D&I, causas sociaisPatrícia Milaré Bertão 

 

O tema é bastante polêmico e certamente desperta apoiadores para todos os lados e pessoas que fazem questão de torcer o nariz. Mas sem dúvida, uma coisa que poderia desaparecer definitivamente do mundo é a segregação que existe de várias formas. Infelizmente ainda uma utopia. 

As causas tidas como minoritárias estão sob holofotes. Podemos perceber que grande parte de empresas resolveu erguer bandeiras sobre vários tipos de preconceito e discriminação. Questão de gênero, cor, raça, etnia, religião, deficiência física e/ou intelectual e idade tomaram conta das pautas de RH.  

Acredito que os primeiros passos estão sendo dados. Há uma abertura de consciência coletiva, em especial, no ambiente corporativo. Mas ainda tudo muito embrionário se comparado a séculos e séculos em que o ser humano enfrenta todo tipo de exclusão.  

Então, a narrativa não pode estar descolada da realidade e ser apenas proforma e marqueteira. Tem que ser engajada e verdadeira. É preciso que as pessoas de uma vez  

por todas entendam que competência é algo que o indivíduo controla, ou seja pode investir, estudar, crescer e se desenvolver.  

Agora a cor de sua pele, opção sexual, avançar da idade etc., definitivamente não. 

Entender diferenças é preciso, é necessário. Mas como trabalhar a inclusão na sua raiz, na sua origem? Às vezes a sensação que tenho é que essa luta não é real e precisa ser repetidas inúmeras vezes para ser incorporada, até por quem as levanta. Mas é primordial deixar de ser sentimento e se tornar ação. Disseminar a ideia e fazer a diferença principalmente para o indivíduo e minorias que sofrem com essas questões. 

Vagas por perfil de candidato

Encaminhada a questão interna com as pautas de Diversidade e Inclusão, como fica a porta de entrada da empresa para novas contratações? Seja curioso e entre em sites e aplicativos  de recrutamento para mundo profissional. Pesquise vagas e se candidate. Você irá se deparar com perguntas sobre cor de pele, orientação sexual, idade, estado civil, religião e alguns vão mais além e questionam até se o candidato tem tatuagem ou piercing.  

O que esse perfil de cadastro tem a ver com a qualidade profissional do candidato?   

Parece peneira velada, uma forma de pré-classificação. Questionamentos sobre qualificação, soft skills, engajamento, conhecimentos, muitas vezes ficam relegados a segundo plano. 

Tive oportunidade de conversar com alguns amigos que atuam na área de RH e o relato é que muitas vezes a empresa vende a ideia de inclusão na mídia e na prática ela não se concretiza. Por isso, questiono até que ponto o movimento é genuíno e onde ele é apenas uma jogada de marketing para que a empresa fique bem na foto. Vale a reflexão. 

Direito e coitadismo 

Por outro lado, existe uma linha tênue na segregação que trava brigas homéricas entre o direito e o coitadismo. Aí mora um perigo que faz você perder a razão e a batalha. Mas tudo passa pela questão do equilíbrio. Na visão de coitadismo as pessoas que estão listadas nessas “cotas” se utilizam disso como um viés “o mundo me segregou” e aqui fico eu esperando que o externo resolva as minhas lutas. Para tudo. Lutar por igualdade, sim.  

Lutar pelos direitos devidos a qualquer cidadão, sim. Temos uma Constituição para isso. Agora ficar apenas na posição de reclamador oficial sem agir, definitivamente não funciona. 

Experimente olhar para a foto de um esqueleto.  

Sem ler nada sobre ele você saberia a cor de sua pele? A sua opção sexual? Se ele tinha algum tipo de deficiência? Entende como somos exatamente todos iguais revestidos de peles, lutas e sonhos? Então, tenha uma, duas, três, enfim, quantas causas você julgar necessário para chamar de sua e lutar por ela. Mas faça com convicção e vontade, sem modismo. O outro não é um experimento. Ele também habita um corpo feito de carne e osso. Assim como você. 

 

PATHY BRANCO - Diversidade e inclusão, causas sociais

Patrícia Milaré Bertão é casada e mãe de duas filhas. Formada em Secretária Executiva (USC), Administração de Empresa (UNIFAE) e MBA em Gestão Empresarial (FAE). É coordenadora sênior Account, TIM Brasil. Participa de um blog que trata sobre diversos temas e assuntos como Comportamento, Relacionamentos e Mundo Corporativo (@vem_que_a_gente_explica). Voluntária na Social Startup, sem fins lucrativos, com foco no desenvolvimento humano – Da Periferia para a Faria Lima. Tem um viés poético e tem três poesias classificadas e publicadas em livros, Poetize 2022 Seleção Poesia Brasileira, Poesia Livre 2022 e Poesia BR. Escrever é meu divã! Colunista EA “Mundo Corporativo”.

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