Por Patrícia Milaré Bertão
Sou convicta que independente da época, o conceito de sucesso difere de pessoa para pessoa e hoje, de forma muito particular. Talvez sempre tenha sido, mas não era tão simples de ser declarado. Fugir de padrões era muito controverso. A cartilha precisa ser seguida à risca!
Nesse artigo, o viés envereda para o mundo corporativo. Mas o sucesso não é apenas o lado profissional. São muitas as variáveis, as percepções, os olhares e vivências. Tudo pode ser controverso ou complementar. Depende muito do ponto de vista e cada um tem o seu.
Falado de passado, acredito que havia uma distorção que associava diretamente sucesso a dinheiro e/ou cargos exercido nas empresas. E ainda, o tempo dedicado ao trabalho! Parecia ser uma conta que nunca fechava, pois muitas pessoas se tornaram workaholics e as demais áreas de sua vida eram deficientes. Um caos. Mas, a pessoa era considerada um sucesso! Será que ela se sentia assim? Provavelmente nem todas. Muitas pagaram um alto preço em relações falidas, problemas de saúde, solidão e autoflagelo.
Aprofundando um bocadinho mais nesse passado, pessoas eram vistas e tratadas como linhas de montagem, ao estilo Ford.
Padronizadas até na forma de respirar para não perder a produtividade
Não importa como, mas temos que produzir, produzir e produzir. Até a exaustão que não podia ser externalizada. Imagina ser visto como fraco, cansado, sem capacidade, alguém que não pode fazer parte do time. Os conceitos eram distorcidos:
- Sair no horário ser sinônimo de desmotivação
- Fazer o horário de almoço integralmente ser falta de trabalho
- Tirar 30 dias de férias, ser um abuso
Tudo isso era sinônimo, mesmo que veladamente, de alguém que não queria ter sucesso.
O funcionário precisava “sangrar”, se necessário, mas mostrar o seu valor. Virar madrugadas etc. Quem nunca leu, em frases motivacionais sobre sucesso, “enquanto você dorme, eu faço acontecer”. E outras, com o mesmo discurso, que nem vale a pena citar.
Ainda bem que esses conceitos arcaicos já não figuram mais em muitas empresas e organizações. A pressão pelo “humano” vem ocupando espaços maiores, mas com muito espaço para crescer e desenvolver. É claro que ainda existe um certo ranço em muitas lideranças, ops, “chefias e firmas”. Mas vai passar.
O futuro está aí e não existe mais espaço para esse tipo de pensamento.
Aqui vale um parêntese. Existe, sim, gente folgada, despreparada e que não faz nem o básico bem-feito. Pessoas descomprometidas e sem engajamento. E que sempre culpam o universo por seus fracassos. Em todos os lugares encontramos um ou mais exemplares.
Voltando ao sucesso, nenhum conceito e sentimento sobre ele estão errados. Sucesso pode ser traduzido pela conta bancária que a pessoa acumulou. Seu cargo. O status, a fama e os holofotes! Ter o seu próprio negócio. Construir ONGs que trabalhem para minimizar durezas humanas. Resgatar animais abandonados. Ver os filhos crescidos e “encaminhados”. Conquistar a vaga tão sonhada. A viagem dos sonhos. Ter o ano sabático! Enfim, são tantas e tantas as possibilidades que beiram ao infinito. Desculpem, meu lado dramático falou mais alto.
Conceitos do sucesso
E começa a provocação, porque o sucesso também diverge de quem vê para quem sente! Posso olhar para uma pessoa e declarar pela pontinha do iceberg que enxergo que ela é um sucesso. Por outro lado, ela pode sentir algo muito diferente disso. Já vi muita gente brilhando em suas profissões e infelizes e vice-versa. Portanto, não se pode confundir as coisas e aliar, como nome e sobrenome, sucesso e felicidade. Podem, sim, ter correlação, mas não se trata de uma obrigatoriedade.
Já tive vários conceitos para o sucesso. Falta de opinião? Muito pelo contrário. Eu percebi o que a vida estava me mostrando, o que para fazia sentido para mim e classificar ou não como sucesso. Tive revezes? Alguns. Mas soube aproveitar o amargo deles para crescer e ir em busca do meu sucesso. Foi perceptível? Nem sempre! Mas seguimos em frente!
Hoje, para mim, o equilíbrio é a perfeita descrição de sucesso. É o ponto alto! E não se trata de fazer nada meia boca. Simplesmente uma organização de prioridades e necessidades em suas devidas caixinhas. E em alguns momentos, uma ponta precisa de maior atenção e assim eu sigo. Me sinto uma pessoa de sucesso!
Onde estão meus abraços
Construí, com meu marido, uma família que amo demais. Temos muito amor em nosso convívio, assim como discussões e calor. Faz parte! Tenho 2 filhas maravilhosas que me ensinam todos os dias e me fazem crescer como mãe e pessoa. Trabalho numa grande empresa há 14 anos com uma equipe que me desafia! Tenho meu hobby (escrever artigos, poesias etc.), meu esporte (corrida de rua e montanha), faço parte de uma ONG, a DPFL – Da Periferia para a Faria Lima, tenho meus amigos, com relações fortes e verdadeiras e faço questão de preservá-los. E finalmente me dou de presente ter o meu ócio.
Minha criatividade nasce no ócio. A cabeça respira!
Pode ser que mais adiante algumas coisas que acabei de listar no meu “TOP SUCESSO”, deixem de fazer parte dessa lista. Outro tempo, outras prioridades e outras necessidades. Mas no momento não.
Me vejo como acomodada? Definitivamente não. Quero mais, quero muito mais! Mas tudo a seu tempo para ser possível saborear nos sucessos grandes ou pequenos que colecionamos em nossas vidas.
Sinto e observo que as novas gerações expressam esse desejo de manter preservados os pilares profissionais e pessoais de forma bem alinhada. E o futuro vem sendo desenhado assim. Não se pode esquecer, que o mundo corporativo faz parte de nossa vida e não é ela por completo. É preciso estabelecer limites. Têm os momentos de doação em maior grau e isso não se estabelece em tempo integral.
Quem disse que quem tem foco não pode aproveitar o caminho?
Patrícia Milaré Bertão é casada e mãe de duas filhas. Formada em Secretária Executiva (USC), Administração de Empresa (UNIFAE) e MBA em Gestão Empresarial (FAE). É coordenadora sênior Account, TIM Brasil. Participa de um blog que trata sobre diversos temas e assuntos como Comportamento, Relacionamentos e Mundo Corporativo (@vem_que_a_gente_explica). Voluntária na Social Startup, sem fins lucrativos, com foco no desenvolvimento humano – Da Periferia para a Faria Lima. Tem um viés poético e tem três poesias classificadas e publicadas em livros, Poetize 2022 Seleção Poesia Brasileira, Poesia Livre 2022 e Poesia BR. Escrever é meu divã! Colunista EA “Mundo Organizacional”.
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