Por Priscilla Couto
Ela é sutil, sorrateira e veste muitas fantasias: perfeccionismo, procrastinação, necessidade de agradar, medo de errar. A autossabotagem é um dos maiores bloqueios no desenvolvimento profissional feminino. E o mais perigoso, porque ela vem disfarçada de bom senso, humildade ou senso de responsabilidade.
Segundo pesquisa da Kaspersky (2021), 75% das mulheres em cargos de liderança relatam dúvidas sobre sua competência, mesmo com histórico de bons resultados. Isso está diretamente ligado ao chamado “A síndrome da impostora” e a forma de como mulheres foram condicionadas a duvidar de si mesmas ao longo da vida.
Neste artigo, você vai entender como a autossabotagem se manifesta, quais os impactos na sua carreira e, principalmente, como parar de atrapalhar o seu próprio crescimento.
Como identificar comportamentos autossabotadores?
A autossabotagem é um mecanismo inconsciente que impede a pessoa de se expor ao risco, mesmo que esse risco seja positivo. Nas mulheres, ela costuma surgir em momentos-chave da vida profissional: uma promoção, uma oportunidade de liderar, uma vaga em outro país, um convite para palestrar.
Sinais comuns:
- Dificuldade em reconhecer suas conquistas: você atinge um resultado e pensa: “Foi sorte” ou “qualquer um conseguiria”.
- Medo constante de não estar à altura: você estuda, se prepara, mas sempre sente que falta alguma coisa.
- Procrastinação com tarefas importantes: não é preguiça, é medo do resultado.
- Perfeccionismo paralisante: só entrega quando está 100% impecável (e esse 100% nunca chega).
- A necessidade de agradar: aceita tudo para ser querida, mesmo que isso sobrecarregue.
Esse comportamento tira a mulher da posição de protagonista e a coloca no papel de coadjuvante da própria história.
Os impactos da autossabotagem no crescimento profissional
Uma pesquisa da Catalyst (2022) mostrou que mulheres têm 30% menos chances de serem promovidas do que homens, mesmo entregando desempenho igual ou superior. Parte disso se deve à falta de visibilidade: mulheres evitam se expor, pedir promoção ou apresentar suas conquistas.
A autossabotagem também contribui para:
- Burnout emocional: por acumular tarefas e responsabilidades desnecessárias.
- Falta de reconhecimento: por não se posicionar ou vender seu trabalho.
- Estagnação na carreira: por medo de assumir desafios e se arriscar.
O mercado não promove quem é invisível. E muitas vezes a mulher se esconde por conta própria.
Estratégias práticas para vencer a autossabotagem
- Desconstrua crenças limitantes: frases como “não sou boa o suficiente” devem ser substituídas por “estou em processo de evoluir”. Mude o discurso interno.
- Mantenha um “diário de conquistas”: anote tudo que você realiza. Isso ajuda a combater a síndrome da impostora com fatos.
- Peça feedbacks estruturados: ouvir outras perspectivas pode te mostrar competências que você ignora.
- Aceite que errar faz parte do crescimento: você não precisa ser perfeita para ser incrível.
- Tenha uma rede de apoio: mulheres que te puxam para cima e te lembram do seu valor.
Conclusão: você não veio até aqui para se sabotar
A autossabotagem é silenciosa, mas não precisa ser permanente. Com autoconhecimento, coragem e estratégia, é possível virar o jogo. Lembre-se: você é sua maior aliada ou sua maior inimiga. E a carreira que você quer depende de qual dessas vozes você vai escutar.
Como disse Michelle Obama:
“A sua história é o que você tem, o que você sempre terá. É algo para possuir.”
Então, pare de se esconder! A carreira que você merece está te esperando do outro lado do medo.
Bora?
Priscilla Couto é mãe de duas filhas e avó, e transformou sua carreira ao empreender os 40 anos, depois de longa jornada profissional no mercado e após um desligamento corporativo. Atua em consultoria de RH, é palestrante, professora e mentora de Liderança e Carreira. Foi eleita entre as 10 maiores autoridades em Carreira no Brasil pelo LinkedIn, conquistando o título de Top Voice. É TOP30 Influenciadora de RH no Brasil pelo Prêmio Ibest e Influencer de grandes marcas. Colunista EA “Liderança Feminina”.
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