Por João Casarri Neto
A visão tradicional de envelhecimento como sinônimo de declínio físico e mental está ultrapassada. Hoje, sabemos que a idade cronológica não define a capacidade de uma pessoa de contribuir para a sociedade. Idosos são muito mais do que números: são portadores de sabedoria, experiência e resiliência, capazes de enriquecer nossas vidas e nossas comunidades. Neste artigo, vamos explorar as contribuições dos idosos para a sociedade e como as empresas podem valorizar esse público, combatendo o etarismo.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera toda pessoa com 60 anos ou mais de idade como idoso. E está tudo bem, afinal 60 anos é ano pra caramba!
Mas daí a acharem que quem tem 60 é velho, tem uma diferença muito grande.
Estamos vivendo mais, não há dúvidas quanto a isso. E esse aumento da expectativa de vida exige políticas públicas e ações por parte da sociedade que promovam a qualidade de vida e o bem-estar dos idosos.
Um ditado popular diz que “idoso é quem tem muita idade, velho é quem deixou de sonhar, e talvez seja por isso que encontramos jovens de 70 anos e velhos de 30!”
O que vale dizer aqui é que de fato existe mesmo muita diferença entre um idoso e um velho.
Características: Perfil Idoso e Perfil Velho
IDOSO
Idade cronológica → Geralmente, a partir de 60 anos, conforme a definição da OMS
Perspectiva de vida → Positiva, com esperança para o futuro
Atitudes → Ativo, engajado nas atividades sociais e familiares
Sonhos → Mantém a capacidade de sonhar e estabelecer novos objetivos
Saúde → Pode apresentar algumas limitações físicas, mas busca manter uma vida ativa e saudável
Conhecimento → Possui vasta experiência de vida, que pode ser compartilhada e utilizada para auxiliar outras pessoas
VELHO
Idade → Não necessariamente relacionada à idade cronológica.
Perspectiva de vida → Negativa, com foco no passado e em limitações.
Atitudes → Passivo, isolado e com dificuldade de se adaptar a novas situações.
Sonhos → Perdeu a capacidade de sonhar e estabelecer novos objetivos.
Saúde → Pode apresentar diversas limitações físicas e psicológicas, o que o impede de realizar atividades do dia a dia.
Conhecimento → Embora possua experiência de vida, não consegue utilizá-la de forma positiva.
E o que pretendo mostrar aqui é que os idosos possuem um repertório de experiências, sabedoria e valores que podem enriquecer significativamente a sociedade, e valorizar suas contribuições.
É promover um envelhecimento mais saudável e ativo, além de fortalecer os laços intergeracionais.
Dos aspectos positivos e contribuições que os idosos trazem para a sociedade, podemos destacar:
→ Transmissão de conhecimento e sabedoria com base em suas vivências, e também são capazes de compartilhar conhecimentos e habilidades valiosas, atuando como mentores e orientadores para as gerações mais jovens.
→ São eles o centro das famílias, e contribuem para a manutenção coesa da família e o fortalecimento dos laços afetivos entre as gerações.
→ É possível se dedicarem a atividades voluntárias e trabalho social, contribuindo para o bem-estar da comunidade e promovendo a inclusão social.
→ Como guardiões da história e da cultura familiar, preservam e transmitem tradições, costumes e valores para as futuras gerações.
→ Suas experiências são uma fonte de estímulo e inspiração à inovação, contribuindo para a criação de novas ideias e soluções para os desafios da sociedade.
→ De uma forma geral adotam hábitos de consumo mais conscientes e responsáveis, contribuindo para a sustentabilidade do planeta, atitude que serve de exemplo para as gerações mais jovens
→ Ao longo da vida, passaram por inúmeros desafios, que os fez desenvolverem habilidades de resiliência e adaptação que certamente servirão de exemplo para as novas gerações.
E como as empresas podem combater o etarismo a partir da valorização das experiências dos profissionais seniores?
- Fomentando programas de mentoria com interação entre gerações. Nos quais profissionais mais experientes (idosos) orientem os mais jovens, promovendo a troca de conhecimentos tácitos e habilidades específicas que acumularam ao longo de suas carreiras.
- Valorizando a diversidade geracional com a formação de equipes de trabalho multigeracionais. De maneira que profissionais de diferentes idades promovem a diversidade de perspectivas e a inovação. Dessa maneira ocorre o que chamamos de “celebração da experiência”, que significa reconhecer e valorizar a experiência dos colaboradores mais experientes, destacando suas contribuições para a empresa.
- É fundamental que exista a oferta de horários flexíveis de trabalho. E desta forma, se atender às necessidades dos colaboradores mais velhos, que podem assim assumir outras responsabilidades. Adaptar o ambiente de trabalho para garantir o conforto e a segurança desses e demais colaboradores, como ergonomia e acessibilidade, também é parte fundamental do processo
- A oferta de oportunidades de capacitação, desenvolvimento e suporte contínuo. Apoiando assim, todos os colaboradores, independentemente da idade também é uma condição importante, pois vai auxiliar os colaboradores mais velhos a se adaptarem às novas tecnologias.
- Comunicação aberta e respeitosa, além de um diálogo aberto. É de extrema importância para promover um ambiente de trabalho onde todos se sintam à vontade para expressar suas ideias e opiniões, independentemente da idade, além é claro de implementar políticas claras contra a discriminação por idade e promover ações de conscientização sobre o etarismo.
- Incentivo a projetos sociais e voluntariado. Nos quais todos os colaboradores possam participar utilizando a experiência dos mais velhos para orientar as ações.
- As empresas podem ainda se unirem com universidades e escolas. E desta forma, criar parcerias para desenvolver projetos que envolvam estudantes e idosos, promovendo a troca de conhecimento e experiências.
Tomadas de decisão com as quais as empresas irão colher diversos benefícios, como por exemplo:
- A diversidade de perspectivas gerada pela presença de diferentes gerações estimula a criatividade e a inovação.
- Um ambiente de trabalho inclusivo e respeitoso que irá aumentar a satisfação dos colaboradores e a produtividade.
- A retenção de talentos e a construção de uma marca empregadora mais forte com valorização da experiência dos colaboradores mais velhos.
- Além do que, demonstrar um compromisso com a diversidade e a inclusão fortalece a reputação da empresa e atrai novos talentos, e melhora da reputação da empresa.
Valorizar a experiência e o conhecimento dos idosos é investir no futuro.
Ao criar ambientes de trabalho inclusivos e promover a interação entre gerações, as empresas não apenas combatem o etarismo, mas também se beneficiam da riqueza de experiências e da criatividade que os profissionais mais experientes podem oferecer.
Quebrarmos os paradigmas e enxergarmos os idosos como ativos valiosos para a sociedade é fundamental para construirmos um futuro mais justo e equitativo para todos.
João Casarri Neto é economista, consultor de RH/TI, analista comportamental DISC, coach, mentor, treinador de líderes, e Practitioner PNL. Autor do livro “Os 5 Princípios da Resiliência”, é também criador do programa “Sou Líder, e Agora?” para ajudar líderes em início de carreira. É Embaixador de Inovação e Tecnologia da Associação Brasileira dos Profissionais de RH (HUBRH+ABPRH). Colunista EA “Geração 50+”.
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