Por Ítalo Lucena
Após utilizar alguns métodos para seguir com os processos de criação de um ambiente criativo, sendo alguns mais e outros menos eficientes, entendo que vale a pena falarmos sobre alguns destes métodos que percebi ter mais sucesso nesta jornada educativa.
Inicialmente mergulhei na temática abordada pelo Salim Ismail em seu livro Organizações Exponenciais (HSM Brasil 1° edição, 2015) e percebi que as observações trazidas no texto estavam alinhadas com a crença de que os recursos são finitos, porém podem passar a ser abundantes caso os envolvidos consigam organizá-los de maneira criativa. Obviamente, tudo me parece ser muito mais relacionado a como encaixamos as peças do que as peças em si.
Olhando para o ponto de vista destacado por Ismail (2015 p55) nota-se a evolução da qualidade empregada ao trabalho pelos indivíduos da seguinte maneira:
Inicialmente a teoria do emprego no século 20 se baseia em que “a melhor maneira de aproveitar o talento humano é por meio de relações de emprego exclusivo e de tempo integral, em que as pessoas são pagas pela quantidade de tempo que passam em um local comum. Elas devem ser organizadas em hierarquias estáveis, onde serão avaliadas principalmente pelos seus superiores, e pelo modo como eles fazem seu trabalho”.
Posteriormente é abordada por Michael Chui, sócio da McKinsey Global Institute, como sendo um novo realinhamento de visões baseada em Velocidade, Funcionalidade e Flexibilidade.
Esta visão do Chui (Salim 2015) é atestada por John Seely Brown, quando ele apresenta o fato de que uma habilidade aprendida por pessoas no século passado poderia ter até 30 anos de aplicabilidade no mercado, e que atualmente diminuiu para cerca de 5 anos de utilidade.
Então chegamos aqui à conclusão que hoje a nossa atualização de conhecimentos deve ser constante e progressiva em direção aos novos conceitos, tecnologias e dinâmicas de mercado de uma forma em geral.
Habilidade para resolução de problemas
Depois de refletir sobre os pontos acima, sugiro pensarmos em criatividade muito mais como uma habilidade de atualização de conhecimentos, que pode nos guiar em direção ao fomento de uma habilidade interna nossa para resolução de problemas no dia a dia.
Colocando uma lupa mais próximas dos métodos conhecidos hoje em dia e que pode nos auxiliar na implantação de processos criativos dentro das organizações, e até mesmo em nossas vidas, sugiro olharmos para o método estruturado pelo Jake Knapp (2017) chamado de Design Sprint. A proposta metodológica apresentada por Knapp é publicizada como sendo o método Google para testar e aplicar novas ideias.
Dentro desta proposta, gostaria de destacar um dos seus passos que me parece ser a extração da criatividade humana em seu estada da arte, onde dentro da teoria é conhecido como a etapa “Crazy 8s”.
Esta etapa consiste em exercitar, de forma acelerada, até 8 (oito) possibilidades de, empiricamente, resolver uma problemática qualquer. O processo nos força a passar de nossas primeiras soluções razoáveis a versões melhores, ou ao menos a considerar alternativas. No decorrer da aplicação do método Design Sprint fica claro que a loucura de desenhar oito soluções para o mesmo problema, não é tão louco assim e, consequentemente, nos ajuda acelerar nosso cérebro a pensar estrategicamente em soluções dentro de um curto espaço de tempo.
O “Crazy 8s” é realizado utilizando uma folha de papel A4, preferencialmente, dobrando-a em oito partes iguais, onde é solicitado a cada praticante do método que desenhe uma solução em cada um dos oitos espaços predeterminado (Knapp 2017).
Fiz questão de abordar neste texto um pouco mais sobre conceitos, métodos e particularidades específicas das ferramentas para sugeri-los a pensar sobre o processo criativo como um movimento de construção, tal qual qualquer outra habilidade não nata, mas que pode ser desenvolvida ao longo do tempo através de caminhos definidos.
Não existe mágica para nos tornarmos pessoas mais criativas, o que existe de fato é entendimento sobre os conceitos e a aplicação correta das ferramentas e de maneira adequada.
Ítalo Lucena é HR Manager na MD2 Consultoria, Tech Recruitment Manager, DPO Membro ANPPD®. É mentor no programa ABStartup/Sebrae com foco em modelagem de negócio. Colunista EA “Jovens do Futuro”.
https://www.linkedin.com/in/italolucena/
Fale com o editor: