foi plantado de cabeça para baixo, com suas raízes apontando para o alto, desafiando as leis da natureza. E, talvez por essa razão, ele se tornou um símbolo vivo de resiliência, uma qualidade que tanto a natureza quanto os seres humanos compartilham.
O Baobá é conhecido por sobreviver em condições extremas.
Enfrenta anos de seca, tempestades violentas, e mesmo assim, continua de pé, firme e grandioso. Suas raízes profundas, que buscam água nas camadas mais profundas do solo, lhe dão força para suportar as adversidades. Mesmo quando o ambiente ao seu redor se torna inóspito, o Baobá não cede; ele se adapta.
Também assim somos nós, humanos, constantemente testados pelas circunstâncias da vida. Há momentos em que as tempestades chegam sem aviso, as dificuldades parecem insuperáveis e o solo sobre o qual caminhamos parece se desfazer. No entanto, tal como o Baobá busca suas reservas mais profundas de água, nós buscamos forças dentro de nós mesmos para continuar.
E quando enfrentamos desafios, a resiliência nos permite nos adaptar, encontrar novos caminhos e florescer, mesmo nas condições mais difíceis.
Um dos segredos do Baobá é sua capacidade de armazenar água em seu tronco durante os períodos de abundância. Quando chegam os tempos de seca, ele utiliza essas reservas para manter-se vivo. Da mesma forma, os humanos, durante momentos de tranquilidade e crescimento, acumulam sabedoria, conhecimento e experiências que nos fortalecem. Em tempos de crise, essas reservas internas nos sustentam e nos permitem seguir em frente, com esperança e coragem.
O Baobá também não está sozinho em sua jornada.
Embora pareça uma árvore solitária na imensidão da savana, sua presença beneficia todo o ecossistema ao seu redor. Ele oferece sombra, alimento e abrigo para diversas formas de vida. Seu fruto, rico em nutrientes, alimenta animais e seres humanos.
Suas raízes ajudam a manter o solo firme, evitando a erosão. Ao sobreviver, ele não apenas cuida de si, mas também de todos os que dependem dele.
Da mesma maneira, quando desenvolvemos resiliência, nossa força interior acaba por influenciar e inspirar as pessoas ao nosso redor. A capacidade de enfrentar desafios e continuar de pé serve de exemplo para aqueles que nos observam, criando um ciclo positivo de apoio e esperança. Quando nos mantemos firmes em tempos difíceis, muitas vezes somos a “sombra” ou o “fruto” de alguém que necessita de alívio, seja através de palavras de encorajamento, ações de bondade ou simples presença.
O Baobá também nos ensina que o tempo é um aliado na resiliência.
Ele cresce devagar, com paciência e constância, atingindo idades que ultrapassam os milênios. Em nossas vidas, o tempo também é um elemento essencial na superação das adversidades. Muitas vezes, as cicatrizes de nossas lutas demoram a cicatrizar, mas, com o passar dos dias, semanas e anos, aprendemos a ver nossas dificuldades como parte de nossa história, fortalecendo-nos.
Finalmente, o Baobá, com seu tronco retorcido e aparência peculiar, nos lembra que a resiliência não significa permanecer inalterado. Ao contrário, ele carrega as marcas do tempo e das intempéries, mas cada cicatriz, cada curva de seu tronco, conta uma história de superação e resiliência.
Do mesmo modo, nós, humanos, não saímos ilesos de nossos desafios. As dificuldades nos transformam, mas é essa transformação que nos torna mais fortes, mais sábios e mais preparados.
Assim, o Baobá e o ser humano compartilham uma verdade profunda: a resiliência é a capacidade de florescer apesar das adversidades, de encontrar força nas raízes mais profundas e de continuar a crescer, mesmo em solo árido.
Seja na vastidão da savana ou nas complexidades da vida, ambos, árvore e homem, demonstram que a verdadeira força não reside na ausência de desafios, dos medos das decepções, mas na capacidade de superá-los, de erguer-se e continuar a florescer.
Há dias em que fornecemos sombra para o peregrino cansado. Há dias em que somos peregrinos em busca de uma felicidade que, se andarmos com olhos mais abertos, perceberemos que ela está em todo o caminho, e não ao final dele.
Be happy.
Sonia Crisóstomo é casada, mãe de duas filhas, empreendedora e escritora. Formada e pós-graduada em Ciências da Computação, MBA em Executive Marketing. Sócia do Wholebeing Institute e ETI Europe. Mais de 30 anos em empresas de Telecomunicações e de Tecnologia da Informação. Formada em Psicologia Positiva, Inteligência Emocional, Programação Neurolinguística, Hipnoterapeuta com especialização em Hipnose Clínica. Diplomata Civil Humanitária, G100 Global Advisor Council Member, Embaixadora Master do Clube Mulheres de Negócios de Portugal e Membro do Conselho Administrativo do Instituto Raiz Nova. Colunista da Revista Mulher Africana. Prêmio Gênios da Atualidade de 2023 na categoria Escritora do Ano em Portugal. Grand´Ambassadeur da Divine Académie des Arts Lettres et Culture da França. É Colunista EA “Felicidade”.
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