Por João Casarri Neto
Recentemente viralizou nas redes sociais um vídeo onde três garotas zombam de uma colega de classe da faculdade por ela ser 40+, afirmando que “era para estar aposentada e não fazendo faculdade”. O vídeo foi tão fortemente divulgado, que levou as jovens a “trancarem” a matrícula no curso.
Diante desse fato, acredito que a grande falha nesse caso, não foi das jovens pois como diz um ditado popular antigo, “a boca só fala daquilo que o coração está cheio”, e nesse caso, podemos dizer que os corações desses jovens estavam cheio de preconceito.
Preconceito e sonho
Acontece que ninguém nasce com preconceito, ele é desenvolvido através da convivência, dos exemplos a que somos submetidos. Sendo assim o que ocorreu, eu atribuo a uma falha das gerações anteriores às desses jovens que não lhes souberam transmitir o quanto é importante o sonho de uma pessoa, seja ele qual for. E também o quanto é importante realizá-lo não importando a idade que se tenha.
Para uma criança, estar no colo de uma pessoa jovem ou velha, branca ou negra, heterossexual ou homossexual, não tem a menor importância desde que ela receba o carinho, o aconchego e o alimento que necessita. Porém, quando ela cresce e começa a observar o comportamento daqueles que convivem ao seu lado, é que ela começa a criar padrões de comportamentos iguais.
Ambiente familiar saudável
Crianças criadas em um ambiente familiar saudável onde reina o respeito e o amor, certamente se comportam com respeito e amor também, já crianças criadas em ambientes de brigas, agressões físicas e verbais, desrespeito por coisas e pessoas, tendem a ter um comportamento agressivo e desrespeitoso também.
O etarismo é cruel, pois quando a pessoa atinge a plenitude da sua vida, e está na fase mais produtiva da sua vida profissional, que ocorre na idade entre os 40 e 50 anos, a pessoa é literalmente podada das empresas. E sem direito a volta!
Para alguns isso pode ser um grito de liberdade, mas para a grande maioria das pessoas, ocorre exatamente o contrário. Crises de depressão, ansiedade, medo de não sustentar nem a si nem a família.
Quantas pessoas abdicam dos seus sonhos em troca dos sonhos dos filhos, e depois surge o medo de se tornarem um peso para eles. Quantas vezes eu ouvi pessoas dizendo “eu já estudei o suficiente, agora é a vez dos meus filhos”. Eu mesmo passei anos incentivando o estudo dos meus filhos, e sem investir um único centavo na minha qualificação profissional. Ainda bem que eu acordei a tempo!
Vivemos cada vez mais, mas temos prazo de validade profissional cada vez menores
Para muitos o empreendedorismo é uma saída. Ocorre que empreender exige uma série de atributos que nem todas as pessoas possuem. O empreendedor é, no geral, um solitário. Ele precisa dominar todas as áreas que o seu negócio exige. Técnica, Administrativa, Produção, Marketing, Finanças, Compras, Vendas, Estoque, Logística, RH (em alguns casos), Tributos, Impostos, Prazos, e quando ele se dá conta ele está mais endividado do que antes.
Se hoje você é jovem e ainda está “longe” dos 40 anos, é uma boa hora para começar a planejar o que vai fazer quando chegar a fase do “enta”. Se programe financeiramente pois viver de aposentadoria é horrível. Planeje, invista em conhecimento, construa paralelamente uma segunda carreira, se torne um autolíder e assuma o protagonismo da sua vida.
Embora, historicamente, temos muitos “cases” de sucesso de pessoas 50+, 60+, 70+, sabemos que essa regra não se aplica a todos dessas gerações, então não espere precisar de uma segunda carreira, ou de algum conhecimento sobre outras áreas para começar a buscá-los.
Programe-se e comece agora
Conhece aquele ditado que diz “o sucesso acontece quando a oportunidade encontra a preparação”? Pois é. Esteja preparado para quando chegar a sua vez.
Então, querido leitor, voltando ao assunto do começo do texto, digo que se você tem hoje filhos, não importa a idade deles, ensine-os a respeitarem todas as gerações, e a não terem qualquer forma de preconceito. Como já dissemos, as meninas acabaram trancando o curso depois da repercussão do vídeo, e agora sabe-se lá quando terão coragem para voltar aos bancos escolares.
Digo que isso foi tão cruel para a colega 40+ que foi alvo da “brincadeira” quanto para elas, que certamente irão precisar de muita ajuda para poderem seguir com a vida, sem serem em algum momento vítimas de atitudes semelhantes às suas.
João Casarri Neto é economista, consultor de RH/TI, analista comportamental DISC, coach, mentor, treinador de líderes, e Practitioner PNL. Autor do livro “Os 5 Princípios da Resiliência”, é também criador do programa “Sou Líder, e Agora?” para ajudar líderes em início de carreira. É Embaixador de Inovação e Tecnologia da Associação Brasileira dos Profissionais de RH (HUBRH+ABPRH). Colunista EA “Geração 50+”.
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