Por Rijarda Aristóteles
Gostaria de iniciar este artigo com uma citação da ex-presidente da Assembleia Geral da ONU, Maria Fernanda Garcês:
“Não podemos tomar como garantidos os ganhos que obtivemos. O empurrão é real. E nós estamos trabalhando duro e sob grande pressão e riscos para que os ganhos sejam mantidos”. Uma reflexão importante para que não percamos o foco da liderança de gênero.
Estudos e pesquisas de universidades importantes atestam que a presença de mulheres em cargos de liderança tem uma ação superlativa em produtividade, atração e retenção de talentos, empatia e convergência, além de envolvimento com o meio comunitário.
Muitos desafios ainda são parte do nosso dia a dia porque na etiqueta de gênero há todo o tipo de descabidas limitações às mulheres. Hora de alterar efetivamente estes paradigmas em ação conjunta, organizada e exemplar com organismos internacionais, grandes empresas e governos. Não basta ser número. A busca pela equidade é uma questão de sobrevivência. E estamos caminhando nesta direção.
Em Portugal, das últimas 40 mil empresas abertas, 27% têm mulheres como primeiro gestor, CEO/Presidente do negócio, um aumento de 1% em relação a 2019.
Já no Brasil, 35% dos cargos de presidentes executivos são ocupados por mulheres, 1% abaixo da métrica de 2019, recebendo salário equivalente a 77,7% do seu colega masculino, de acordo com os estudos da Teva Índices. Tanto Portugal quanto o Brasil estão acima da média global que é de 24%.
Quando o foco se dirige às 500 maiores empresas de capita aberto que compõem o Grupo Fortune, dos Estados Unidos, um pouco mais de10% tem liderança feminina.
Em janeiro de 2023, 53 mulheres assumiram cargos de presidentes entre as 500 maiores empresas. Mesmo significando um aumento do nível histórico de 8%, este número direciona para uma reflexão de onde está o gargalo mais apertado desta equidade.
Certamente está na visão da alta liderançade acordo com a dimensão da empresa.
No relatório de 2023, “A Diversidade de Gênero nas Empresas em Portugal, promovido pela D&B, demonstra que,quanto maior a empresa, menor a paridade na alta liderança. Nas empresas de maior porte, em Portugal, o percentual chega a 17% dos cargos de direção. Nas empresas de porte médio, 20%, e nas de pequeno porte, 22%, invertendo a tendência das grandes empresas. Na microempresa o percentual é de 31%.
Ainda um longo caminhar até atingir os 40% exigidos pela Comunidade Europeia. Por ora, Portugal exibe o percentual de 25,5%, com dados de 2022.
Estes números impulsionam uma ação para trabalharmos modelos inclusivos na cultura organizacional. Ações que fujam do tradicional e arcaico modelo estabelecido para um gênero, em um mundo passado, quando homens eram os líderes absolutos no mundo da liderança econômica e política.
Trilhar caminhos de oportunidades
Reconstruir caminhos de oportunidades nos quais sejam considerados as diferenças essenciais entre homens e mulheres. Pois não é justo ou viável criar escolhas incabíveis para a mulher. A se considerar não como exclusão das competências femininas, mas como inclusão de oportunidades desta liderança, aqui observo:
• Customizar, adaptar padrões aos cargos de liderança, para que sejam rompidas as dicotomias segregadoras do potencial feminino.
• Optar entre ser mãe e líder é uma crueldade que deve ser banida.
• As empresas, governos e sociedade ganham muito quando se abrem às competências, habilidades e o poder executivo, das mulheres.
• Ser mãe é natural, necessário e função mais importante para a humanidade.
• A liderança feminina é valor inestimável, afinal, são milhares de anos em desenvolvimento, em aprendizado, em gestão de conflitos, em criatividade e inovação para além da tecnológica.
O Clube Mulheres de Negócios de Portugal, da qual sou presidente, opta por olhar para o positivo das experiências porque ele move, cria esperança, age na criatividade. A nossa caminhada em direção à equidade, ainda pressupõe vencermos muitos percalços, é certo. Porém, este caminhar é sem volta e cada dia vemos mais comprometimentos.
Talvez seja o momento de começarmos em uníssono, como uma verdadeira “esquadra” de protagonismo, visibilidade e suporte às lideranças femininas. Um mundo mais équo é bom para todos!
Que tenhamos mais equidade nos financiamentos para negócios liderados por mulheres e que pensemos em estender tapetes vermelhos para outra mulher. Nunca o puxar. Abaixo o Wollyinge Viva a Sororidade!
Rijarda Aristóteles é doutora em História, internacionalista com expertise em Construção de Cenários, mentora feminina, autora de estudos e pesquisas sobre Inteligência Emocional Feminina, escritora e empresária. É presidente do Clube Mulheres de Negócios de Portugal. Colunista EA “Global Women.”
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