Como se tornar um líder situacional? | Tércio Vitor

 

Parafraseando Lee Iacocca, liderar resume-se em três palavras: pessoas, produtos e produtividade. As pessoas vêm em primeiro lugar. Tomando como verdadeira essa afirmação, temos aí os 3Ps do líder.

Já que as pessoas vêm em primeiro lugar, é mister ao líder saber lidar com pessoas. Produtos, processos, projetos, sistemas, e até lucros teoricamente é mais fácil lidar. O grande nó da questão e onde reside a dificuldade está em como liderar pessoas.

Segundo a teoria da Inteligência Multifocal, ou Psicologia Multifocal, nós enquanto seres humanos conseguimos liderar grandes corporações, máquinas, processos, comunidades, cidades, estados e nação. Todavia, temos dificuldade de liderar a nós mesmos.

Por quê? Porque não desenvolvemos essa competência, não aprendemos as técnicas e não recebemos as ferramentas necessárias.

O homem consegue resolver muitas situações exteriores, porém, não consegue gerenciar seus conflitos interiores, resgatar a liderança do “eu” consciente, ser protagonista no palco de sua mente, não ser vítimas de suas mazelas psíquicase administrar com serenidade e prudência a transformação da energia emocional.

As pessoas são à base de tudo, porque produtos, serviços, processos, sistemas e, consequentemente produtividade, passam necessariamente por pessoas e, sem elas, nada do que se fez, faria.

Um líder com esse olhar entende que todas as pessoas são grandes realizadoras em potencial. Algumas simplesmente precisam de um “empurrãozinho”, um estímulo. Ele tem a percepção de que para manter em alta a produtividade da equipe e entregar ao mercado alvo, produtos ou serviços de qualidade excelente, é necessário ser flexível – Um líder situacional – Que muda de estilo de acordo com a pessoa com quem trabalha e com a situação.

Esse processo é conhecido como liderança situacional, e ela não é aquilo que você faz às pessoas, mas aquilo que você faz com as pessoas.

Nas últimas décadas, generalizou-se em todo o mundo a aceitação da Liderança Situacional como um enfoque prático, de fácil compreensão e aplicação na gestão organizacional, utilizando-se plenamente o potencial humano.

Mas como se tornar um líder situacional?
Aprendendo a usar com flexibilidade uma grande variedade de estilos de liderança! Além disso, duas outras habilidades terão que ser desenvolvidas. O líder terá que aprender a diagnosticar as necessidades das pessoas a quem lidera. E acertar com elas o estilo de liderança que precisam receber. Por isso, as três habilidades são: flexibilidade, diagnóstico, acerto.

Por muito tempo, acreditou-se haver apenas dois estilos de liderança: o autocrático e o democrático. Os discursos e debates se davam nesses dois extremos, insistindo em que um estilo era melhor do que o outro. Acusava-se o líder democrático de indulgência e acomodações, enquanto os autocráticos eram tidos como excessivamente inflexíveis e dominadores.

Qualquer um dos dois extremos não faz do indivíduo um líder completo. Embora o conceito de liderança ideal seja relativo, abrangente e não se esgota, oque torna um líder completo e flexível é sua capacidade de usar quatro estilos de liderança.

Os quatro estilos básicos de liderança:

  1. Direção. O líder fornece instruções específicas e supervisiona rigorosamente o cumprimento de tarefas.
  2. Treinamento. O líder continua a dirigir e supervisiona atentamente a realização de tarefas, mas explica também decisões, solicita sugestões e incentiva o desenvolvimento.
  3. O líder facilita e apoia os esforços dos subordinados para cumprir tarefas e compartilha com eles a tomada de decisões.
  4. Delegação. O líder transfere a responsabilidade do processo decisório e da solução aos subordinados.

Esses quatros estilos consistem de diferentes combinações de dois comportamentos básicos de liderança que um líder pode adotar quando quer influenciar seus liderados: a Conduta Orientadora e a Conduta de Apoio.

A Conduta Orientadora é composta de:

  • ESTRUTURA
  • CONTROLE
  • SUPERVISÃO

A Conduta de Apoio é composta de:

  • ELOGIAR
  • OUVIR
  • FACILITAR

Na prática, a Conduta Orientadora funciona da seguinte maneira: o líder diz ao seu liderado o que, quando, onde e como fazer uma tarefa, e em seguida o supervisiona atentamente na realização. Neste caso ele emprega o estilo 1 de liderança, ou seja, direção.

Já a Conduta de Apoio, relaciona-se ao estilo 3 de liderança porque enfatiza a ajuda e minimiza a direção. Apoia-se os esforços de subordinados, ouvindo suas sugestões e facilitando sua interação com os demais membros da equipe. Para estimular-lhes a confiança e motivação, o líder usa o incentivo e o elogio. Esse estilo de liderança, o líder raramente fala sobre a solução do problema na realização da tarefa. Mas ajuda os subordinados a chegarem a soluções próprias fazendo-lhes perguntas que lhes ampliam o raciocínio e os encorajam a assumir riscos.

Na liderança situacional o mantra é: “Nada é tão desigual quanto tratamento igual a pessoas desiguais”.

Para o líder situacional a coerência não está em tratar todos da mesma maneira, mas em usar o mesmo estilo de liderança em situações semelhantes.

E o estilo 2?
O treinamento combina direção e apoio. Nesse estilo de liderança, usa-se a comunicação de mão dupla, pede-se sugestões aos subordinados e o líder toma a decisão final. Além disso, proporcionar-lhes apoio, porque algumas ideias que eles sugerem são boas e, os líderes devem sempre estimulá-los a iniciativa de arriscar. É aí que entra o saber ouvir e o encorajamento. O líder ensina seus subordinados a avaliarem seu próprio trabalho.

No estilo 4, o líder passa a responsabilidade pela tomada de decisões e a solução dos problemas rotineiros às pessoas encarregadas da tarefa.

Assim, de acordo com a liderança situacional, para o mesmo problema e a mesma tarefa, pode-se tomar providências usando os quatro estilos de liderança.

Entre os quatro estilos um pode ser melhor que o outro?

Embora muitas pessoas acreditem nisso, todavia, um estilo pode ser melhor em uma situação e não em outra. Daí o uso da palavra “situacional”. O uso dos estilos varia de acordo com a situação.

Lideranças adequadas a contextos

Para se usar os quatro estilos de liderança não basta ao líder ser apenas flexível, é importante que ele saiba também qual é o estilo adequado para cada pessoa, senão acabará criando problemas porque corre o risco de usar estilo errado com pessoas erradas no momento errado.

Para evitar isso, antes de usar um determinado estilo de liderança é necessário diagnosticar o desempenho passado da pessoa. E ao analisá-lo o líder precisa examinar dois elementos que determinam o desempenho e as realizações da pessoa: a competência e o comprometimento. Em todos os casos em que uma pessoa não funciona bem sem supervisão, em geral há problema de competência, ou de comprometimento, ou ambos.

Competência é em função de conhecimento e habilidades, que podem ser adquiridos por meio de educação, aperfeiçoamento ou experiência. Por isso, a competência pode ser desenvolvida com direção apropriada e ajuda. Não é algo inato, mas se aprende.

Em liderança situacional as competências são suportadas por três pilares, a saber: a) Competência Comportamental, está atreladas a atitudes e comportamentos. b) Competência Técnica, diz respeito às habilidades e, c) Competência Comunicacional, trata-se da maneira intrapessoal e interpessoal do líder se comunicar.

Comprometimento é a combinação de confiança e motivação. Confiança é a medida da segurança da pessoa em si mesma – a sensação de ser capaz de desempenhar bem o trabalho sem supervisão, ao passo que motivação é o interesse e o entusiasmo da pessoa em fazê-lo bem.

Assim como as competências, o comprometimento tem seus pilares de sustentação:

  1. a) Motivação b) Interesse e, c) Forças – Elas são compostas de responsabilidade e autoridade

Há casos em que o subordinado pode ter competência e confiança, mas não interesse. Às vezes, pessoas perdem a motivação quando percebem que a tarefa é mais difícil do que pensavam a princípio. Ou talvez achem que seus esforços não estão sendo reconhecidos.

Por fim, em liderança situacional as pessoas podem exibir combinações variadas de competência e comprometimento, a essas combinações, constituem-se em nível de desenvolvimento. E liderar é desenvolver pessoas.

Portanto, em liderança situacional o principal papel do líder é capacitar pessoas a alterar seus comportamentos em situações específicas para acomodar normas culturais distintas da organização.

BIBLIOGRAFIA:

Liderança e o Gerente Minuto – Ed. Record – autores Kenneth Blanchard, Patricia Zigarmi, Drea Zigarmi – 4ª edição – RJ – 1986Os
Princípios de Liderança de Jack Welch – Ed. Sextante – Jeffrey A. Krames – RJ – 2006
Aprendendo a Lidar com Pessoas Difíceis – Ed. Sextante – Dr. Rick Brinkman e Dr. Rick Kirschner – RJ – 2006
Seja Líder de Si Mesmo – Ed. Sextante – Augusto Cury – RJ. – 2004
O Manual do Novo Gerente – Ed. Sextante – Morey Stettner – RJ 2006
50 Lições para um Líder – Ed. Academia/Planeta – Verónica Corba – SP – 2009

 

 

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Tércio Vitor é Economista Comportamental. Especialista em Alta Performance e Gestão de Marketing. Professor. Palestrante. Escritor. Mentor e Coach. Há mais de três décadas estuda as disciplinas de Marketing e de Desenvolvimento Humano. Há vinte e um anos fundou e dirige a AA & T – Consultoria & Treinamentos. Durante essa jornada já impactou positivamente a vida de milhares de pessoas e centenas de organizações.

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