Por Stefarss Stefanelli
Uma data infinita esse 8 de março. Como não associar ao Dia Internacional da Mulher a um passado, presente e futuro de transformações do Feminino? Como não associar esta celebração a esta impactante frase de Adélia Prado?
Mas como foi o início dessa luta pela igualdade dos direitos femininos? Quem foia primeira mulher ativista, as primeiras passeatas, o que mulheres ainda reivindicam? Como esta data se tornou uma celebração internacional?
Vamos voltar à história. Em uma era sem internet, sem conexões digitais, onde tudo começou. Um tempo quase que impensável hoje, carregado de restrições sociais e pessoais para mulheres de todo o mundo.
1909 – Nova Iorque, USA
15 mil mulheres marcharam pela cidade de Nova York exigindo igualdade econômica e política. Começava ali a luta em prol do direito ao voto, a redução das jornadas de trabalho, salários melhores e iguais aos dos homens. A passeata aconteceu com a força de sindicatos que nasciam na América, apoiados pelo Partido Socialista.
1910 – Clara Zetkin
A sugestão em se ter uma data internacional veio de Clara Zetkin (1857-1933), jornalista, política comunista, ativista alemã, defensora dos direitos das mulheres. Ela deu a ideia durante a Conferência Internacional de Mulheres Socialistas em Copenhague. O encontro reuniu 100 mulheres, de 17 países.
A ativista Clara Zetkin
1911 – A primeira celebração
O incêndio na fábrica de roupas TriangleShirtwaist, em Nova York, em 1911, foi uma tragédia que expôs as péssimas condições de trabalho das mulheres. A fábrica pegou fogo naquele dia e, dos 600 funcionários, 146 morreram, sendo 23 homens e 129 mulheres. A jornada de trabalho enfrentada por essas operáriasera de 14 horas ao dia, ultrapassando 60 horas semanais. Foi um marco histórico do feminismo. A partir daí, a data foi celebrada pela primeira vez em 1911, na Áustria, Dinamarca, Alemanha e Suíça, mas a data ainda não era o dia 8 de março.
Operárias marcham por direitos trabalhistas
1917 – Nasce o Dia Internacional da Mulher
O dia 8 de março foi consagrado nesta data porque90 mil mulheres russas se uniram em um protesto que ficou conhecido como “Pão e Paz”. Este ativismo feminino, na Rússia Imperial, lutava contra as ações do Czar Nicolau II e ampliava a voz contra a carestia, o desemprego e a deterioração social do país. Operários metalúrgicos se uniram à manifestação das mulheres, que se estendeu por dias e dela eclodiu a Revolução de 1917.
1968 – Luta contra a ditadura no Brasil
Uma passeata histórica ampliou no Brasil a luta das mulheres. De mãos dadas, as atrizes Eva Todor, Tônia Carrero, Eva Wilma, Leila Diniz, Odete Lara, Cacilda Becker e Norma Bengell caminhavam à frente de uma marcha pelo Centro do Rio de Janeiro, que reuniu milhares de mulheres, contra a ditadura e o machismo. Até então, nunca antes no Brasil, havia acontecido, um movimento ativista tão organizado.
Uma passeata que reuniu inúmeras atrizes brasileiras
1971 – Toda mulher é meio Leila Diniz
Ainda no Brasil, um ativismo lindo em prol da liberdade de expressão. A atriz Leila Diniz, grávida de sua única filha, Janaína, colocou um biquíni e escandalizou a sociedade, quando se deixou fotografar na praia de Ipanema, no Rio de Janeiro. As fotos icônicas foram estampadaspor todos os jornais e revistas da época. Atitude revolucionária de emancipação feminina, pois até então, mulheres grávidas, quando iam à praia, usavam uma cortininha sobre a barriga.
Uma grávida de biquini na praia
1975 – Declaração da ONU
O Dia Internacional da Mulher foi oficialmente criado pela ONU (Organização das Nações Unidas). Hoje, é uma data consagrada em mais de 100 países. Temas que não se esgotam e precisam ser relembrados nesta data de celebração, como condição de respeito também aos direitos humanos: violência doméstica, feminicismo e respeito à diversidade humana.
Anos 2000 – Mulheres à frente de startups
Das 100 maiores startups do Brasil, apenas 5% são lideradas por mulheres. Apenas 13,7% das startups que buscaram recursos em 2022 eram lideradas por mulheres, contra apenas 3% em 2021. Em termos de mercado, apenas 38% das empresas têm uma líder feminina no comando. Os números crescem, apesar de ainda não corresponderem a um número igualitário entre gêneros, os dados apresentam aumento em relação a 2019, quando mulheres representavam 25% das CEOs.
Stefarss Stefanelli é empreendedora digital, pesquisadora de tecnologias para o futuro do trabalho e palestrante internacional. Embaixadora Master do Clube Mulheres de Negócio Portugal. Integrou o Women In Tech Web Summit (Portugal). Faz parte do Lusofonia Digital, no grupo Futuro do Trabalho (Lisboa, Portugal). Fundou as empresas Oakian e a startup HR Tech CULC Inc. Tecnologia. É Publisher da EA Magazine.
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