Por João Casarri Neto

De tempos em tempos, é possível observar uma mudança na linguagem utilizada pelo mundo corporativo, e a mudança na linguagem sempre vem acompanhada de mudança de comportamento.

Até antes da pandemia o termo Liderança Humanizada, até existia, mas era ainda muito incipiente. Não havia muitos artigos, matérias e textos abordando o assunto.

Com a pandemia veio o distanciamento social, e as empresas precisaram trabalhar remotamente, e isso causou um surto de doenças emocionais, gerando um movimento chamado “A Grande Renúncia”, visto que a volta aos escritórios fez muitas pessoas repensarem seus propósitos e descobrirem que não estavam mais dispostas a se relacionarem com lideranças e ambientes tóxicos, obrigando as empresas a terem um olhar mais humanizado para seus funcionários.

A partir de então o termo Liderança Humanizada, começou a ganhar destaque.

Agora o assunto que pauta as conversas e os relacionamentos dos líderes com seus liderados é o ETARISMO, que é o preconceito praticado contra uma pessoa ou grupo de pessoas por conta da idade. Preconceito este, que afeta as duas pontas da pirâmide profissional: tanto os mais velhos quanto os mais jovens. Se os primeiros são “seniores demais”, os segundos são considerados inexperientes.

Mas já é possível ver uma luz no fim deste túnel, pois as empresas já começaram a se movimentar para poderem aproveitar esses profissionais. No que tange aos chamados “prateados”, é possível ver um crescente movimento de aproximação das empresas com esses profissionais. Empresas especializadas em recolocação de profissionais 40+, 50+ já possuem uma certa demanda de vagas a serem preenchidas.

A conscientização das empresas com a diversidade como um todo, tem contribuído para abrir (mais) portas para os profissionais prateados, pois não dá para falar em diversidade sem incluir os seniores na pauta. É verdade que estamos apenas no começo deste movimento, e ainda há muito mais empresas falando sobre o assunto, do que necessariamente fazendo algo prático no sentido de aproveitar os seniores. As empresas sabem dos benefícios, mas ainda existe resistência quanto à contratação, sob o argumento de que os 50+ terão dificuldades de relacionamento com os mais jovens, ou mesmo em serem liderados por eles.

Pode até ser que aconteça, mas é algo que pode (e deve) ser evitado se as lideranças forem preparadas para atuar com a diversidade geracional.

Paciência, lealdade, resiliência e maior estabilidade emocional, são apenas algumas das soft skills preponderantes nos 50+. E por terem vivenciado muitas experiências durante sua trajetória profissional, são também os que possuem um maior repertório de argumentos em uma negociação. Então porque não unir essas expertises com a vitalidade e a agilidade dos jovens, fazendo daí um time vencedor?

Atualmente é possível observar três (ou quatro, cinco?) gerações em um mesmo ambiente, e veja a riqueza de experiências que é possível extrair dessa convivência. É verdade que os prateados precisam se reciclar, aprender a conviver em ambientes ágeis e com novas tecnologias, mas é impossível negar a força de vontade e a determinação dessa turma em colaborar com o crescimento e o desenvolvimento das equipes onde estiverem inseridos.

Pesquisas apontam que os 60+ são os maiores compradores online, o que desmistifica o argumento de que pessoas nesta faixa etária são avessas à tecnologia. O número de empresas que oferecem serviços e produtos para pessoas 60+ também cresceu, e com elas vem a necessidade de se ter pessoas que conheçam os desejos e as necessidades desse público.

Então se um prateado pode ser seu cliente, com certeza ele também pode ser seu funcionário.

Estamos ainda no começo deste movimento, mas como já disse anteriormente, já há luz no fim do túnel. Abrir as portas e estarem receptivas a incluírem profissionais 50+ em seus quadros, é tudo que as empresas precisam para poderem se aproveitar de toda garra e experiência dos profissionais longevos. 

joao casarri neto - Etarismo é o mote do momento dentro das Organizações

João Casarri Neto é economista, consultor de RH/TI, analista comportamental DISC, coach, mentor, treinador de líderes, e Practitioner PNL. Autor do livro “Os 5 Princípios da Resiliência”, é também criador do programa “Sou Líder, e Agora?” para ajudar líderes em início de carreira. É Embaixador de Inovação e Tecnologia da Associação Brasileira dos Profissionais de RH (HUBRH+ABPRH). Colunista EA “Geração 50+”.  

https://www.linkedin.com/in/casarrinetocoach/  

Fale com o editor:  

eamagazine@eamagazine.com.br