Por Simara Alves
Ao escrever o artigo de estreia da coluna na EA Magazine, me debrucei sobre muitos aspectos da liderança, e já de pronto aviso que teremos boas conversas por aqui, espero que sejam tão agradáveis que você deseje retornar para acompanhar meus artigos.
Começo dizendo que liderar não é um cargo e sim uma ESCOLHA!
E falar de um tema, de um contexto tão poderoso quanto esse, preciso me render a um termo muito conhecido em teatro, onde todos os talentos desejam uns outros antes de entrarem em cena, que o espetáculo seja uma ‘merda‘, essa é uma expressão que visa atrair sorte, uma referência ao sucesso.
E relembro aqui, tempos remotos, para se chegar as grandes festas que ocorriam nas cidades, geralmente as pessoas iam a cavalo.
Mas como descobrir se essas festas de fato eram muito boas?
Simples, a porta do anfitrião amanhecia cheia de merda, a dos cavalos, que descansavam na entrada, esse era um sinal clássico que a festa foi um SUCESSO!
Se levarmos essa visão para o mundo corporativo, SUCESSO é uma palavra tão desejada quando se fala em evolução de carreira, não é mesmo? Mas sabemos que para que um time seja mesmo feliz com seus resultados, focado nos objetivos, para que uma organização tenha uma cultura forte e bem-sucedida, o segredo está nas mãos de quem lidera!
O que de fato é liderança?
Bom, vamos começar pelo que não é, liderar não é apenas ser alguém que dita regras e espera que as pessoas se coloquem em posição de soldadinhos e siga, enquanto fica ao longe observando se os seus comandos foram bem executados.
Liderar em suma é a arte de conduzir pessoas.
Mas há um segredo muito forte emaranhado neste conduzir. Só é possível conduzir alguém quando quem detêm esse poder de direcionar tem a capacidade e ousadia de levar pessoas, seus times, a resultados que sozinhas elas não teriam condições em alcançar.
O líder não é quem diz vai e sim quem tem coragem de dizer vamos juntos!
Se liderança é a arte de conduzir pessoas, identificamos nesse contexto algumas características que são muito importantes na vida de quem escolhe liderar:
- Autopercepção. É a arte de refinar o nosso diálogo interno e assim, desenvolver a perspectiva sobre si mesmo. É a capacidade de olhar para dentro, se revirar do avesso e, com isso, entender que não há um super poder que faz um líder pior ou melhor, mas que somos únicos com todas as nossas particularidades e isso é o que traz beleza vida humana.
- Vulnerabilidade. É a capacidade de demonstrar que quem lidera também erra, tem medos e anseios como qualquer outra pessoa. E isso precisa ser demonstrado, não como forma de insegurança ou incapacidade para assumir tal posição, mas como uma forma singela de entender que ser vulnerável gera confiança, demonstra que estar à frente daquele grupo de pessoas liderando, é verdadeiro, e isso gera uma forte conexão.
- Gostar de pessoas. É um ponto crucial, afinal liderar é sobre Pessoas e não de forma subjetiva, mas em sua totalidade, atuando com empatia e tomada de decisões claras, o que significa dizer que não é só ouvir o que elas têm a dizer, mas agir em prol delas, quando necessário.
- Sentimento de confiança. É o fator essencial, pois sem confiança e sem direcionamento ninguém quer seguir alguém que não traga autoridade no que diz, que demonstra não ser confiável e ainda possa desencorajar o time que deseja pertencer a um coletivo de fato. Senso de pertencimento é uma necessidade do ser humano, quem se sente parte atua com mais felicidade. Como fazer parte de algo que não me gera confiança?
- Autoconhecimento. Skill de ouro, quem se conhece consegue atuar de forma estratégica a potencializar os seus próprios resultados e mitigar os seus fantasmas, abre precedente para a cocriação que é uma mola propulsora para inovação. Cresce tanto no pessoal quanto no coletivo. É o segredo para a ação de evolução e autodesenvolvimento porque, pense, só conseguimos mudar naquilo que reconhecemos, se não me conheço não consigo evoluir, em nenhum aspecto.
Quanta responsabilidade se faz presente na vida de quem escolhe liderar.
Mas a vida é assim, um eterno afrouxa e aperta, precisamos aprender a ser íntegros nesses desafios, são eles que nos impactam a crescer. É um chamado que se bem realizado gera senso de pertencimento e crenças compartilhadas de forma saudável. Promove em contrapartida, um ambiente seguro psicologicamente para as pessoas serem únicas, condição essa que constrói uma cultura forte, com talentos que se desenvolvem plenamente, pessoas mais felizes e produtivos.
É como se abríssemos uma maleta com várias ferramentas essenciais para a realização de algo formidável e cada tem a sua função de eficiência. Condição que torna um time diverso, um perfil essencial para o ganho coletivo onde as pessoas se sentem valorizadas e transformam empresas em potentes fábricas de bons resultados. E carreiras também não menos potentes.
Bom, quando o oposto disso ocorre há uma grande chance de visualizarmos traços de uma liderança tóxica. E como explicar tal fenômeno?
Liderança tóxica é conduzir pessoas de forma a causar nelas um excesso de toxina.
E o que seria essa toxina? Cortisol (hormônio do estresse) em excesso.
Em resumo, estamos falando de profissionais que atuam 100% do tempo sob pressão psicológica, expostos a níveis de estresse altíssimo dentro das organizações, condições provocadas em sua maioria de critério por má gestão.
O cortisol é um hormônio muito importante para o ser humano é um dos elementos responsáveis pela nossa adaptação aos estímulos do meio externo.
Quando esse meio externo gera um excesso, o ganho percebido é adoecimento organizacional.
Se trouxermos dados, o Brasil, a consultoria global The Happiness Index, aponta em sua pesquisa mais recente, que nosso país está 9% mais infeliz no seu dia a dia de trabalho que a média global. Um dos fatores críticos é a presença de lideranças tóxicas nas empresas. Veja só, o nosso país é conhecido pela sua alegria!
Aqui na coluna, vamos trazer, contextualizar essas sérias questões de lideranças tóxicas. Vamos exercitar juntos, e em especial, com você que é líder, nossa autopercepção. Vamos aprender a identificar se há traços desse perfil danoso de liderança em nossa condução diária.
Te convido a vir comigo, estar refletindo nos próximos artigos sobre como melhorar o papel, o jeito de ser das lideranças. Será incrível ter você, leitor, comigo nessa jornada!
Simara Alves é psicanalista, especialista em Gestão de Pessoas e Comportamento Humano e mãe da Suzana. Apaixonada por lidar com gente é CEO da RHTech Consultoria Treinamento e Palestras. Pós-graduada em Psicologia Positiva e Neuro Psicanálise. Atua como Tech Recruiter no Grupo Boticário. É palestrante e autora dos livros: “Código DISC”, “Maior Programa de Empregos” e “Mulheres Incríveis”. Colunista EA “Lideranças tóxicas”
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