Por Rijarda Aristóteles
Descobrir que temos menos tempo de vida do que já se viveu causa um efeito extraordinário. É como a famosa e necessária reflexão de Rubem Alves, “O tempo e as Jabuticabas”. Há um poder extraordinário quando ocorre a perceção da finitude das nossas experiências terrenas e que geram as mudanças de atitude, como a menina e sua bacia de jabuticabas.
A abundância de tempo e de juventude nos faz relativizar e despreocupada vamos utilizando o nosso bem mais precioso. E à medida que avançamos, percebe-se que aceitar o momento de olhar pela janela e, portanto, para o lado, faz mais sentido do que perseguir a linha reta da estrada.
Chega um ponto na vida em que a percepção do tempo se torna mais aguda, e com isso, a vontade de eliminar as mediocridades cresce.
As trivialidades e os pequenos aborrecimentos que antes ocupavam nosso tempo e energia perdem o sentido. Passamos a buscar experiências mais significativas, relações mais autênticas e atividades que realmente tragam satisfação e crescimento pessoal.
Um chamado para viver de maneira mais intencional e consciente, aproveitando ao máximo as “jabuticabas” que ainda restam.
Essa nova fase pode ser vista não como um lamento pelo tempo que passou, e sim como viver melhor. Uma oportunidade de redefinir prioridades e viver com mais propósito. Um convite para saborear cada jabuticaba com a consciência de que são finitas. O momento de aprender a dizer “não” ao que não agrega valor e investir nosso tempo em coisas que realmente importam.
A maturidade traz a sabedoria, se tivermos tempo e o desejo de conformidade com ela. Chega o momento de relativizar as certezas que nos trouxeram até aqui.
Empreender aos 50, 60 anos ou mais é uma jornada repleta de sabedoria e discernimento. A maturidade traz consigo um senso de urgência em relação ao que realmente importa, eliminando a necessidade de se envolver em discussões intermináveis, fofocas ou intrigas desnecessárias. A experiência de vida nos ensina a valorizar o que é essencial e a evitar o que é enfadonho e desgastante.
Nesta fase, buscamos um ambiente mais tranquilo, onde a razão não precisa ser provada aos gritos, e onde a certeza monocromática dá lugar a uma paleta colorida de possibilidades e perspectivas.
A visão ampliada e inclusiva que se desenvolve com o tempo é uma das maiores vantagens de empreender na maturidade. Já não nos assustamos com os desafios que surgem e que a experiência nos ensinou a enfrentá-los com serenidade e estratégia. Temos uma compreensão mais profunda das nuances e complexidades do mundo dos negócios, e isso já não nos assusta e nos permite tomar decisões mais informadas e ponderadas.
A inclusão se torna uma prática natural, porque aprendemos a valorizar a diversidade de ideias e a colaboração, reconhecendo que isso enriquece e fortalece qualquer empreendimento.
O tempo, agora, um aliado valioso, nos indica planejarmos com a calma necessária, sem a pressa impulsiva que muitas vezes acompanha a juventude. No entanto, quando algo faz sentido, agimos com a pressa justa para transformar planos em realidade. A maturidade nos dota de uma capacidade única de balancear a reflexão com a ação, garantindo que cada passo dado seja consciente e eficaz. Empreender nesta fase da vida é, portanto, uma oportunidade extraordinária de realizar sonhos com a sabedoria acumulada ao longo dos anos, transformando experiências em sucesso e legado.
O tempo, quando percebido como finito, transforma nossas prioridades.
Passamos a valorizar mais as experiências que nos conectam com os outros e com nós mesmas. A aceitação da transitoriedade da vida nos permite viver plenamente, saboreando cada instante ou jabuticaba como se fosse único. A maturidade nos ensina a viver com mais consciência, apreciando a beleza dos detalhes e o valor das relações humanas.
Viva a vida que a Natureza nos permite viver!
Rijarda Aristóteles é doutora em História, internacionalista com expertise em Construção de Cenários, mentora feminina, autora de estudos e pesquisas sobre Inteligência Emocional Feminina, escritora e empresária. É presidente do Clube Mulheres de Negócios de Portugal. Colunista EA “Global Women.”
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