Por Fábio Oliveira

 

Tecnologia redefine competências nas empresas e transforma as relações entre marcas e consumidores

Era uma vez, em um reino não tão distante, uma pequena empresa que desejava crescer e conquistar mais clientes. O rei, preocupado, chamou seu sábio conselheiro e perguntou: “Como podemos fazer com que todos saibam sobre nossos incríveis produtos?” O conselheiro, com um sorriso misterioso, respondeu: “Majestade, no mundo de hoje, cada interação, cada detalhe, é uma oportunidade de comunicação. Precisamos nos tornar mestres na arte de contar histórias.”

Relacionar-se com pessoas de diversos setores me permite identificar tendências que transformam a cultura, decisões de negócios e relações com clientes.

Uma dessas tendências é a diluição das fronteiras entre comunicação e produto. Hoje, tudo comunica com o cliente: logotipo, fachada da loja, site, redes sociais, conteúdo midiático, abordagem do vendedor, embalagem e ambientação do ponto de venda.

Tudo é conteúdo e carrega informações que geram oportunidades de interação.

Essa complexidade crescente na comunicação com os consumidores muitas vezes tira o protagonismo das marcas, que passam a falar por meio de influenciadores e clientes. Nas redes sociais, essa prática é comum, assim como os reviews nos e-commerces.

Para mim, que sou inquieto em testar novas formas de comunicação, isso significa um novo ambiente. Agências de comunicação digitais não podem mais se limitar a conectar empresas com o mercado. Precisam analisar quais stakeholders abordar em cada estratégia e ser intencional. Tornar os C-Levels, os colaboradores e os clientes das empresas, influenciadores da marca, também pode gerar mais resultados. Nesses casos, a marca assume um papel coadjuvante, com o influenciador no protagonismo.

Essa transformação exige mudanças no papel dos líderes, que devem ser guardiões da cultura, permitindo que cada colaborador a traduza em suas próprias palavras e ações, muitas vezes transformadas em stories e reels nas mídias sociais. Com a digitalização das comunicações, é fundamental entender e usar as novas regras da comunicação a seu favor.

O maior desafio da comunicação sempre foi desenvolver relacionamentos individuais com os clientes.

A coleta de dados nas mídias sociais e e-commerces cria uma base rica de informações, abrindo novas oportunidades. Um exemplo é a retail media, a publicidade nas propriedades das marcas de varejo, como telas nas lojas e banners nos e-commerces. A edição 2024 da NRF Big Show destacou a retail media como uma tendência que deve crescer de US$ 36 bilhões para US$ 100 bilhões até 2025 nos EUA.

Do ponto de vista da comunicação, isso pode impulsionar o contato das marcas com os clientes, não só para vender, mas também para trabalhar a reputação, relacionamento e retenção de clientes.

A separação tradicional entre conteúdo institucional e de marketing perde a razão de ser.

Outro ponto importante são as lives de vendas, ou live shopping, que combinam entretenimento, conteúdo e consumo para criar experiências engajantes.

Esse modelo é visto por 50% dos consumidores online chineses diariamente e está crescendo no Brasil e América Latina.

A publicidade, antes um intervalo, hoje é o próprio programa, trazendo conteúdo relevante.

A Inteligência Artificial, especialmente a IA Generativa, tem potencial de acelerar o uso de novos canais. Capaz de entender linguagem natural e desenvolver diálogos com os clientes, a IA Generativa se torna um “copiloto” da comunicação, acelerando a tomada de decisões. Ela pode criar a primeira versão de um roteiro ou publicidade, mas a decisão final cabe ao ser humano.

Revolução tech e o futuro do trabalho

Os podcasts também se destacam como uma ferramenta poderosa para o relacionamento interno e externo das empresas. Internamente, eles podem ser usados para comunicar a cultura da empresa, compartilhar novidades e fortalecer o engajamento dos colaboradores. Externamente, os podcasts servem como uma plataforma para compartilhar conhecimento, estabelecer autoridade no mercado e construir relações mais próximas com clientes e parceiros.

Essa revolução tecnológica não está apenas transformando a comunicação, mas também o futuro do trabalho.

A capacidade de se comunicar eficazmente será uma competência essencial para todos os profissionais. A IA irá automatizar muitas tarefas, mas a interpretação, adaptação e inovação na comunicação permanecerão como habilidades humanas fundamentais. Profissionais que dominam a comunicação e utilizam a IA de maneira estratégica estarão melhor posicionados para liderar e inovar no mercado.

Todos nós precisaremos nos tornar especialistas em comunicação, pois alimentaremos a IA que sugerirá novas campanhas e conteúdos.

A tecnologia não substituirá o trabalho intelectual, mas dará mais poder e autonomia para que os profissionais testem ideias em busca das mais impactantes. Se todos na empresa serão comunicadores, é hora de desenvolver novas habilidades para utilizar melhor as ferramentas de IA. Afinal, a IA Generativa está rapidamente ocupando espaços e desafiando conceitos com o uso de dados.

Você está preparado para lidar com tudo isso?

 

Captura de Tela 2024 04 25 as 10.13.40 - Era uma vez na era da IA: todos seremos comunicadores

Fábio Oliveira é jornalista com MBA em Investimentos (IBMEC). Possui experiência internacional, tendo trabalhado por uma década na Allianz, em Munique, na Alemanha e realizado intercâmbio em Bristol, na Inglaterra. No Brasil, atuou em veículos de destaque como o extinto jornal Gazeta Mercantil e a RedeTV! Colaborou com grandes agências de comunicação. É co-fundador da InsiderCast, que ajuda empresas a se comunicarem melhor com estratégias de relacionamento e de vendas. Colunista EA “Comunicação LTDA”.

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