Marketing do bem-estar: estratégias para obter conexões saudáveis | Tércio Vitor

 

O mundo é volátil, incerto, complexo, ambíguo, frágil, ansioso, não-linear, incompreensível.

Todo esse composto tem gerado um tremendo mal-estar na humanidade, a sociedade clama, há um grito latente pelo bem-estar. E é claro que isso tem reflexos na economia, nos mercados e na carreira. É nesse contexto e cenário que surge o marketing do bem-estar (como tendência).

Mas, afinal, o que é Marketing do Bem-estar?
É uma dimensão do Marketing com foco no bem-estar. Trata-se de técnicas e ferramentas do Marketing que colocam a qualidade de vida na pauta organizacional.

Pode-se dizer que é um conjunto de estratégias adotadas pelas empresas, que utilizam as tendências de saúde mental, práticas sustentáveis, prática de esportes e vida saudável para obter maior conexão com seus consumidores e stakeholders.

Segundo dados de pesquisa da McKinsey & Company, realizada em 2020, 79% dos consumidores entrevistados consideraram o bem-estar importante, e 42% colocaram o assunto como uma das prioridades na hora de escolher produtos, serviços e empresas.

Como as empresas estão praticando o Marketing do Bem-estar?
Alguns gestores e líderes organizacionais atribuem apenas a saúde física e mental, ao conceito de bem-estar. Embora essas duas vertentes sejam de extrema importância, todavia, não é suficiente – ainda existe um “gap” no processo. Para explicar essa lacuna, faço-me valer da sabedoria grega: de acordo com os gregos, nossa vida é composta de três macro áreas, a saber: espiritual, mental e física. Então, aqui entra um incremento espiritual que completa o composto do bem-estar e amplia o conceito.

Mix da espiritualidade corporativa
A falta de exercício espiritual coloca em risco e compromete a estrutura da saúde mental e física dos colaboradores. Metaforicamente, é como se houvesse uma falha na engrenagem humana que nos impede de funcionar plenamente. O sistema orgânico fica em disfunção. Assim, como exercitamos nossa vida psicológica e física, de igual modo, precisamos exercitar também a vida espiritual – isso perpassa e transcende qualquer conotação religiosa.

Histórica e culturalmente a sociedade em geral, associa a espiritualidade a um sistema religioso – dado a multiplicidade de sistemas, o que torna o assunto polêmico, complexo e sua prática, desafiadora.

Para desmistificar esse assunto, é necessário desvincular totalmente o exercício da espiritualidade, da religião. Espiritualidade e religião são duas situações distintas.

Por exemplo, é muito comum nos discursos que permeiam os ambientes corporativos, falar em: gratidão, empatia, perdão, respeito, generosidade, bondade, inclusão e diversidade. Todos esses atributos compõem o “mix” da espiritualidade, ou seja, só podem serem praticados de maneira genuína se houver um exercício espiritual.

Autenticidade, sinergia e coerência nas empresas
A dinâmica do mercado tem valorizado cada vez mais a questão. Consumidores buscam por empresas e marcas que têm preocupação com a qualidade de vida dentro e fora das suas sedes e, por isso, é importante e estratégico se criar a imagem de empresa responsável e que aplica a cultura do bem-estar em suas ações – isso é autenticidade, sinergia e coerência entre aquilo que a empresa acredita, aquilo que ela fala e aquilo que ela faz.

Consumidores têm muita facilidade para identificar essa realidade da empresa. É importante ter cuidado com a imagem que se passa.

Ao investir no marketing do bem-estar, tem-se a chance de ações ecoarem positivamente nas mídias sociais, o que impulsiona os negócios e também permite a criação de laços de fidelidade entre a empresa e os seus clientes. E o inverso é verdadeiro, trabalhadores insatisfeitos, proporcionarão experiências ruins aos clientes, assim a imagem da empresa poderá ficar negativada na internet, o que se tornaria um marketing negativo e colocaria todas as ações a perder.

Por isso, é importante sobretudo, que líderes e gestores tenham em mente que o Marketing do Bem-estar envolve ações internas e externas, não adianta muito gastar uma fortuna com campanhas sobre qualidade de vida voltadas para a atração de consumidores e não investir no bem-estar dos funcionários. Parece óbvio, mas não é.

 

 

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Tércio Vitor é Economista Comportamental. Especialista em Alta Performance e Gestão de Marketing. Professor. Palestrante. Escritor. Mentor e Coach. Há mais de três décadas estuda as disciplinas de Marketing e de Desenvolvimento Humano. Há vinte e um anos fundou e dirige a AA & T – Consultoria & Treinamentos. Durante essa jornada já impactou positivamente a vida de milhares de pessoas e centenas de organizações.

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