Por João Casarri Neto

 

Se tem uma coisa que me irrita profundamente quando leio algo sobre ETARISMO é que em todas as matérias esse assunto é tratado como “inclusão de profissionais mais velhos no mercado de trabalho”.

Assunto do qual eu discordo totalmente, pois na minha opinião não se trata de INCLUIR e sim de MANTER os profissionais seniores trabalhando.

O conhecimento quando aplicado é aproveitado por toda a vida. Sendo assim:

  • Por que então as empresas dispensam seus funcionários quando atingem 50 anos?
  • Como é possível que um profissional que sempre foi útil à empresa, de um dia para outro deixa de ser?
  • Qual é a explicação para esse fato?

As respostas a estas perguntas são sempre as mesmas: “dificuldade de relacionamento com os mais jovens”; “dificuldade de adaptação às novas tecnologias”; “falta de sincronismo com as inovações”. Enfim, poderia listar aqui mais de uma dezena de razões que as empresas usam para não aproveitarem esses profissionais, porém o que vemos na verdade, são as empresas perdendo talentos valiosíssimos sem repô-los à altura.

É fato que os jovens têm uma tendência de adaptação mais rápida à tecnologia, mas também é verdade que os seniores não perdem suas habilidades e competências da noite para o dia, se a eles forem dadas oportunidades de desenvolvimento iguais às oferecidas aos jovens.

Quero deixar aqui alguns argumentos que talvez possam servir como uma voz que faça as empresas repensarem a prática do etarismo, tanto no que se refere a manter os profissionais mais velhos em seus quadros funcionais, quanto no momento da contratação de novos colaboradores.

  • É sabido que os profissionais mais velhos, em geral, possuem uma vasta experiência que acumularam ao longo de suas carreiras.
  • Condição que lhes permite lidar de uma maneira mais eficaz com uma grande variedade de situações e desafios.
  • Esse conhecimento é inestimável para a empresa, especialmente em momentos de crise ou mudança, e não pode ser esquecido durante os processos tanto de demissão quanto de contratação.

Vale também lembrar que os profissionais mais velhos podem ser aproveitados para atuarem como mentores para os funcionários mais jovens, compartilhando suas experiências, conhecimentos e habilidades. Fato que não só contribui para o desenvolvimento profissional dos colaboradores mais jovens, como também aguça nos seniores o senso de pertencimento, o que servirá para promover um ambiente de trabalho colaborativo e de aprendizado contínuo.

Profissionais mais sêniores tendem a ser mais estáveis e comprometidos com a empresa, uma vez que estão menos propensos a buscar constantemente novas oportunidades de emprego.

Isso, sem dúvida, contribui no resultado de uma menor rotatividade de funcionários e maior continuidade nos projetos e iniciativas da empresa.

Quando profissionais de diferentes faixas etárias se juntam, trazem perspectivas únicas para uma reunião ou um novo projeto. Essa diversidade etária sempre leva a tomadas de decisões mais abrangentes. Sem contar que a diversidade de pensamento é essencial para a inovação e o crescimento sustentável de uma empresa.

A prática do etarismo é uma forma de discriminação baseada na idade e viola os direitos humanos fundamentais.

No Brasil, a Constituição Federal e a CLT possuem artigos demovendo as empresas dessa prática. Daí a importância das empresas em promover um ambiente de trabalho inclusivo e diversificado, onde os profissionais são valorizados pelas suas habilidades e competências, independentemente da idade, pois isso é não apenas ético, mas também benéfico para a empresa em termos de reputação e imagem corporativa.

A empresa que adotar uma abordagem mais inclusiva em relação aos profissionais mais velhos, certamente irá colher os benefícios de uma força de trabalho diversificada, resiliente e capacitada, ao mesmo tempo em que demonstram um compromisso com a equidade e a justiça no local de trabalho.

 

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João Casarri Neto é economista, consultor de RH/TI, analista comportamental DISC, coach, mentor, treinador de líderes, e Practitioner PNL. Autor do livro “Os 5 Princípios da Resiliência”, é também criador do programa “Sou Líder, e Agora?” para ajudar líderes em início de carreira. É Embaixador de Inovação e Tecnologia da Associação Brasileira dos Profissionais de RH (HUBRH+ABPRH). Colunista EA “Geração 50+”.

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