Por Djairo Gonçalves

 

Se você está lendo este meu primeiro artigo aqui na EA Magazine é porque você, assim como eu e todos os indivíduos, tem um chamado especial. O chamado da vida plena, realizada e integrada com os propósitos da sua alma. E por você estar aqui consciente, inconscientemente ou por uma sutil coincidência do destino, eu te agradeço, te respeito, te honro e tenho certeza de que estamos no mesmo caminho e, se algum dia nos encontrarmos, sei que nos reconheceremos.

E por isso, de todo o meu coração, muito obrigado!

Você sabia que foram nas experiências sobre absorção, reflexão e polarização da luz do teólogo, físico e inventor escocês Sir David Brewster em 1816 que em uma tentativa de combinar ciência e arte inventou o caleidoscópio?

O nome dado ao experimento se traduz na junção das palavras derivadas da Língua Grega “kalos” (belo ou bonito), “eidos” (forma) e “skopein” (observar). Essa combinação nos faz um convite a investir parte do nosso tempo na observação e na contemplação de formas belas ou bonitas. De curiosidade científica, passando por brinquedo conhecido no mundo todo, o caleidoscópio nos cativa e estimula nossa curiosidade por sua capacidade de criar de forma imprevisível infinitas imagens.

Na educação, o caleidoscópio pode ser usado de forma lúdica na transmissão de conceitos como refração e reflexão da luz bem como nos conceitos de simetria e geometria. Artistas plásticos e designers de moda são influenciados pelo caleidoscópio pelo seu impacto visual e pela sua dinâmica de formas e cores que provocam sensações de movimento e da impermanência das coisas, inerentes a todos os seres.

Encontramos também o caleidoscópio em contextos terapêuticos como ferramenta de expressão de sentimentos, meditação e de relaxamento.

Através da observação atenta das imagens podemos nos desconectar das situações de ansiedade e estresse e nos conectar com o momento presente, com o chamado “aqui e agora”. Assim, podemos alternar nosso ciclo respiratório e contribuir para um estado de bem-estar.

Como podemos observar, o caleidoscópio e sua simbologia estão presentes em nosso cotidiano e, concordemos nós ou não, em nossos processos psíquicos percebidos na forma de mandalas amplamente conhecidas em filosofias espirituais do oriente onde elas simbolizam o Universo e a mente humana e inspiraram estudos em Psicologia Analítica enquanto “totalidade psíquica” do indivíduo. Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço e criador desta vertente da psicologia, introduziu o conceito de padrões universais de comportamentos e experiências estudando povos de várias regiões do planeta.

Em seus estudos, Jung destaca que existem imagens e símbolos que ressoam de forma ancestral com a experiência humana (formas arquetípicas) em um ambiente que, segundo ele, nos conecta como um todo e guarda a nossa história como humanidade.

Esse ambiente, Jung chamou de inconsciente coletivo, e no qual nascemos identificados e com o passar do tempo e através de nossas experiências sensoriais (vivências) vamos nos desidentificando do inconsciente coletivo e nos identificando com os padrões em que nos desenvolvemos e nos tornando quem somos (inconsciente pessoal). Como metáfora das nossas experiências sensoriais, do autoconhecimento e do potencial de transformação de cada indivíduo.

Neste contexto, a dinâmica do caleidoscópio retrata a impermanência, a multiplicidade e a complexidade de nossas experiências psíquicas e nos convida a lançar um olhar atento, diferente, um olhar cuidadoso, uma nova perspectiva.

Este olhar, a desenvolver a capacidade de enxergar o mundo e a nós mesmos de ângulos diferentes.

Ou como poderia dizer Jung, viver uma vida mais simbólica, mais leve e criativa e menos rígida e fusionada com nossos papeis sociais, com nossas verdades e, claro, com as personas que desenvolvemos ao longo da vida para nos adaptarmos ao meio em que vivemos.

Assim como o caleidoscópio não representa apenas um objeto visual, mas um convite à observação da beleza, da diversidade e da multiplicidade da humanidade. E ao mesmo tempo, representa um símbolo de transformação contínua que nos convida a olhar para a vida e para nós mesmos como um grande mosaico de experiências interconectadas.

Como diria, sugere a “teoria das cordas” (isso é outro assunto) eu espero honrar este espaço e provocar cada um de nós a olhar a nossa vida pelas lentes de nosso próprio caleidoscópio.

Com todo o meu amor!

 

FOTOS PBS - Caleidoscópio: Ciência, brinquedo, arte e vida simbólica

Djairo Gonçalves é psicoterapeuta com orientação Junguiana, e hipnoterapeuta. Atua apoiando pessoas em suas questões pessoais e profissionais. Realiza treinamentos, palestras, encontros e retiros com foco no aprimoramento de habilidades comportamentais (soft skills). Pós-graduado em Psicologia Analítica com MBA na Westminster University, Salt Lake City, USA. Pós-graduado em Marketing (ESPM-SP) com graduação em Administração de Empresas (Universidade Metodista). Mais de 25 anos trabalhando no segmento Financeiro e em consultorias estratégicas e de Recursos Humanos. Colunista EA “Espaço Caleidoscópio”.

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