Por Patrícia Milaré Bertão
“Ser ou não Ser, eis a questão”. Talvez o tema Empresa & Home Office merece essa abertura triunfal com citação de Shakespeare, porque é extremamente relevante e merece glamour.
Sem nenhum pré-julgamento, apenas validando fatos com pitadas de pensamentos e vivências próprias. Se hoje me perguntassem qual o melhor e mais produtivo modelo de trabalho, híbrido, home office ou full time escritório eu responderia em alto e bom som, depende.
Cada profissional tem uma forma de trabalhar e de encontrar a melhor maneira de ser mais produtivo e entregar com maior excelência e eficácia.
O local após todo esse período em que ficamos reclusos em casa parece pouco importar. Se colocarmos em uma escala de necessidade, provavelmente estaria entre os últimos. Todos já sabemos que é esperado entregar o que é necessário para a nossa função independendo do local físico.
Sendo bem transparente e redundante com tudo que já foi escrito e falado, aprendemos a trabalhar em HO a fórceps. Não houve preparação. Ninguém desenhou um modelo, colocou nas ferramentas administrativas e testou o modelo. Não “houve” PDCA. Diagrama de Ishikawa (causa e efeito). Ninguém trabalhou 5W2H e quiçá um Pareto, pois não havia nada para medir.
O RH não teve tempo de elaborar as boas práticas do HO e outras rotinas.
Os líderes, gestores, diretores, CIOs, CFOs, CTOs, CEOs e todas as siglas que podem conter um organograma não tiveram sequer, uma agenda para direcionar suas equipes. Simplesmente dormimos no escritório e acordamos com o escritório em casa. Fomos empurrados de um barranco e aprendemos a abrir as asas e voar pela primeira vez.
E o que estava sendo ensaiado há anos em muitas empresas e corporações, tomou corpo rapidamente. Não havia plano B, era fazer e pronto. Tinha que funcionar e funcionou. Sabe por quê? Porque todos estavam no mesmo barco. Não havia diferença de cargo, salário ou função. Todos remando para a mesma praia. As empresas não podiam parar.
E assim passaram-se dois anos de adaptações e ajustes. Hoje, o modelo híbrido vem tomando corpo e sendo muito bem visto por grande maioria dos profissionais. Alguns, mais tímidos e reclusos, preferem continuar 100٪ HO e existem aqueles que produzem muito mais estando o tempo todo no escritório. E uma terceira via que ama um misto dos dois.
As empresas também estão se ajustando e encontrando, inclusive, dentro de cada área qual o melhor formato. Finalmente se entendeu que pode e deve haver “diferenças equalizadas” dentro da mesma organização, desde que não haja prejuízo nem para o profissional e nem para a empresa companhia. Bem-vindos a era da flexibilidade com autonomia e responsabilidade.
O trabalho em HO propiciou integração maior entre os nossos mundos pessoal e profissional.
Finalmente caiu por terra a ideia de que trabalho e vida pessoal não se misturam. Somos uma única pessoa que se divide nesses dois mundos e eles se misturam. Filhos entenderam melhor o trabalho de seus pais e, por sua vez, os pais entenderam a rotina de seus filhos. Não exatamente de forma muito tranquila, mas as rotinas foram se encaixando e se acomodando.
Com tudo isso, podemos tirar alguns pontos para refletirmos:
- Somos seres adaptáveis, basta que haja disponibilidade das partes
- Ninguém é igual a ninguém e, com essa premissa, entendemos que profissionais nenhum é igual ao outro
- Todos sabemos o que é melhor para nós dentro das disponibilidades que as empresas nos apresentam
- Os cenários corporativos deram um (ou até mais) giro de 360º nesses últimos dois anos. Tivemos que desaprender, aprender, se despir de conceitos e criar cenários
- Em casa, não foi fácil lidar com reclusão
- O mundo não é estático e está sempre em transformação e evolução
- Os novos formatos de trabalho exigem muito mais responsabilidade dos profissionais
Não importa como a sua empresa ou organização desenhou essa volta. Se existe flexibilidade, se voltou ao trabalho 100% presencial ou total HO. Encontre você a melhor forma de fazer o seu melhor com energia, sorriso no rosto e vontade de fazer acontecer.
Não reme contra a maré só para ser o “diferentão”.
Patrícia Milaré Bertão é casada e mãe de duas filhas. Formada em Secretária Executiva (USC), Administração de Empresa (UNIFAE) e MBA em Gestão Empresarial (FAE). É coordenadora sênior Account, TIM Brasil. Participa de um blog que trata sobre diversos temas e assuntos como Comportamento, Relacionamentos e Mundo Corporativo (@vem_que_a_gente_explica). Voluntária na Social Startup, sem fins lucrativos, com foco no desenvolvimento humano – Da Periferia para a Faria Lima. Tem um viés poético e tem três poesias classificadas e publicadas em livros, Poetize 2022 Seleção Poesia Brasileira, Poesia Livre 2022 e Poesia BR. Escrever é meu divã! Colunista EA “Mundo Corporativo”.
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