Por Judá Nunes

A Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) são mais do que conceitos abstratos ou valores morais. Elas são fatores essenciais para o sucesso de qualquer empreendimento, pois contribuem para a inovação, a produtividade, a satisfação e o bem-estar de todos os envolvidos. 

Para que isso aconteça, porém, é preciso que a DEI esteja integrada de forma indissociável à cultura organizacional e às práticas cotidianas, o que faz necessário o entendimento do conceito de Letramento em Futuros ou Letramento Inclusivo.

O Letramento em Futuros Inclusivos é a capacidade de ensinar e/ou aprender a reconhecer, respeitar e valorizar as diferenças individuais e coletivas que existem na sociedade e no ambiente de trabalho. Ele envolve o desenvolvimento de habilidades comunicativas, relacionais e gerenciais que possibilitem a interação positiva e construtiva entre pessoas de diferentes origens, identidades, experiências e perspectivas. 

Também implica em uma postura crítica e reflexiva sobre as próprias crenças, atitudes e comportamentos em relação a si mesmo, à diversidade e ao mundo em que se vive.

No cenário empresarial contemporâneo, a valorização da DEI não é apenas uma escolha, mas uma necessidade imperativa. Esses três elementos desempenham papéis cruciais no desenvolvimento sustentável de qualquer negócio, independentemente do porte dele ou setor de atuação.

A força de trabalho do século XXI é mais diversificada do que nunca, e as empresas que reconhecem e abraçam essa diversidade estão em uma posição vantajosa tanto do ponto de vista da justiça social quanto da inteligência de negócios. 

Contudo, é verdade que nem todas estão na mesma página.

Embora, por exemplo, 77% das organizações participantes da pesquisa desenvolvida pela Willis Towers Watson declarem se considerar eficazes na criação de um ambiente de trabalho que encoraje a dignidade, o respeito e a autoestima das pessoas colaboradoras, apenas 25% delas utilizam dados para segmentar os funcionários e adaptar o alcance dos programas de inclusão e bem-estar às necessidades específicas de partes subrepresentadas da diversidade no ambiente laboral.

Algumas organizações podem se limitar a seguir as tendências do mercado sem entendimento completo das necessidades dos seus colaboradores ou mesmo da falta de diversidade do seu ambiente de trabalho. 

É verdade que muitas delas concentrem seus esforços em eventos como as “semanas da diversidade”, que contam com a presença de palestrantes e especialistas do mercado de DEI, com o objetivo de apresentar à organização as razões pelas quais devem considerar a contratação de pessoas transgênero, LGBTI+, pessoas com deficiência (PCDs) e indivíduos negros. 

Mesmo que essas iniciativas possam ser um bom ponto de partida, é importante que as organizações mergulhem mais profundamente nas questões de inclusão da diversidade como um todo.

Mas como começar?

Se não sabe como começar, comece pelo básico. Realize uma avaliação interna aprofundada para identificar as áreas em que a organização está falhando em termos de inclusão. Isso pode envolver pesquisas de clima organizacional, grupos de discussão e entrevistas com funcionários. O objetivo é identificar barreiras e desafios específicos enfrentados pelos colaboradores de grupos subrepresentados.

Com essa conduta estratégica, vai se aprender como gerenciar de forma que se atendam às necessidades variadas de grupos diferentes, perpassando pelo entendimento de que cada pessoa tem uma curva de desenvolvimento individual para assim, criar metas e avaliações aplicadas à jornada de cada colaborador, desde a atração de talentos, por exemplo. 

Plano de inclusão

Além de desenvolver um plano de inclusão que reflita diferentes perspectivas culturais, étnicas, sociais e históricas, pois isso ajudará a enriquecer a experiência, as relações interpessoais e de um espaço de trabalho multicultural. Não esquecendo de assegurar que os materiais para a educação inclusiva no espaço de trabalho sejam acessíveis a todas as pessoas, incluindo aquelas com deficiências visuais, auditivas ou cognitivas. Isso envolve o uso de formatos alternativos e tecnologias de acessibilidade.

Em um país com uma história de desigualdades profundas, a promoção do Letramento em Futuros Inclusivos para a promoção da inclusão da diversidade nas organizações é um avanço crucial para combater o preconceito e a discriminação. 

Isso não se limita apenas à igualdade de oportunidades, mas também à criação de ambientes inovadores, onde todos as pessoas se sintam valorizadas, respeitadas e aptas para a “fabricação de um futuro” do ponto de vista físico, intelectual e moral correspondente à redução radical das desigualdades.

 

 

IMG 7454 - Letramento em futuros inclusivos na era da diversidade corporativa

Judá Nunes é travesti, graduada em Licenciatura em Teatro pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, é especialista em Diversidade, Equidade e Inclusão e em Futuros com foco em Educação, Movimentos Sociais, Trabalho e Transformação humana. Atua como educadora, gestora de projetos, comunicadora, escritora, palestrante e consultora de empresas em temas de Diversidade e Inclusão. Mentora de executivos interessados em entender melhor a dinâmica de Diversidade no século 21. Em 2022 foi reconhecida e certificada como LinkedIn Top Voices. Colunista EA “Letramento em Futuros”.

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