Por Mauricio Munhoz

 

“Você precisa ser a mudança que quer ver no mundo”, Mahatma Gandhi

Recentemente, em um bate-papo sobre a construção de um ambiente de alta performance (e de modo sustentável e saudável na organização), me peguei provocando aquele grupo da alta liderança de uma empresa do sistema financeiro com a seguinte pergunta: “Estamos vivendo cada vez mais, e com isso precisaremos permanecer por mais tempo economicamente ativos.”

E segui refletindo com eles: “Em um mundo onde 65% das crianças com 8 anos de idade irão trabalhar em algo que ainda nem foi inventado, onde 44% das nossas skills precisarão ser revisitadas nos próximos 5 anos, o que vocês estão fazendo para se atualizarem de fato?”

Bom, antes de tudo, é preciso falar que os dados que eu trouxe na provocação podem ser encontrados nos relatórios “Future of Jobs”, do The World Economic Forum tanto no ano de 2016 (sobre as crianças atuando em profissões que ainda não foram inventadas), como neste mais atual, de 2023 (sobre a necessidade de revisitarmos quase metade dos nossos skills nos próximos 5 anos).

A reflexão que eu me faço de modo constante, e que compartilho com meus colegas da área de Recursos Humanos, é sobre o quanto somos exemplo em nos matermos conectados com novos conhecimentos e novas práticas de RH, sendo que somos os primeiros a trazermos conceitos como Mundo VUCA, Mundo BANI, Mundo Fluído, Momento de Singularidade na clara intenção de provocarmos nossos clientes internos e externos sobre a necessidade de se atualizarem cada vez mais.

Que possam responder de modo positivo e propositivo a tantas mudanças impactantes no seu cotidiano, e o quanto nós mesmos praticamos a visão de que precisamos nos manter conectados e ativos num movimento de busca incessante de conhecimento e de aplicação de novas práticas em nossas áreas de atuação dentro do RH.

Este movimento nos leva a praticar dentro de casa (RH) uma palavra que é linda de se falar, que cada vez mais é utilizada e valorizada no mundo corporativo, e que para muitos é o grande Skill do século: Adaptabilidade.

Gosto de procurar entender melhor o que pode servir de alicerce para essa palavrinha tão bonita de se falar, e em determinados exercícios acabo encontrando que não existe adaptabilidade sem falarmos sobre 3 contextos de habilidades: Humildade, Curiosidade e Protagonismo.

Neste exercício, falar sobre “Humildade” é nos provocarmos de que não somos os “donos da verdade” no que se refere às mais variadas práticas que proporcionam melhores experiências aos colaboradores. Como também na necessidade de compreendermos que nossos acertos conquistados até o momento não irão necessariamente ser as melhores soluções para daqui cinco minutos. 

Neste item em específico, um exercício em particular pode dar algumas câimbras: a decisão que precisamos tomar em deixarmos de fazer aquilo que a gente considera fazer muito bem, mas que já não serve mais pelo novo contexto.

Neste ponto, me veio em mente um ex-professor meu de Psicodrama, o Aníbal Mehzer, que costumava nos provocar em sala com a frase: “o excesso de nossas fortalezas é a base de nossas fraquezas”.

Com isso a “Curiosidade” pode aflorar de modo mais rico e produtivo, lançando luz sobre nossas sombras. 

Exercitar a curiosidade para ampliar a busca constante em conhecer as melhores práticas disponíveis no mercado e analisar, de modo claro, como esses conhecimentos podem ser melhor utilizados em cada contexto organizacional e nas várias frentes do RH. Cito aqui algumas para refletirmos:

  • Melhores práticas em R&S em modelos online.
  • Melhores metodologias “blended” para programas de educação corporativa que, de fato, elevem o engajamento nas jornadas de desenvolvimento individual.
  • Melhores ferramentas utilizadas, e quais seus indicadores, para compreendermos mais e melhor sobre o que nossas pessoas estão pensando/sentindo sobre o ambiente de trabalho e, traçando assim, uma linha clara sobre os dados e quais os impactos deles no cotidiano da organização.
  • E ainda, na correta usabilidade de dados: buscar co-construir com as pessoas, planos de ações efetivos de melhor gestão e de engajamento…. E por aí vai.

Já o “Protagonismo” vem com o conjunto de ações práticas que adotamos baseadas no que aprendemos com nossa humildade e nossa curiosidade. É buscar de modo consistente (vale falar: é muito mais sobre consistência, e não sobre a potência das ações) posicionar o RH como defensor e apoiador de práticas modernas de gestão junto aos membros do conselho e executivos sêniores mais altos da organização. 

Aqui é importante termos conosco o desejo de nos aprofundarmos em dados (de novo a importância da análise de dados) que mostrem de modo claro que falar sobre pessoas é falar sobre negócios, sobre obtermos melhores performances e maior retorno sobre investimentos. 

Saúde organizacional é lucrativa e sustentável. Exemplo disso? 

Um bom início é lembrarmos que desde 2020 a B3 firmou parceria com a GPTW aqui no Brasil, num movimento claro de dar visibilidade aos investidores sobre quais são as empresas que possuem melhores práticas de gestão de pessoas e de recursos. 

Novamente: falar de pessoas com executivos sêniores, é saber falar sobre negócios.

E para isso, é necessário que tenhamos como profissionais de Recursos Humanos, este desejo profundo de sermos o exemplo prático e visível do tudo aquilo que propomos cotidianamente aos nossos colegas e parceiros de trabalho. Caso contrário, somente estaremos aumentando os ruídos internos em nossas organizações.

Se iniciei o texto com a famosa frase de Gandhi, quando ele nos convida a sermos a mudança que queremos ver no mundo, termino com outra também dele: “a força vem de um desejo indomável”.

Bora com este desejo indomável em sermos bons exemplos daquilo que tanto pregamos!

 

 

MAuricio MUNHOZ

Mauricio Munhoz é sócio-proprietário da Human Connection Desenvolvimento Humano. Consultor Sênior com atuação em projetos e ações de Treinamento & Desenvolvimento, Transformação Cultural e Gestão de Mudanças Organizacionais. Se diz um curioso sobre coisas da vida. É adepto de uma vida simples, de viagens e de conhecimentos, sendo que como diz, seu maior patrimônio reside na sua relação com a sua esposa e a família. Tem como grande motivação deixar o mundo (pelo menos um pouquinho) melhor. É colunista EA Cultura: E o RH com isso?”

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