Por Luiz Fernando Mora

 

É sempre bom estar com você por aqui na EA Magazine e poder compartilhar reflexões sobre o comportamento humano, algumas vezes no pilar Pessoal, outras no Social, mas principalmente no Profissional, afinal, é nesse último que dedicamos mais de 50% do nosso precioso tempo “acordados”, não é mesmo?

Sendo esse o meu primeiro artigo em 2025, começo desejando a todos um ano repleto de realizações, mas certo também de que este ano será o ano da sua oportunidade de poder se transformar na sua melhor versão.

Neste artigo, trago para você uma reflexão sobre um tema que pode ajudá-lo a alcançar mais facilmente os caminhos para se transformar em sua melhor versão. Na minha ótica, esse tema trata-se de um dos principais e mais importantes atributos que temos dentro de nós, o qual precisa estar ativo em tempo integral.

Sim, estou falando da Automotivação. Porém, algumas vezes confundimos esse atributo com a palavra Motivação.

Por conta disso, cabe aqui descrever os conceitos de cada um e a diferença gigantesca que os separam. A principal diferença entre motivação e automotivação é a origem do impulso que leva uma pessoa a reagir aos estímulos constantes da sua jornada diária.

Então vamos às definições de ambas:

  • Motivação: É um estímulo que pode vir de qualquer lugar, como elogios, recompensas ou outras forças externas. Pode ser volátil e dependente de outras pessoas, ou seja, não está sob controle do indivíduo.
  • Automotivação: É um impulso interno, baseado em valores e objetivos pessoais. A automotivação é uma força constante e resiliente que não depende de fatores externos, ou seja, está sob total controle do indivíduo.

Desta forma, podemos concluir que a automotivação é essencial para a realização de objetivos, pois permite encontrar a energia e a determinação necessárias para persistirmos mesmo quando surgem grandes dificuldades.

Me permitam contar uma história rápida da minha juventude que descreve bem os dois conceitos e a sua grande diferença.

Entre os meus 10 e 15 anos, vivia uma paixão por ser um piloto de avião comercial.

Morava a poucos metros do Aeroporto de Congonhas em São Paulo e, desde pequeno, subia em árvores que ficavam próximas ao aeroporto, bem ao lado da pista auxiliar e acompanhava diariamente a decolagem e o pouso das aeronaves. Estudava o tema e lia revistas especializadas sobre o mundo da aviação. Cheguei a construir um rádio transistor para acompanhar a frequência da torre de comando para ouvir a comunicação com os pilotos das aeronaves.

Era uma paixão tão grande que apenas ouvindo o “barulho” do avião já identificava qual modelo seria.

Para viver aquele sonho que acendia no meu coração não poupava nenhum esforço e não sentia nenhuma obrigação ou ter que me esforçar demasiadamente para fazê-lo, ou seja, era algo que acontecia com um prazer incontrolável. Não havia necessidade alguma de estímulos externos para me motivar, apenas a minha enorme paixão.

Porém, como ocorre com boa parte das pessoas, diversos acontecimentos e, principalmente necessidades de curto prazo mudaram de alguma forma os caminhos que precisei seguir, como por exemplo, ter onde morar, ter o que comer, ter o que vestir, ter como estudar.

Necessidades essas que me “levaram” a buscar as recompensas que uma troca entre o meu esforço de trabalho poderia me proporcionar como salário, plano de saúde e outros benefícios importantes para a minha sobrevivência. Todas essas recompensas supriram as necessidades que tinham naquele momento, então me sentia, de alguma forma, motivado a dar o meu melhor para buscar um encarreiramento que pudessem ampliar a minha capacidade de realizar outros sonhos.

O que desejo com esse breve relato da minha história é poder proporcionar a você uma reflexão sobre a diferença entre motivação e automotivação.

Poder proporcionar a você que reflita sobre as suas principais atividades e responsabilidades, sejam elas no âmbito Profissional, Social ou Pessoal, concluindo o quanto elas estão sendo realizadas para atender apenas necessidades ou aquilo que de fato o seu coração o guia ao longo do tempo.

Trata-se de uma reflexão profunda para que você consiga compreender os atalhos que podem levá-lo a buscar a felicidade plena com muito mais sabedoria.

Atuar no que se ama

Tenho uma convicção muito grande de que as pessoas que atuam com aquilo que de fato amam, possuem uma possibilidade muito maior de encontrarem a felicidade plena num tempo muito mais curto que aquelas que focam apenas em buscar recompensas que possam saciar as suas necessidades. É importante frisar que não estou dizendo que não podemos aprender a amar aquilo que fazemos, até porque podemos conquistar nossos sonhos com as mais diversas atividades.

Mas o que você prefere? Fazer o que de fato ama ou apenas fazer com amor? Que tal as duas coisas juntas?

Considerando os meus quase 40 anos de carreira, 30 deles como líder de equipes, procuro avaliar regularmente, o nível de motivação que cada liderado apresenta durante a execução de suas responsabilidades e, principalmente, na qualidade das suas entregas. Essa análise me permite identificar se há, minimamente, algum alinhamento entre os anseios de carreira de cada profissional com as expectativas estratégicas da empresa.

Mas o quanto você se for um líder, se preocupa em ajudar seus liderados a encontrarem o equilíbrio entre motivação e automotivação?

Vou fazer uma breve pausa para relatar um acontecimento que ocorreu enquanto escrevia esse artigo. Um amigo muito querido mandou a seguinte mensagem no grupo de WhatsApp que pertencemos: “Fazer o que você gosta é liberdade. Gostar do que você faz é felicidade!”

Vejam que demais e como a energia é algo que rompe barreiras!

Retomando…

Dentre os diversos papéis de um líder, o de identificar os atributos comportamentais de cada liderado, aprimorá-los e colocá-lo na melhor posição dentro da equipe, visando extrair o melhor de cada um, é um dos papéis mais relevantes. É muito comum observarmos pessoas apresentarem bons resultados e que ao longo do tempo desenvolveram um sentimento de muito carinho e respeito pelo que fazem, interpretando erroneamente, em alguns casos, que amam aquilo que estão fazendo no momento.

Esse sentimento é um tanto quanto perigoso por que o ser humano é motivado por 3 fatores específicos, que são: Necessidade, Recompensa ou Prazer.

  • Necessidade: Comer, morar, estudar, vestir, são alguns exemplos, daquilo que buscamos alcançar com a troca diária do nosso esforço.
  • Recompensa: Salário/Pró-labore, participação nos lucros, plano de saúde, novos cargos, são alguns resultados da troca de esforço físico e mental que colocamos no nosso trabalho.
  • Prazer: É quando encontramos a razão e o propósito para sairmos diariamente da cama sem o compromisso com as necessidades e as recompensas.

Essa reflexão estimula a busca pela resposta da seguinte pergunta:

Você está no lugar certo?

Você se lembra por qual razão esta coluna se chamar Elixir da Vida? Para recordar, leiam meu primeiro Artigo: Elixir da vida, onde tudo começou 

Portanto, podemos fazer uma analogia da “transmutação de líquidos” com a junção de diversos atributos comportamentais, os quais precisamos monitorá-los e aplicá-los diariamente para alcançar nossas metas. É uma sugestão de uma forma diferente de exemplificar como devemos reagir e agir.  Dentre esses atributos, a automotivação é um “ingrediente” especial, é um toque “mágico” para que todo o resto funcione como um relógio.

Para mim, ele é o “Santo Graal” dos comportamentos.

A motivação é a ferramenta que usamos para fazer tudo aquilo que menos gostamos, enquanto a automotivação é o sentimento de felicidade plena de estarmos seguros de onde estamos.

Vou repetir, mas agora de outra forma… Quando fazemos aquilo que amamos, não depositamos os resultados no quanto eles irão proporcionar recompensas materiais, e sim apenas emocionais.

Para apoiar você na identificação do nível da sua automotivação, avalie a sua primeira reação ao tocar o despertador pela manhã, veja como é reflexivo esse tema, caro leitor.

Costumo dizer que “automotivação forçada” é o comportamento usado quando, ao tocar o despertador pela manhã, apertamos 2 ou 3 vezes a opção “soneca” antes de criarmos a coragem necessária para nos levantar da cama para mais uma jornada diária. Por isso, o despertador é a melhor ferramenta para demonstrar o seu indicador, o qual representa se você está ou não feliz com o que está fazendo hoje.

Quando dominamos dentro de nós o sentimento da automotivação como alavanca para “pularmos da cama” todos os dias e com a máxima disposição, passamos a ter a compreensão de que estamos no caminho certo na busca por nossos sonhos.

Não se esqueçam que automotivação é um comportamento automático como respirar e amar, e que funciona de forma absolutamente involuntária, considerando onde ou com quem estamos…

Me conte: e você, se sente motivado, automotivado ou ambos?

Até breve…

 

Luiz - O enigma da automotivação!

Luiz Fernando Mora é formado em Administração de Empresas com MBA em Gestão Empresarial pela FGV. Tem 38 anos de carreira no Sistema Financeiro atuando em Engenharia de Processos, Planejamento Estratégico e Gestão de Pessoas. Aos 50 anos, diagnosticado com câncer (linfoma de Hodgkin) passou por um processo de cura que o fez enxergar a vida em novas dimensões. Hoje, aos 54 anos, está em processo de remissão da doença e somou na sua carreira, os papéis de palestrante e escritor. É também mentor pela MBB Mentoring Behavioral Balanced. A experiência em lidar com a doença lhe ensinou novos valores, em especial, que lhe proporcionaram ser um ser humano diferente no âmbito pessoal, social e profissional, sempre buscando o equilíbrio entre corpo, mente e alma. É Colunista EA “Elixir da Vida”.

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