Por Celso Estrella 

Estreio a coluna “Qualidade Total” na EA Magazine, trazendo um conceito que exploro em ambiente empresarial consultivo. Há palavras que “pegam” e começam a ser utilizadas para as mais diversas finalidades, foi o que aconteceu com “Kaizen”.  

Você entra com essa palavra no buscador Google e encontra as mais diversas referências que nem sempre tem sentido com o seu significado. Minha intenção neste artigo de estreia é trazer o sentido com que o Kaizen foi apresentado ao mundo como prática de gerar pequenas ideias de melhorias que, acumuladas, podem resultar em ganhos significativos para qualquer processo, seja comercial ou de qualidade de vida. 

Para começar, gosto de definir o Kaizen como uma prática do dia a dia, porque é algo que a gente faz naturalmente, sem motivo especial. É como a respiração, você simplesmente respira, não fica programando “ah, agora vou respirar”, esse movimento corporal acontece naturalmente, como a água que corre num riacho, às vezes com vazão baixa, mas contínua. 

Mas a gente não nasce com o Kaizen, não é? 

Não, mas a gente nasce com um potencial de criatividade que logo na infância vai sendo reprimido, como: “Criança, não dá palpite, esta é uma conversa de adulto”; “Cresça e apareça”; ou “Menina metida, vai brincar com as bonecas”, e assim por diante. Mas não acaba aí, quando vai estagiar é como se ouvir: “Você chegou agora, não sabe nada, está aqui para aprender.” 

Na verdade, acredito que lá no fundo, adultos e chefes, têm medo de ouvir de outra pessoa, uma solução simples e eficaz que não lhes ocorreu. 

O segredo do Kaizen é observação e repertório, além de autoconfiança. 

Minha experiência com o Kaizen começou em 1990 quando Masaaki Imai esteve no Brasil para ministrar seu seminário. Ele nos ensinou que resultados são consequência de bons processos e da valorização da criatividade do ser humano.  

Agradeço à Firestone/ Bridgestone por ter me dado a oportunidade de conhecer e disseminar a prática do Kaizen na nossa fábrica de Santo André/SP, onde atingimos resultados excelentes. Após um curto período de incentivo à prática do Kaizen, obtivemos sucesso através de grupos de trabalho e da valorização e divulgação das ideias simples colocadas em prática utilizando mão de obra interna e materiais disponíveis.  

Era palpável o entusiasmo das pessoas com as pequenas mudanças que facilitavam o trabalho, exigindo menor esforço e reduzindo riscos de acidentes. Aquele seminário consolidou em mim a mudança para atuar nos contextos da Qualidade Total. 

Equipes como “máquinas de ideias inovadoras” 

Em nossas atividades, o melhor caminho para obter resultados das equipes que dirigimos é sem dúvida a liderança pelo exemplo. É removendo os resquícios do “Faça o que eu digo, não faça o que eu faço” e adotando uma postura de liderança assertiva que diz claramente o que é esperado da equipe e que participe efetivamente do processo de conquista dos resultados. 

Assim, o caminho para construir e manter uma equipe criativa e pródiga em novas ideias é ser um líder criativo e entusiasmado com os pequenos progressos conseguidos dia a dia.  

Qual a dificuldade para praticar essa liderança?  

De novo a autoconfiança. Acreditar em seu potencial, relacionar-se sem medo com a equipe. 

Para finalizar esta minha contextualização, quero lembrar que o Kaizen, pela sua natureza, é aplicável em qualquer atividade de produtividade humana; em todos os segmentos, indústria, comércio, educação, saúde, serviços, finanças, só para citar alguns. 

Esta prática não compete com a inovação radical e, sim, produz resultados ao seu lado.  

É hora de utilizarmos todas as ferramentas disponíveis para aumentar a competitividade e fazermos nossa parte na criação de um mundo melhor.  

Fico à disposição para trocar ideias sobre o Kaizen, compartilhar experiências e, aprendendo também com as pessoas, a ampliar nosso conhecimento e reforçar o benefício do “respirar” o Kaizen. 

Foto enviada para Stefarss - Kaizen: Inovação sem custo

Celso Estrella é diretor da Criacorp. Trabalha com desenvolvimento empresarial há mais de 20 anos. É especialista em Qualidade Total (Sebrae-SP, 12 anos). Em sua trajetória profissional atuou como executivo de empresas globais como a Armco, Bridgestone e Whirlpool. É professor na disciplina Organização Industrial (FATEC, 22 anos), consultor do Programa 10.000 Mulheres (FGV, 4 anos). Criou e implementou o ensino a distância na Brastemp/Consul (Whirlpool) alcançando 1.200 horas de treinamento aplicados. É colunista EA “Qualidade Total”.  

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