Por João Casarri
A UnB – Universidade de Brasília, através da sua Câmara de Direitos Humanos (CDH), aprovou em 2023 a Política do Envelhecer Saudável, Participativo e Cidadão. O propósito é “atender e adequar as necessidades de pessoas idosas na ótica dos direitos humanos, combater o etarismo, e, principalmente, preparar as gerações para o envelhecimento saudável, participativo, digno e cidadão.”
Segundo a professora Leides Moura, presidente da comissão de elaboração do documento: “Nós estamos falando do grupo que mais cresce na nossa população.”
Entre os objetivos desta Política*:
- “Cultivar uma cultura de respeito e inclusão de pessoas de todas as idades por intermédio de projetos para a valorização de idosos, de seu conhecimento, memória e de sua contribuição para a Universidade.”
- “Ampliar a participação de pessoas idosas como estudantes e como participantes de equipes de projetos de pesquisa e extensão.”
- “Fomentar linhas de pesquisas e estudos na temática do envelhecimento e fortalecer a temática nos cursos e na oferta de disciplinas de graduação e pós-graduação.”
Que ótimo que o assunto envelhecimento saudável e combate ao etarismo chegou às universidades. Acredito que temos aí o ponto de partida para começarmos a erradicar o etarismo praticado dentro das empresas. A partir do momento em que o tema passa a ser discutido dentro do mundo acadêmico, passa a fazer parte das grades curriculares, do dia a dia dos estudantes, que por sua vez, debatem os temas universitários entre seus grupos, suas comunidades, e que com certeza chegará até as empresas e seus líderes.
Já dissemos em artigos anteriores, não somente eu, mas outros colegas colunistas também, que dentro das empresas tem se falado muito sobre o assunto “etarismo”, mas na prática muito pouca coisa de concreto tem sido feita.
Quem sabe agora, o assunto sendo trazido para dentro das empresas pelos funcionários mais jovens através dos programas de estágio e trainee, o assunto ganhe destaque e chegue até as altas lideranças, e aí sim possa descer na escala hierárquica chegando aos RHs. E digo ainda mais, que ele chegue precisamente aos líderes operacionais, para de vez acabarem com as velhas desculpas de que os “prateados” não se alinham com as novas tecnologias e com o ritmo acelerado dos novos tempos.
O documento da UnB fala também em “ampliar a participação de pessoas idosas como estudantes e como participantes de equipes de projetos de pesquisa e extensão”, o que reforça outra fala comum entre as pessoas que combatem o etarismo que é o fato de que os “prateados” precisam de oportunidades sim, mas não podem em hipótese alguma negligenciarem o aprendizado contínuo, ou apenas para citar um jargão corporativo, o “lifelong learning”.
Vale também destacar que um estudo da pesquisadora da Universidade de Yale (EUA), doutora Becca Levy, Ph.D., que após mais de 30 anos de pesquisa, comprovou que “uma sociedade preconceituosa em relação à idade é capaz de impactar significativamente na expectativa de vida”. Este estudo ainda identificou que o aparecimento e a gravidade de várias doenças estão ligados à percepção depreciativa da velhice. Se somos seres inacabados e estamos sempre em evolução, como é possível que alguém em sã consciência insista em nos colocar “data de validade”. (Fonte: Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios – TJDFT).
Como diz quele antigo ditado popular que “a hora certa de consertar o telhado é quando o sol está brilhando”, também importante lembrar que a construção de um envelhecimento saudável deve começar quando ainda se é jovem.
Hábitos de vida saudável (alimentação, exercícios, bebidas, etc.), aprendizado constante, praticar a gratidão e o autoconhecimento, aprender a controlar as emoções através da inteligência emocional, saber que efetivamente só temos controle sobre nós mesmos e nossas ações, nunca sobre as ações dos outros, e principalmente entender que a vida é uma sucessão de ciclos, aonde vamos, as vezes acertar, as vezes errar, mas que devemos aprender sempre com cada situação que vivenciarmos.
Como um “prateado raiz” às vésperas de completar 70 anos, posso categoricamente afirmar que temos ainda muito a contribuir, com as empresas, a sociedade e o mundo.
*Fonte: UnBNotícias
João Casarri Neto é economista, consultor de RH/TI, analista comportamental DISC, coach, mentor, treinador de líderes, e Practitioner PNL. Autor do livro “Os 5 Princípios da Resiliência”, é também criador do programa “Sou Líder, e Agora?” para ajudar líderes em início de carreira. É Embaixador de Inovação e Tecnologia da Associação Brasileira dos Profissionais de RH (HUBRH+ABPRH). Colunista EA “Geração 50+”.
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