Por Maurício Munhoz
Hoje investi parte da agenda em ler o artigo do autor da EA, o Felipe Gruetzmacher, intitulado “Hackear sua Mente”, onde ele passeia sobre determinado case de implantação de uma ferramenta de Inteligência Artificial, discorrendo sobre o que deu certo, sobre o que não deu tão certo, e alguns insights e provocações possíveis no exemplo dado.
Durante a minha viagem pelo texto do Felipe, me recordei de algumas provocações que recebo para falar sobre Inovação dentro da área de RH, abordando novas ferramentas e plataformas utilizadas em processos de Recrutamento e Seleção, sobre a utilização da Inteligência Artificial em programas de Educação Corporativa, sobre tendências de modelos de gestão e de engajamento, e por aí vai.
Deixo boa parte destes insights com meus colegas aqui da EA Magazine, por serem extremamente competentes no tema, como o próprio Felipe. Prefiro me provocar sobre o tema jogando luz sobre o enfoque cultural, e sobre qual o papel e as responsabilidades da Área de Recursos Humanos aqui.
Bora?
Bom, é sempre importante iniciar toda e qualquer discussão sobre Inovação lembrando que ela é um motor fundamental para garantirmos o crescimento e a competitividade das organizações no cenário empresarial contemporâneo.
E não se trata apenas sobre gerar ideias criativas; é sobre moldar um ambiente onde essas ideias podem ser cultivadas, testadas e implementadas de maneira eficaz. Nela, as pessoas da organização promovem a criatividade, a experimentação e a implementação de novas ideias sem receio de errar. Isso é crucial para a adaptação e sobrevivência de toda e qualquer empresa no nosso contexto de altíssima mudança.
Este processo é intrinsecamente ligado à forma como as pessoas na organização trabalham e interagem entre si, colocando o RH em uma posição estratégica para fomentar essa cultura.
Essa forma de interação produtiva e inovadora traz em si alguns elementos-chave para seu sucesso, como:
- Tolerância ao fracasso
- Encorajamento à experimentação
- Diversidade e inclusão
- Comunicação aberta e colaborativa
- Foco em aprendizado contínuo
Faço um exercício de como trazer isso para o nosso cotidiano de profissionais da Área de Pessoas (como costumo chamar o RH), de modo mais palatável e olhando para nossas principais frentes.
Nesse exercício, eu trago:
- Recrutamento e Seleção: o RH oferecendo suporte e metodologia para que a empresa busque não apenas pessoas que possuam as habilidades técnicas necessárias, mas fundamentalmente que sejam alinhadas com a cultura pretendida pela empresa. Isso inclui a capacidade de pensar de modo criativo, uma forte capacidade de experimentar e lidar de modo positivo/produtivo com as falhas, e que tenham atitudes positivas com relação ao convívio com ambientes de mudança.
- Desenvolvimento & Treinamento: que nossos programas de treinamento enfatizem a importância da construção de ambientes de confiança entre as pessoas e a responsabilidade da liderança sobre isso, que atuem em habilidades em torno de resolução de problemas, de atitudes de colaboração entre as pessoas, que valorizem o pensamento crítico em suas jornadas. Algumas soluções como “oficinas de aprendizado” entre módulos, ou momentos focados na busca de soluções a problemas reais da empresa são fundamentais. Numa outra “mão”, observo que há cada vez mais programas de mentoria dentro das organizações, movimento este que merece toda atenção e reconhecimento.
- Avaliação de Desempenho & Feedback: esta frente traz robustez e suporte ao modelo na medida que é pensada e construída de modo a recompensar não apenas os resultados, mas também como ele é alcançado, pontuando e reconhecendo também ações/ projetos de inovação nas áreas, entre as áreas.
- Cultura & Engajamento: neste ponto o RH precisa mostrar o caminho. É ser o “Mestre-sala e a Porta-bandeira” do assunto dentro da empresa, liderando pelo exemplo ao ter no seu quadro pessoas (lideranças e equipes) que tenham a humildade e a vontade de buscar novos modos de pensar e de fazer, trazendo os erros como ótimos aprendizados, e olhando para a organização de modo a criar políticas e práticas que deem suporte à Cultura pretendida.
Neste “Mestre-sala e Porta-Bandeira” para rapidamente para fazer alguns convites que considero importantes, como:
Bora termos cada vez mais líderes em nossa área que se vejam como facilitadores com suas equipes, oferecendo direção e suporte, permitindo autonomia e experimentação!
Bora focar numa comunicação clara, clara e clara junto a todos os níveis da organização, trazendo onde estamos, aonde queremos chegar, porque disso, e os papeis e responsabilidades de cada um nessa caminhada!
Bora construir cada vez mais equipes diversas, com diferentes experiências e perspectivas, incentivando a busca pela melhor solução possível aos desafios propostos a elas!
Bora investir mais do que budget, mas sim o nosso tempo e nosso desejo no desenvolvimento das pessoas ao nosso entorno!
Bora reconhecer e celebrar as conquistas, e não apenas as finais, as grandes, mas os pequenos passos e aprendizados que damos na caminhada, incentivando as pessoas a também praticarem isso com aqueles que convivem!
Em resumo, poderia falar que um modo de ver o tema Inovação dentro de cada organização é medindo como as pessoas ali lidam umas com as outras, dando espaço e liberdade para cada um ser quem de fato é, respeitando suas experiências e seus pontos de vista naquilo que estiver sendo discutido.
Esse é o motorzinho da Inovação dentro de qualquer organização.
Bora turbinar esse motorzinho?!
Maurício Munhoz é sócio-proprietário da Human Connection Desenvolvimento Humano. Consultor Sênior com atuação em projetos e ações de Treinamento & Desenvolvimento, Transformação Cultural e Gestão de Mudanças Organizacionais. Se diz um curioso sobre coisas da vida. É adepto de uma vida simples, de viagens e de conhecimentos, sendo que como diz, seu maior patrimônio reside na sua relação com a sua esposa e a família. Tem como grande motivação deixar o mundo (pelo menos um pouquinho) melhor. É colunista EA “Cultura: E o RH com isso?”
https://www.linkedin.com/in/mauricio-munhoz/
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