Por Aline Sousa
A ambição é frequentemente citada como uma força motriz para o sucesso profissional. No entanto, os limites entre a ambição saudável e o comportamento prejudicial têm sido objeto de debate e análise por pesquisadores e profissionais de diversas áreas.
Pesquisa conduzida pela Harvard Business Review revelou que uma quantidade moderada de ambição pode ser benéfica para impulsionar a motivação, a criatividade e o desempenho no trabalho. Porém, quando a ambição se torna excessiva e descontrolada, pode levar a comportamentos destrutivos, como competição desleal, sabotagem de colegas e até mesmo burnout.
Vamos imaginar uma fogueira.
Quando adequadamente controlada e direcionada, pode aquecer do frio, servir para preparar alimentos, ser a atração de um festejo cultural. Por outro lado, se o fogo não for controlado, pode se transformar em um incêndio descontrolado, destruindo tudo em seu caminho.
O mesmo acontece com os níveis de ambição.
Na sua forma saudável, a chama é cuidadosamente ajustada para fornecer a quantidade certa de calor, permitindo que nossos objetivos e aspirações sejam alcançados de maneira equilibrada e produtiva.
Enquanto na ambição destrutiva, a chama está fora de controle, consumindo tudo em sua volta. Nesse estado, ela se torna uma força avassaladora, levando à exaustão, estresse e danos emocionais.
Existe uma teoria motivacional, chamada de Teoria da Autodeterminação que é uma estrutura psicológica que explora as motivações intrínsecas e extrínsecas por trás do comportamento humano. Ela traz três necessidades psicológicas básicas que são:
- Necessidade de Autonomia: refere-se ao desejo intrínseco de ser o autor de nossas próprias ações e de ter o controle sobre nossas escolhas.
- Necessidade de Competência: envolve a busca por oportunidades para aprender, crescer e desenvolver habilidades.
- Necessidade de Relacionamento: a necessidade de relacionamento refere-se ao desejo de conectar-se com os outros e de sentir-se parte de uma comunidade ou grupo social.
Perceba que a ambição está presente nas três necessidades mencionadas.
Ao estabelecer metas que são autenticamente suas, você está exercendo controle sobre a sua vida e moldando seu futuro. É a ambição que te move a tomar decisões e direcionar seu próprio caminho.
O desejo de se tornar melhor em uma profissão, dominar uma habilidade ou atingir um determinado nível de sucesso está diretamente ligado à necessidade de competência. Ou seja, quanto mais competente me sinto, mais me sinto motivado e ambicioso em buscar a autorrealização.
Por fim, quando nossas necessidades de relacionamento são atendidas, experimentamos um senso de pertencimento, intimidade e conexão emocional com os outros.
Ambiciosamente ávidos por relações interessantes que promovam trocas substanciais.
O outro lado da moeda, é quando essas ambições interferem nestas esferas de modo doentio, levando o indivíduo a agir de maneira tóxica em relação a si e aos demais.
É crucial encontrar a medida certa ao lidar com nossa ambição.
Você conhece a história mitológica de Ícaro?
Na mitologia grega, Ícaro e seu pai, Dédalo, foram aprisionados em um labirinto pelo Rei Minos. Para escapar, Dédalo construiu asas feitas de penas e cera, alertando Ícaro para não voar muito perto do sol, pois o calor derreteria a cera e faria com que as asas se desintegrassem.
Ícaro, seduzido pela promessa de liberdade e do potencial ilimitado dos céus, ignorou o conselho sábio de seu pai e voou cada vez mais alto. Sua ambição descontrolada e excesso de confiança o levaram à sua própria ruína, quando o sol derreteu as asas de cera e ele caiu morto.
Na vida pessoal e profissional, é necessário entender o quão alto se deve voar para manter a sua integridade. Tendo como premissa a história de Ícaro, descobrir o ponto ideal de ambição – nem excessivamente alto, nem excessivamente baixo, é essencial para alcançar a estabilidade e o êxito.
Aline Sousa é mãe e mulher que acredita no poder do propósito e colaboração. Formada em Administração, MBA em Gestão de Pessoas, mais de oito anos de experiência em Gente & Gestão. Headhunter, consultora de RH, mentora de carreira, professora, palestrante. Eleita Linkedin Top Voices (com mais de 560 mil seguidores), Top 20 Ibest e business influencer de grandes marcas. Colunista EA “Pessoas no centro”.
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