Por Ricardo Botega
Vivemos em uma era inundada por dispositivos tecnológicos: televisores, automóveis, micro-ondas, celulares. Essas tecnologias se tornaram onipresentes, mas como exatamente elas estão nos afetando? Qual é o papel delas em nossas vidas? Para responder a essas perguntas, precisamos nos concentrar em como as tecnologias mediam nossas ações e percepções do mundo.
Historicamente, alguns filósofos acreditavam que a tecnologia poderia nos alienar de nós mesmos e do mundo ao nosso redor. Essa visão, embora válida em certos aspectos, é excessivamente pessimista e abstrata. Em vez disso, devemos considerar como os artefatos tecnológicos realmente moldam nossa existência e experiências de maneira mais rica e nuançada.
A Abordagem Pós-Fenomenológica
Devemos adotar uma abordagem prática e empírica ao examinar a tecnologia. Em vez de ver a tecnologia como algo que nos distancia da experiência humana autêntica, é fundamental entender como os objetos tecnológicos interagem com nossas vidas cotidianas e influenciam nossas ações e percepções. As tecnologias não são meras ferramentas passivas; elas têm uma agência própria que molda a maneira como vemos e interagimos com o mundo.
Essa compreensão pode ser aplicada na prática tecnológica dos designers industriais. Ao entender como os objetos tecnológicos afetam a experiência humana, os designers podem criar produtos que não apenas facilitem nossas tarefas diárias, mas que também enriqueçam nossas vidas, promovendo um bem-estar mais holístico.
Reflexões Pessoais
A tecnologia desempenha um papel central na construção de nossas experiências diárias. No entanto, é crucial que mantenhamos uma postura crítica e consciente sobre como essas tecnologias moldam nossas ações e percepções. Não podemos ser meros usuários passivos das tecnologias que nos cercam; precisamos compreender e moldar essas interações para garantir que elas sirvam a propósitos positivos.
Essa perspectiva nos leva a reconsiderar a integração da filosofia na educação tecnológica. A inclusão da filosofia na formação dos tecnólogos pode enriquecer sua compreensão sobre o impacto das tecnologias, promovendo um diálogo mais profundo e produtivo entre tecnólogos e filósofos. A filosofia é essencial para repensar a realidade concreta da educação, especialmente frente às mudanças no status quo que impedem uma educação técnica holística e emancipadora.
A Tecnologia como Mediação
A tecnologia não é apenas um conjunto de ferramentas, mas sim mediadores ativos de nossas experiências. As tecnologias moldam a maneira como percebemos o mundo, influenciam nossas ações e até mesmo nossas interações sociais. Ao reconhecer isso, podemos começar a projetar e utilizar tecnologias de maneira que promovam uma maior conexão humana e um entendimento mais profundo da nossa realidade.
Devemos adotar uma visão crítica e reflexiva sobre a interseção entre tecnologia e filosofia. Isso nos desafia a olhar além das funções superficiais das tecnologias e a entender seu papel mais profundo em nossas vidas. Para aqueles de nós que vivem em um mundo saturado de dispositivos tecnológicos, esta é uma chamada para uma maior consciência e uma interação mais deliberada com as tecnologias que moldam nosso cotidiano.
Ao adotar uma visão mais crítica e reflexiva sobre a tecnologia, podemos não apenas melhorar nossa relação com esses dispositivos, mas também promover um desenvolvimento tecnológico que verdadeiramente enriqueça a experiência humana.
Ricardo Botega é empreendedor serial. CEO do Grupo Finger, entusiasta da interseção entre filosofia e tecnologia, dedicado a explorar as profundezas conceituais da era digital. Expertise em mapeamento da jornada do cliente adquirida em Boston em 2019, especialista em métricas de e-commerce e aquisição de clientes, com sólida formação obtida em Nova York, anos 2015 e 2017. Longa vivência em desenvolvimento de tecnologias. Colunista EA “Filosofia Tech”.
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