Por Judá Nunes

 

No cenário dinâmico das organizações contemporâneas, a diversidade emerge como uma força impulsionadora, desafiando conceitos arraigados sobre o “fit cultural” ao contrariar a noção de que um ambiente diverso ameaça a harmonia entre valores individuais e a cultura organizacional.

Na verdade, criar ambientes inclusivos é uma oportunidade para a prosperidade empresarial.

Neste contexto, ao adotar uma postura ética em relação à inclusão da diversidade, as corporações comprometem-se a incorporar tecnologias sociais que antecipam as necessidades de seus públicos-alvo, seja ele trabalhador ou consumidor. Empresas que acolhem a diversidade estão mais propensas a adotar inovações que preveem as necessidades de um público cada vez mais heterogêneo – essa é uma das conclusões do relatório Global Diversity and Inclusion, da Deloitte.

Tenho a convicção de que, independentemente da causa que eu abrace, almejo, ao final, encontrar a liberdade.

Toda a luta pela inclusão da diversidade é, em última análise, uma busca pela liberdade. A liberdade de ser, contribuir e inovar. Ao superar as barreiras estabelecidas, não apenas construímos ambientes de trabalho mais inclusivos, como asseguramos que a liberdade seja o resultado final de todas as batalhas pela equidade.

E, para isso, a educação contribui para a construção de culturas organizacionais mais inovadoras e adaptáveis. Proporciona uma base para a desconstrução de padrões discriminatórios e ajuda a implementar políticas internas que garantem a igualdade de oportunidades. Ao educar sobre as vantagens da diversidade e inclusão, as organizações se posicionam para atrair talentos diversos e fomentar um ambiente onde a criatividade e a colaboração florescem.

Na minha jornada profissional, tenho construído um entendimento de que a educação social emerge como um método essencial para cultivar as habilidades humanas e interpessoais que surgem da interação entre perfis diversos.

O aprendizado das habilidades técnicas ou das técnicas de comunicação interpessoal (comunicação não violenta), bem como o aprendizado sobre inclusão em treinamentos, deve encontrar-se intimamente associado à tomada de consciência das situações reais vividas pela diversidade (em sua totalidade) dentro dos ambientes laborais.

Vencer as concepções ultrapassadas

Assim, ao reconhecer e abordar as lacunas educacionais em relação à diversidade, dentro das organizações, temos a oportunidade de evoluir para ambientes mais justos, inclusivos e produtivos.

A educação não é apenas um meio de adquirir conhecimento, mas sim uma ferramenta poderosa para promover a libertação de concepções ultrapassadas, construindo um futuro mais equitativo e progressista. O que a torna, aliás, um ponto de partida ideal para construir a cultura organizacional de forma mais inclusiva.

Dentro do contexto da educação formal e das experiências de alfabetização no Brasil, segundo Paulo Freire, em “Educação como prática da liberdade”, não são necessários mais de trinta dias para alfabetizar um adulto. Contudo, na experiência da educação social é necessário muito mais que um mês completo para reeducar socialmente uma pessoa adulta dentro do contexto do respeito à diversidade do século XXI.

Seria, porém, um equívoco imaginar que as palestras e treinamentos de conscientização não passariam de uma “preliminar” do real trabalho de inovação social dos espaços laborais.

Não se trata propriamente de que palestras, rodas de conversas ou até treinamentos e cursos sucedem à inovação ou de que estas se apresentem como condições daquelas.

Eis aí um princípio essencial: a educação social, o trabalho e a inovação jamais se separam. Princípio que, de nenhum modo, necessita limitar-se ao resultado de uma inovação tecnológica.  Afinal, o futuro não é só tecnologia, mas a confluência de culturas diversas – e a educação social é a responsável por pavimentar esse caminho.

Em um mundo no qual a inovação se entrelaça com a diversidade, a educação social é a chave para desbloquear um mundo em que a liberdade é o resultado inevitável. No próximo artigo, darei mais detalhes sobre essa jornada transformadora.

 

Juda Nunes (Colunista)

Judá Nunes é inovadora social, licenciada em Teatro pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Especialista em Educação para Inclusão da Diversidade, analista de ESG e reconhecida como LinkedIn Top Voices Orgulho. Tem atuado como educadora, gestora de projetos, comunicadora, escritora, palestrante e consultora; se destaca como mentora de um novo tempo, oferecendo insights sobre a dinâmica da diversidade no século XXI. Desde 2016, seus estudos em Gênero, Educação, Movimentos Sociais, Trabalho e Transformação Humana culminaram no desenvolvimento de uma metodologia exclusiva e crítico-analítica para a formação de executivos na educação corporativa e para a gestão de projetos de impacto social, com foco em DEI. Sua paixão pela promoção da inclusão reflete-se em sua missão de comunicar e impactar positivamente, eliminando barreiras e conscientizando sobre vieses. Colunista EA “Letramentos em Futuro”.

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