HubMulher | Ana Paula Arbache
O HubMulher surgiu da “dor” das minhas alunas do MBA, que chegavam em sala de aula relatando as dificuldades de equilibrar a vida pessoal e profissional, de situações de discriminação em situações de progressão na carreira, assédio moral e sexual, pay gap e a maternidade. Muitas delas buscavam respostas para poder seguir em frente, ou mesmo para dar conta das diferentes demandas.
Elas estavam no momento mais crítico do ciclo de vida de carreira (vide abaixo), o período de ascensão e alavancagem, por isso mesmo precisamos ter robustez para seguir em frente.
Algumas delas desistiam por ocasião do nascimento dos filhos, mudança de cidade, acompanhamento do marido ou parceira, e isso causava a desaceleração ou mesmo a saída do mercado de trabalho.
Elas queriam lições aprendidas, de como eu conseguia manter minha carreira e a minha vida pessoal, sendo pós-doutora, empresária, docente e mãe de 3 filhos. Na ocasião, eu já atuava como mentora de carreira e fazia aconselhamento para muitas profissionais. Na mesma fase, o PMI Capítulo São Paulo, me convidou para ser mentora no programa da Instituição em 2016, com as boas práticas realizadas. Eu e Ruriko Ohara, também mentora do PMI na ocasião, propusemos a realização do Primeiro Encontro de Mulheres e Líderes em Projetos e Negócios – PMI/SP – 08/03/2017, ocorrido na Oi com mais de 200 pessoas participando.
Como nascemos
Em 2017, a Arbache Innovations consolida a sua política de responsabilidade e sustentabilidade e cria a Página de Empoderamento Feminino, realizando muitas ações voltadas para a carreira da mulher e com o apoio um grupo de mulheres que estiveram no encontro do PMI/SP. Ao final de 2017, decidimos criar o HubMulher como um coletivo de mulher em prol a carreira da mulher, tendo o ODS 5 como diretriz. Nosso coletivo nasce enxuto, ágil, com muita sororidade e conexão.
Desde então, temos vários parceiros para nossos projetos e nos conectamos com outras instituições apoiando ações na área. O Hub conta hoje com alguns squads: mulheres na maturidade, black hubers, HubAcademy, grupo de eventos, comunicação e sororidade, além o grupo de governança composto pelas líderes dos grupos de trabalho.
Somos cerca de 150 mulheres que são “hubers para sempre” e 50 por semestre ativas. A entrada do Hub é feita por convite realizada pelas Hubers em dois onboarding ao ano.
Gameoteca gratuita
Cerca de 2 mil pessoas já jogaram os games. É um projeto inovador do Hub é a parceria com a Arbache Innovations e o HubMulher para a criação de uma gameoteca gratuita e digital, com os seguintes games produzidos:
- Carreira da Mulher. Produzido com o Conarh (2019)
- Game WEPS. Produzido com a ONU Mulheres Brasil (2020)
- Mobi Game de Enfrentamento à Violência Doméstica (2020). Produzido em parceria com a ONU Mulheres Brasil e apoio de inúmeras empresas
Trajetória
Em 2020, tivemos vários projetos, como o lançamento do livro: Carreira feminina: transformando desafios em realização, com 20 hubers contando suas histórias de superação nas diferentes fases de suas vidas, temos coautoras dos 20 aos 60 anos, que mostram as lições aprendidas ao longo da jornada profissional.
Esse livro foi lançado no mês da mulher em 2020, em um evento para 300 estudantes no Centro Universitário de Adamantina, a convite da reitoria (um grande exemplo heforshe). Tambem foi lançado em uma live com as autoras lendo parte de seus capítulos (o livro está sendo vendido na Editora Todas as Musas e a renda é revertida para nossos projetos sociais https://www.todasasmusas.com.br/
Mulher 50+
2020 nos ensinou a olhar para as mulheres maduras, e tivemos um evento voltado para a carreira da mulher 50+, contou com palestrantes do Great Place to Work, Unilever, FGV, entre outras. Também apresentamos o Mobi Game de enfrentamento à violência doméstica em mais de 10 lives em empresas e eventos diferentes. Essas ações ajudaram a inserir o HubMulher como um coletivo que se conecta a diferentes stakeholders pela causa e propósito.
2021 entramos com muita energia para seguir nossos projetos. No primeiro semestre, tivemos a entrada de novas hubers e o lançamento do HubAcademy, sendo esse grupo de trabalho voltado para trilhas de atualização em carreira STEM e temas pertinentes à carreira da mulher, como teto de vidro, vieses inconscientes, síndrome da impostora, entre outros. Também trouxemos para o nosso aprendizado interno o “letramento racial’ com o apoio das black hubers. A interceccionalidade ocupou nosso espaço de ação e reflexão.
Redes sociais
Elas são as diferentes vozes que têm a possibilidade de se encontrarem em múltiplos espaços e criarem redes colaborativas. Hoje tenho redes de sororidade em todo o mundo, nós nos ajudamos, nos apoiamos, tanto na vida pessoal como profissional. Isso era restrito. Nós aprendemos que juntas somos mais forte e que, usando as redes sociais para expressar esse “movimento”, podemos agir em prol a nós mesmas e das mulheres que estão à nossa volta.
Por conta do HubMulher, tenho depoimento de mulheres que conquistaram vagas pela sua atuação no coletivo, por mostrarem essa pauta em suas redes, por criarem vínculos com outras profissionais que também estavam no Hub e mostraram outras redes… também tenho depoimento de mulheres que viram nossas lives a respeito da violência doméstica e jogaram o game, que passaram a identificar com clareza os sinais da violência contra a mulher no ambiente onde atuam.
CEO 50+
Outro ponto interessante é que cheguei à função de CEO de uma startup aos 50 anos. Isso trouxe várias mulheres para minha rede profissional, elas passaram a conversar comigo nas redes, interessadas em saber o “como’ isso aconteceu e como lido com isso. Mulher, tecnologia e 50 anos… CEO.
Ainda somos muito poucas, no entanto, tenho sócios que reconheceram meu mérito na empresa, bem como um fundo de investimento, o Bossa Nova Investimentos, que apoia fortemente as empreendedoras e isso é valioso demais! Eles dão apoio contínuo à nossa política de diversidade voltada para o ODS e para o enfrentamento à violência doméstica as suas redes, e é essa ação nas redes sociais que ajudam a incentivar mulheres no mundo do empreendedorismo e os investimentos, bem como a salvar vidas por meio do Game de Enfrentamento à violência doméstica.
#metoo
Outro movimento que as redes nos ajudaram muito foi o #metoo. A questão do assédio sexual e moral passou a ser tratada por meninas, jovens e mulheres pela interlocução com as redes sociais, isso trouxe o debate para o cotidiano, ensinando como podemos nos prevenir e agir nesses casos. Redes sociais de jovens tratam do tema e passaram a questionar comportamentos tóxicos como esses desde cedo, sabendo como podemos nos livrar disso. Muito grande, das ruas para as telas, nós ganhamos o mundo em segundos!
Um grande exemplo disso é o Mobi Game de Enfrentamento à violência doméstica, ferramenta que gamifica a Lei Maria da Penha. Esse é fruto de um projeto de open innovations envolvendo 16 instituições. O game faz parte da política de diversidade de quatro grandes empresas, sendo duas multinacionais, e aplicado para 120 detentas e agentes penitenciário. O Uso da tecnologia e de dados para alavancar pautas e promover a dignidade humana é imprescindível no século XXI.
E-book Carreira Feminina https://arbache.com/mundomelhor/empoderamento
Ana Paula Arbache é palestrante e mentora de carreira para Executivos. Mentora voluntária do Capítulo PMI/SP e Instituto Ser +. Gestora blog arbache.com/blog. Pós-doutora e doutora em Educação (PUC/SP), mestre em Educação (UFRJ). Especialista psicopedagoga, CES, pedagoga (UFJF). Certificada MIT PE/EUA: Challenges of Leadership in Teams; Leading Innovative Teams. Docente convidada MBAs FGV/IDE. Facilitadora da Global Alumni. Sócia HR Tech Arbache Innovation. Coordenadora do Comitê de Educação da Rede Governança Brasil. Fundou o Coletivo HubMulher e é aliada WEPS ONU Mulheres Brasil. Autora de inúmeras obras, entre elas, Carreira Feminina (2020) e Responsabilidade Social e Diversidade, Editora FGV (2021).
https://www.linkedin.com/in/ana-paula-arbache-a7815b6a/
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