Por André Girotto

 

Planejar é uma atividade que nos oferece uma sensação de segurança, como se traçar uma rota detalhada – com prazos, valores, e metas claras – fosse uma garantia de sucesso. De fato, tendemos a acreditar que quanto mais tempo e esforço dedicamos ao planejamento, maiores são as chances de obtermos resultados positivos no curto e longo prazo.

Contudo, uma pesquisa abrangente com 2.496 empresas britânicas sugere que o impacto do planejamento na performance organizacional é, na verdade, mínimo, no mundo atual.

Isso nos leva a um ponto crucial: o mundo dos negócios é imprevisível, e mesmo os planos mais minuciosos podem rapidamente se tornar inadequados. Essa incerteza constante exige das empresas uma abordagem flexível e adaptável, conhecida como ambidestria organizacional – a capacidade de equilibrar a exploração de novas oportunidades e a otimização das operações existentes.

As organizações ambidestras mantêm-se abertas para ajustar o que está funcionando e modificar rapidamente o que não está evitando a armadilha de insistir em um plano obsoleto.

A pesquisa da Dra. Kathy Eisenhardt, professora na Universidade de Stanford, nos ajuda a entender melhor a importância dessa postura. Em seu estudo com executivos de empresas de software, ela descobriu que aqueles que tomavam decisões rapidamente – utilizando dados em tempo real e mantendo-se flexíveis – apresentavam os melhores resultados. Ao contrário dos executivos que gastavam grande parte do tempo construindo cenários futuros detalhados, aqueles que focavam nas informações imediatas e estavam dispostos a se adaptar conseguiam resultados mais expressivos e consistentes, tanto em vendas quanto em custos operacionais.

Esse comportamento reforça a ideia de que, em tempos de constante mudança, a velocidade e a flexibilidade superam a precisão excessiva.

Mudança de mentalidade

A ambidestria organizacional torna-se essencial, pois permite que uma empresa não apenas sobreviva, mas prospere em ambientes incertos e dinâmicos. Esse conceito vai ao encontro de uma mudança de mentalidade: em vez de ver a precisão e a velocidade como escolhas mutuamente exclusivas, as empresas ambidestras conseguem integrar ambas as qualidades, gerenciando-as de acordo com a situação.

Imagine que, ao criar um plano, focamos não em prever cada detalhe, mas em desenvolver a capacidade de resposta e adaptação da organização. Isso envolve aceitar a imperfeição e a incerteza como parte integrante do processo, e valorizar mais a rapidez com que as decisões podem ser ajustadas do que a rigidez de um plano inflexível. Esse é um dos principais desafios de CEOs e líderes empresariais: em vez de tentar controlar o futuro, é mais eficaz focar em criar uma estrutura que permita à equipe reagir rapidamente e se reinventar, o que é um dos princípios fundamentais da ambidestria organizacional.

Para os profissionais, a aplicação da ambidestria significa cultivar uma mentalidade de aprendizado contínuo e adaptação rápida.

Líderes eficazes constroem equipes ágeis, capazes de avaliar e reagir com base em feedbacks imediatos do mercado. Eles incentivam um ambiente onde as mudanças são bem-vindas e onde cada decisão é tratada como uma oportunidade de aprendizado. Esse tipo de liderança ágil não só responde às mudanças, mas as antecipa e utiliza as novas demandas como uma vantagem competitiva.

Portanto, em um cenário de negócios onde a única constante é a mudança, a capacidade de ser ambidestro – de explorar inovações ao mesmo tempo que se otimiza o que já funciona – pode ser a diferença entre uma empresa que sobrevive e uma que prospera.

Aqui estão três dicas fundamentais para um ambiente de negócios dinâmico:

  1. Desenvolva uma cultura de flexibilidade e inovação
    Incentive uma cultura onde a experimentação e o aprendizado contínuo são parte da rotina. Encoraje a equipe a explorar novas ideias, testar estratégias e aprender rapidamente com os erros. Essa abertura para a inovação ajuda a criar uma organização mais adaptável e capaz de responder a mudanças.
  2. Equilibre processos estáveis com agilidade na tomada de decisão
    Mantenha processos estruturados para as operações essenciais, mas evite que essas rotinas impeçam respostas rápidas. Para situações inesperadas, tenha um sistema de tomada de decisão ágil e baseado em dados. Estruturas híbridas permitem que a empresa otimize o que já está funcionando e, ao mesmo tempo, se adapte rapidamente.
  3. Aprimore a comunicação interna
    A comunicação é chave para que todos estejam alinhados e possam reagir prontamente a mudanças. Equipes com boa comunicação interna compartilham informações em tempo real e colaboram em decisões, facilitando a adaptação e a inovação simultaneamente.

Em um mundo onde as mudanças são a única constante, desenvolver uma empresa ambidestra é não apenas possível, mas essencial. Ao adotar uma abordagem de flexibilidade, inovação e adaptação, você estará preparando sua organização para prosperar em qualquer cenário.

Seja ousado e confie no potencial de uma equipe alinhada e pronta para evoluir constantemente.

Cada passo em direção à ambidestria organizacional é um investimento no futuro da sua empresa e na sua capacidade de enfrentar os desafios com confiança e resiliência.

 

Andre Girotto - Quer falhar? Planeje cada detalhe!

André Girotto é empreendedor, palestrante e especialista em Alta Performance, Criatividade Empírica, Produtividade Máxima e Liderança disruptiva. Muito jovem, aos 27 anos, fundou a Netprofit, e como CEO do grupo, há 17 anos, já atendeu a mais de 1.200 empresas e 50.000 líderes treinados. É autor de cinco títulos, “High Performance”, “Menos Rambo, Mais Sniper” e a “A Arte de Ser Efetivo”, sendo o mais recente, o “Framework da Liderança 10X – A nova era da Liderança” (2024). Colunista EA “Liderança Disruptiva”.

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