Por Patrícia Milaré Bertão  

 

Se pesquisarmos na internet sobre equipes de alta performance, certamente receberemos como resultado, vários artigos com fórmulas mágicas de como podemos montar equipes de alta performance. Listas e mais listas que prometem sucesso ao final do processo!

O fato é que não existe receita pronta, nem tão pouco um passo a passo imutável que resulte em sucesso certo e imediato. O que posso garantir é que não fácil e mais difícil ainda se for preciso refazer uma equipe, não necessariamente do zero.

Podemos seguir uma lógica que acredito que para cada empresa, setor, área, mercado ou companhia faça sentido. 

Três pilares são fundamentais, e por mais óbvios que possam parecer, nem todos têm essa percepção. São eles: equipe certa, com pessoas certas no lugar certo. Qualquer falta, total ou parcial, de um desses fatores não trarão bons resultados.

Você pode ter ciência do perfil que funciona para a sua equipe e ter a perspicácia de saber que o mercado muda e dessa forma também se faz necessário que as equipes evoluam e se adaptem as novas realidades. Partiu construção.

Pessoas, pessoas, pessoas

Você precisa conhecer de pessoas, acima de tudo. Quando você entrevista alguém, você pode ter acesso a informações sobre hard e até soft skills. Mas o algo a mais que não se exibe em CVs como:

Paixão, vontade de fazer acontecer, ímpeto e resiliência, talvez só descubra no dia a dia.

O brilho nos olhos, a entonação de voz e a segurança, você tem como perceber na entrevista. 

Nem todo mundo cabe em qualquer posição ou vaga. Existem detalhes, pequenos ou grandes, que fazem toda a diferença. E quem é bom para uma, pode ser um desastre para outra. Montar uma equipe já é difícil, imagine uma de alta performance. As peças têm que se encaixar como num quebra cabeça. Nenhuma cabe onde não é efetivamente o seu lugar.

Acredito muito na ideia de você confiar no seu sexto sentido e seu feeling. Eles irão ajudar na escolha inicial. Depois tem muita transpiração do líder para saber extrair o melhor de cada profissional que comanda. Incentivar o que cada um tem de melhor, o seu talento, e não focar nos pontos de melhoria. Isso é para depois! 

Complementariedade é sempre muito bem-vinda. Habilidades diferentes. Pensamentos diferentes. Gerações diferentes. Gênios e atitudes diferentes. Tudo pode compor com brilhantismo essa equipe. 

Processo em construção

Montar uma equipe fazem parte de um processo de construção. Não chega pronta, embrulhada para presente com um grande laço vermelho. Estamos falando em sucesso de médio a longo prazo. Nenhuma equipe, mesmo que contrate somente profissionais fora da curva, dá resultado a curto prazo. O líder precisar saber engajar e entrosar esse time. Sem relacionamento, é provável que se perca boa parte desse potencial. Aqui faço uma analogia com equipes esportivas. 

Pode-se contratar somente os craques para todas as posições e mesmo assim, esse time recém-construído não fará sucesso no primeiro jogo e pode ter alguns fracassos até se tornarem um time de referência. Todos estão se conhecendo e à medida que o campeonato avança, poderá se diferenciar. 

Um dia ou outro, um ou mais profissionais poderão não estar em sua melhor fase, pessoal, profissional ou até em ambas e haverá queda de rendimento e isso faz parte de um processo de equipe e faz-se necessário estar preparado para isso. 

Precisamos lembrar que pessoas não são peças em cadeias de produção. Existe, sim, o fator emocional que acompanha todo profissional em maior ou menor grau. Aqui entra o quem pode mais naquele momento, dá mais. Mas se um ou outro profissional perdurar nessa curva de baixa, muito provavelmente será necessário à sua saída para que outro com perfil mais adequado àquela equipe entre. Ele pode ser excepcional, brilhante e ter uma bagagem incrível, mas pode estar no lugar errado. Volta aqui a minha fala inicial sobre ter a equipe, as pessoas e o lugar certo. Esse é o desenho do sucesso.

Incentivar, engajar, reconhecer 

O aprendizado deve ser constante. Incentivar leitura, cursos, treinamentos dentro ou fora da área de atuação é muito bem-vindo. E ainda, a troca de informações e conhecimento dentro dos membros da equipe. Isso é saudável e gera engajamento e crescimento.

Montar uma equipe é fácil? De forma alguma! Aliás, muito difícil. Lidar com egos, entregas, entrosamento, disponibilidade, não é para qualquer um. Saber identificar as diferenças potenciais em cada um e fazer essa engrenagem girar da melhor forma possível requer muita habilidade. Ajustes são necessários e sempre serão. O ponto de atenção vai para a possível estagnação de uma equipe que sem oxigenação de tempos em tempos tolhe a possibilidade de avanço e pode fazer com que ela entre em fase de declive. 

Nesse ponto, a percepção de tempo do líder é extremamente necessária. 

Não se pode perder o time. Se perder, isso poderá resultar num prejuízo e rupturas de entregas a médio e longo prazo. E constituir uma nova equipe “a toque de caixa” pode não ser o ideal e você poderá cometer um novo erro. A consequência pode não ser imediata, mas haverá cobrança a curto prazo. 

Nem sempre a oxigenação deve vir por meio de demissão ou distrato de um contrato (relação com uma PJ). Ela pode ocorrer por uma troca de posições, conhecida como “job rotation” e pode ser bem eficaz. Muitas vezes, até a troca de equipes mesmo. Aqui a sintonia com outras gerências e conhecimento do profissional que está sob sua gestão são essenciais. Perder talentos para o mercado não é adequado.

Li um artigo do Rony Meisler da AR&Co, em que ele dizia: “não é o produto, são as pessoas. Uma empresa de sucesso nada mais é do que um grupo de pessoas alinhadas no interesse apaixonadas pela missão de mudas as coisas por meio de seu produto ou serviço. Sem as pessoas, uma empresa é… NADA.”

Para “passar a régua”, fechar o artigo, reforço que não existem fórmulas infalíveis para se montar uma equipe de alta performance. A meu ver, ter bem claro o perfil, saber miscigenar talentos e conhecimentos, abrir a mente e saber que a construção não se dá do dia para a noite e muito menos por mera sorte. Tem que ter muito trabalho e transpiração.

 

 

Patricia Milaré Bertão (Colunista)

Patrícia Milaré Bertão é casada e mãe de duas filhas. Formada em Secretária Executiva (USC), Administração de Empresa (UNIFAE) e MBA em Gestão Empresarial (FAE). É coordenadora sênior Account, TIM Brasil. Participa de um blog que trata sobre diversos temas e assuntos como Comportamento, Relacionamentos e Mundo Corporativo (@vem_que_a_gente_explica). Voluntária na Social Startup, sem fins lucrativos, com foco no desenvolvimento humano – Da Periferia para a Faria Lima. Tem um viés poético e tem três poesias classificadas e publicadas em livros, Poetize 2022 Seleção Poesia Brasileira, Poesia Livre 2022 e Poesia BR. Escrever é meu divã! Colunista EA “Mundo Organizacional”.

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